Professor da Paraíba descreve como começou a construir jogos para estimular o aprendizado de crianças com deficiência
Por Eraldo Francisco da Silva Junior
Sou professor na turma de Atendimento Educacional Especializado, um serviço que atua dentro da perspectiva da educação inclusiva, em Barra de São Miguel, na Paraíba. Acompanho alunos com deficiência mental, motora, auditiva, déficit de aprendizagem e autismo.
Percebi que faltavam muitos materiais para auxiliar no aprendizado de crianças com deficiência. Partindo dessa necessidade, comecei a juntar recicláveis para confeccionar jogos matemáticos com tampinhas, caixas de papelão e garrafas PET.
Muito se fala que a criança aprende em contato direto com o meio que a cerca, e a manipulação de brinquedos possibilita estimular o desenvolvimento sensório e motor. Após identificar a necessidade dos alunos, passei a construir jogos matemáticos que têm como objetivo adaptar a criança com deficiência e ajudar ela a resolver determinadas atividades.
Os alunos sentem algumas dificuldades na sala de aula regular e eu tento trabalhar com eles de forma lúdica. No jogo operações matemáticas, por exemplo, utilizo tampinhas com símbolos das operações para que o aluno faça encaixes e encontre as respostas. Essa atividade possibilita que crianças com deficiência física desenvolvam sua coordenação motora e adquiram autonomia para realizarem tarefas.
Nos últimos anos a educação inclusiva vem sendo valorizada, contando com sala de recursos, atendimento diferenciado e metodologias que acrescentam ao desenvolvimento das crianças. Apenas na sala de aula regular o professor acaba não dando conta de trabalhar com as necessidades de cada aluno, além de não ter uma formação direcionada para prestar esse tipo de assistência.
O grande desafio é desenvolver jogos matemáticos centrado no aluno e que sejam capazes de propiciar o desenvolvimento de habilidades de acordo com a capacidade motora de cada criança. Diariamente faço relatos individuais e tenho observado que eles se desenvolveram muito e continuam me surpreendendo.
Na minha opinião, o mais gratificante nesse trabalho é o amor que eu tenho por eles. Se um aluno falta muitas vezes no atendimento, chego até a ir à casa deles. Quando eles me encontram na rua, saem correndo para me abraçar. Eu fico muito emocionado com isso.
Fonte: Porvir
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