Conhecimento de educadores e funcionários das escolas, que convivem com crianças alérgicas, é o primeiro passo para a prevenção de casos graves e, muitas vezes, fatais
A anafilaxia é uma grave reação alérgica que pode levar o indivíduo a óbito, ocasionado em decorrência da ingestão de alimentos, picadas de insetos, materiais produzidos com látex ou medicamentos. A reação pode ocorrer dentro de um minuto ou horas após a exposição a um alérgeno, a partir do momento em que o organismo desenvolve a hipersensibilidade. Para Sylvio Renan de Barros, pediatra com mais de 30 anos de atuação em hospitais públicos, privados e em sua clínica, a MBA Pediatria, os quadros alérgicos vêm aumentando em todo o mundo e, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), 25% dos casos de mortalidade por reação anafilática ocorrem na escola.
“São muitos os fatores que podem provocar tanto alergia como anafilaxia. Além da atenção dos pais, educadores e funcionários das escolas também precisam saber identificar os sintomas, uma vez que é o local onde crianças e adolescentes passam a maior parte do dia”, diz o pediatra.
Os principais sintomas da anafilaxia são urticárias na pele, inchaço, coceira ou vermelhidão, rouquidão súbita, edemas labiais, problemas gastrointestinais, respiratórios ou cardiovasculares [queda de pressão]. A reação alérgica aguda é subestimada por não ter nenhuma notificação obrigatória, o que torna difícil a validação de sua prevalência. Contudo, alguns artigos científicos apontam, em torno, de 4 a 50 casos por 100 mil pessoas.
O diagnóstico da anafilaxia é clínico. Por isso, os pais, assim como profissionais da escola, professores, coordenação, diretores e responsáveis pelo transporte escolar devem ter o prévio conhecimento se a criança é alérgica, para contribuir com o rápido atendimento médico. “É importante que as escolas tenham nas fichas dos alunos os registros de antecedentes de alérgicos, com listagem dos alérgenos”, afirma Dr. Sylvio Renan. Vale lembrar que no ano passado a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou uma Resolução que obriga a informação na rotulagem em 17 principais grupos de alimentos e bebidas.
Casos de anafilaxia na escola
Se a reação alérgica acontecer no ambiente escolar, os responsáveis devem transferir o paciente com urgência para o posto de atendimento médico mais próximo, para garantir melhores possibilidades de sobrevivência. Habitualmente, são utilizados corticosteróides e derivados de adrenalina, mas tais medicamentos devem ser aplicados por via parenteral (injeção ou cateter nas veias periféricas) e na dosagem correta, que varia de acordo com o peso da criança e/ou do adolescente.
O medicamento não pode ser aplicado por qualquer pessoa, mas apenas por profissionais treinados. Caso a escola tenha uma equipe treinada para o atendimento emergencial e monitoração da situação até a chegada de socorro médico, essa então deverá prestar os primeiros socorros, de acordo com os protocolos.
“Ter conhecimento da reação alérgica dos alunos e equipe devidamente treinada para situações emergenciais dentro das escolas é de extrema importância para prevenir tragédias, que podem ocorrer mesmo sob muita vigilância”, destaca o pediatra Sylvio Renan.
Para prevenção de casos graves de anafilaxia, a SBP produziu um “Guia Prático” para escolas e pais, que pode ser conferido aqui .
Anafilaxia X Asma
Sendo um capítulo à parte, crianças asmáticas merecem atenção redobrada dos pais e profissionais da escola, pois nestes casos a reação pode ser ainda mais grave e fatal. Especialistas em Alergia e Imunologia Pediátrica da SBP entregaram no início deste ano um abaixo-assinado ao Ministério da Saúde solicitando a disponibilização imediata da adrenalina injetável para pacientes com predisposição à anafilaxia e/ou asmáticos, que correm riscos de crises fatais fora do ambiente hospitalar. Saiba mais sobre a solicitação da SBP ao Ministério da Saúde aqui .
Fonte: MBA Pediatria
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