por Luciana Campos (*)
Você já parou para pensar quantas aulas um professor pode dar em uma semana? E quantos alunos esse professor precisa atingir? Será que todos os
alunos conseguem compreender o conteúdo e tirar suas dúvidas?
Se você já pisou em uma sala de aula, sabe que ¼ do tempo da aula é dedicado à burocracia, como diário de classe, agendas, informativos. O outro
¼ da aula é para acalmar a bagunça, colocar a sala em ordem e chamar a atenção dos alunos. Assim, resta apenas metade do tempo para que o
professor exponha os conteúdos didáticos. Mas quanto tempo é direcionado para a interação com os alunos? Parece não haver espaço para
compartilhar ideias, debater temas e tirar dúvidas.
Essa inquietação faz parte do dia a dia de muitos educadores. Por isso eu pergunto: será possível inverter o jeito de ensinar e aprender,
transformando a sala de aula em um espaço produtivo e significativo?
Os educadores norte-americanos Jonathan Bergmann e Aron Sams desenvolveram um conceito inovador, que tem sido considerado a solução para
alavancar o processo de ensino-aprendizagem: a sala de aula invertida.
Tudo começou quando os dois educadores resolveram gravar suas aulas para que os alunos faltantes pudessem acompanhar os conteúdos ministrados.
Foi então que a mágica aconteceu: com a parte expositiva fora da sala, o professor pôde ajudar os alunos, como um tutor durante as aulas,
estreitando os laços e dando-lhes mais liberdade para que participassem delas. Os professores perceberam, então, que o momento que o aluno mais
precisa de ajuda é o da realização das tarefas e não nos conteúdos expositivos.
Baseados nessa experiência, os dois educadores criaram o método "Flipped Classroom", conhecido no Brasil como "Sala de Aula Invertida". A ideia
central do método é permitir que o aluno tenha acesso aos conteúdos expositivos fora da escola, seja por videoaulas, filmes, games, aplicativos,
textos. Desta forma a sala de aula se transforma em um espaço mais amplo, produtivo e significativo, onde os alunos podem compartilhar o que
aprenderam, tirar suas dúvidas e expressar suas opiniões.
Pode parecer uma proposta ousada, mas não é tão complexa quanto parece e pode trazer uma série de benefícios para o processo de ensino e
aprendizagem, como:
• Mudança no papel do professor, que deixa de ter a função de apenas transmitir conhecimento para atuar como orientador dos alunos.
• Maiores condições para que o professor se aproxime da linguagem dos estudantes.
• Utilização de recursos tecnológicos pelos alunos durante a aprendizagem.
• Benefícios aos alunos que não podem estar sempre presentes nas aulas.
• Benefícios aos alunos com dificuldade de aprendizagem, pois eles podem pausar o vídeo, assistir novamente, ler e reler, o que na sala de
aula não é possível.
• Aumento da interação Aluno X Professor.
• Melhoria no gerenciamento da sala de aula, o que pode ajudar nos casos de indisciplina.
• Possibilidade de que os pais participem e aprendam junto com os seus filhos.
• Progressão dos alunos dentro de seu próprio ritmo.
É muito importante que, ao implantar esse modelo de sala de aula, todos os envolvidos (alunos, pais, gestores e educadores) tenham pleno
conhecimento da proposta. Se você, professor, quer experimentar a ‘Sala de Aula Invertida’ com a sua turma fique atento a algumas dicas:
• Esteja preparado para "inverter" a sua mente.
• Elabore as aulas invertidas com calma, crie seus próprios vídeos, busque conteúdos confiáveis que você possa compartilhar com os
alunos.
• Não tenha medo da tecnologia, se arrisque, busque aprimorar seus conhecimentos.
• Oriente seus alunos sobre como podem aprender com vídeos, games, filmes e textos.
• No momento da aula, busque atividades práticas, envolva os alunos e permita a interação entre eles.
• Utilize os recursos tecnológicos a seu favor, explore o que os alunos sabem.
•
Não existe um modelo único a ser seguido de se inverter o ensino. O importante é que a experiência seja enriquecedora tanto para alunos quanto
para professores. A Planneta oferece cursos de Formação de Educadores que orientam o desenvolvimento dessa proposta, inclusive com apresentação
de recursos digitais essenciais para integrar tecnologia e aprendizagem.
Fica aqui o meu convite para que se arrisquem, invertam suas mentes e suas aulas e desfrutem de um modelo de ensino mais produtivo e
significativo.
(*) Luciana Campos Souza é Orientadora Educacional da Planneta, empresa do grupo Vitae Brasil (
www.vitaebrasil.com.br); formada em Pedagogia pela Universidade Paulista - UNIP, com grande experiência em trabalhos
relacionados à Educação e Tecnologia.
Contato:
luciana.campos@vitaebrasil.com.br.