Para Susan Fuhrman, presidente do Teachers College, é preciso acabar com a visão da docência como uma profissão solitária.
Por Fernanda Kalena, do Porvir
Ser professor é um trabalho solitário. Essa frase é recorrente entre educadores e especialistas de diversas áreas que já realizaram pesquisas e estudos e que tentam entender os motivos que levam o docente a sentir-se assim. Dentre as explicações, frequentemente aparece o fato deles passarem grande parte da sua jornada de trabalho sozinhos com os alunos em sala de aula e o pouco contato que têm com colegas e superiores. Mas para Susan Fuhrman, presidente do Teachers College, da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, essa visão precisa acabar, ou se for além de uma visão, a realidade é que precisa mudar.
Fuhrman participou hoje de um evento em São Paulo, realizado em parceria entre a instituição e a Fundação Lemann, que abordou perspectivas globais da educação. Ao falar sobre como a tecnologia pode auxiliar a formação de professores, ressaltou que é na avaliação do trabalho docente que os recursos tecnológicos podem fazer grande diferença.
“As avaliações podem ser melhoradas com a tecnologia, que pode ser usada nesse processo ao longo do ano, o que é bem melhor do que realizar um teste no final do período letivo”, argumentou. Um exemplo que ela dá é o de gravar as aulas ministradas pelos docentes para que a gestão tenha como entender o que acontece dentro da sala de aula, avaliar o que precisa ser melhorado e dar suporte ao professor para que isso aconteça.
Quando questionada sobre como os professores reagiriam a esse tipo de exposição, entendendo que o outro lado da moeda dessa situação de solidão é que este profissional não está acostumado com outras pessoas opinando e fazendo sugestões sobre sua postura em classe, Fuhrman disse que é preciso trabalhar com a disposição em compartilhar o trabalho com a escola. “Os professores precisam se acostumar com seus colegas e supervisores vendo seu trabalho, percorrendo suas atividades. Isso deveria ser parte do trabalho”.
A questão não é restrita ao cenário brasileiro, mas, em entrevista ao site Porvir, a responsável pelo Teachers College ressaltou uma peculiaridade de nosso contexto que leva a isso. “Ao meu ver, o problema no Brasil é que os professores não trabalham em período integral em uma instituição. Esse problema é muito sério e a tecnologia jamais vai ajudar nisso”.
“Os professores precisam conhecer seus estudantes, interagir com eles e com seus colegas, mas se eles lecionam em escolas diferentes, não vão se desenvolver como time, como equipe daquela escola”, continuou. Segundo ela, isso atrapalha no desenvolvimento da abertura necessária para esse professor se sentir confortável em compartilhar seu trabalho com seus colegas e gestores.
Sobre possíveis maneiras de iniciar um trabalho de desenvolvimento dessa postura aberta, de trabalho compartilhado, Fuhrman disse que a abordagem deve ser estimulada desde a formação inicial, que deve ser fomentada primeiramente pela academia, mostrando aos futuros docentes que essa é uma das maneiras de assegurar seu constante crescimento enquanto profissional, com feedbacks frequentes e baseado nas atividades que eles realizam.
Fonte: Porvir
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