Portal MyCsf reúne informações do programa e articula bolsistas que já retornaram ao Brasil
A vontade de estudar fora sempre acompanhou o mineiro Peirol Gomes, 25. Em junho de 2012, quando estava no quarto ano de engenharia de gestão na UFABC (Universidade Federal do ABC), embarcou para os Estados Unidos como bolsista do programa Ciência sem Fronteiras. Após 15 meses, retornou ao país com uma inquietação: retribuir ao país o investimento que recebeu. E foi dessa motivação que surgiu MyCsf, um portal que reúne informações sobre o programa e articula os bolsistas que já voltaram ao Brasil.
No tempo em que esteve nos Estados Unidos, Gomes teve contato com três instituições diferentes: Universidade do Colorado, Universidade do Alabama e Universidade de Stanford. Por lá, estudou inglês, engenharia da computação e empreendedorismo tecnológico. “Eu tentei fazer matérias que não eram disponíveis no meu curso aqui no Brasil,” explica.
A ideia de criar um portal que reúne informações sobre o Ciência sem Fronteiras surgiu enquanto o jovem participava de um curso de verão em Stanford, na Califórnia. Durante a disciplina de tecnologia da informação, pensou em desenvolver alguma ferramenta ligada ao programa, mas desistiu por achar que um mês não seria o suficiente. Quando chegou ao Brasil, voltou a trabalhar nesse projeto, no qual inicialmente lançou um guia com dicas para alunos que iriam fazer intercâmbio.
De acordo com Peirol, existe muita informação sobre o Ciência sem Fronteiras, porém, esse conteúdo está disperso. “O que eu tentei fazer foi reunir tudo em um lugar e dar a informação como um bolsista que já passou por essa experiência,” conta.
Além de reunir dicas e informações relevantes para estudantes que irão fazer intercâmbio, o MyCsf reúne depoimentos de ex-bolsistas e agrupa as melhores práticas educacionais no exterior. A ideia é compartilhar experiências de universidades de fora, sugerindo como as instituições brasileiras podem se inspirar nesses modelos. “Sabemos que não existe um modelo educacional perfeito, mas existem modelos que podem ser adaptados”, conta Peirol.
Segundo o jovem, as principais diferenças encontradas entre o sistema de ensino dos EUA e do Brasil estão na aproximação com o mercado, vivida de forma mais intensa nas universidades americanas, e a carga horária excessiva das instituições brasileiras. “Fora do país as aulas não são muito longas. O aluno tem menos tempo de aula e mais tempo de estudo em casa.” Ele acredita que a articulação entre os ex-bolsistas do Ciência sem Fronteiras poderá trazer novas práticas para as universidades brasileiras e aumentará o impacto do programa.
Para defender essa ideia, Peirol faz uma analogia com uma montadora de automóveis. Ele sugere uma situação hipotética na qual uma empresa envia 100 funcionários para aprenderem sobre processos de produção, administração, pesquisa e desenvolvimento em grandes empresas da área. No entanto, ao retornarem ao país, essas pessoas continuam o seu trabalho e não discutem sobre como poderiam usar o que aprenderam para melhorar a produção naquela unidade.
Hoje o portal MyCsf já conta com mais de 15 mil estudantes cadastrados, entre bolsistas, ex-bolsistas e interessados em fazer intercâmbio. O estudante acredita que os resultados do programa ainda irão trazer benefícios para o país a médio e longo prazo. “A grande massa do Ciência sem Fronteiras vai impactar a sociedade daqui a 10 anos.”
Por Marina Lopes
Fonte: Por vir
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