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Na escola: falta ajuda psicológica para aluno - 04/03/2015 17:35:11

A falta acompanhamento psicológico para alunos e a indisciplina são os fatores que mais atrapalham os professores em sala de aula, superando até mesmo os baixos salários, as grandes jornadas de trabalho e o número excessivo de alunos nas turmas.

Quem diz isso são os próprios educadores, segundo a pesquisa Conselho de Classe: A Visão do Professor Sobre a Educação no Brasil, desenvolvida pela Fundação Lemann.

O levantamento ouviu mil professores do Ensino Fundamental de todas as áreas urbanas do país, incluindo o Espírito Santo. De acordo com os dados, 21% dos entrevistados apontam a necessidade de apoio psicológico como a questão mais urgente a ser resolvida e 38% a colacam entre os três pontos mais urgentes.

Já a falta de disciplina ocupa a segunda posição no ranking - indicada por 14% dos educadores como o problema mais urgente. Enquanto isso, a defasagem de aprendizado aparece em terceiro lugar.

Para o coordenador de projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins Faria, os dircursos dos professores sinalizam para o surgimento de quatro grandes temas: a formação efetiva dos alunos, a heterogeneidade das turmas (e a busca pela inclusão de alunos com necessidades especiais), a relação com as famílias e a aplicabilidade das políticas educacionais.

Ambiente escolar

Ernesto também ressalta que em grande parte das vezes os professores chegam às salas sem conhecer as complexas situações que permeiam o ambiente escolar, o que geraum choque de realidade. Desse dilema, dois caminhos surgem como essenciais para a promoção de mudanças no contexto educacional brasileiro.

“O primeiro é como deixamos a escola mais preparada para lidar com esses desafios que se interpõem e que não são apenas dos professores. O segundo é como esse profesor pode ser preparado para lidar melhor com esses desafios”, explica Ernesto.

Para a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes), Dorzilia Vaz, todos os principais questionamentos dos professores estão interligados. Como exemplo, a educadora cita a falta de disciplina, que está relacionada à ausência da participação familiar na educação dos filhos e à falta da imposição de limites do lado de fora da escola.

“Temos muitos professores com problemas de saúde. Eles não conseguem dar suas aulas e começam a ficar depressivos ao se sentirem incompetentes por não conseguirem dar todo o suporte aos alunos”, diz.

Para ela, uma das principais soluções parte do diálogo. “Tanto o governo do Estado, quanto as prefeituras precisam se interessar mais por projetos educacionais de pessoas que conhecem a realidade das salas de aula”.

Maior satisfação para educadores é o aprendizado dos estudantes

O secretário estadual de Educação, Haroldo Rocha, chama atenção para um outro lado apontado pelo levantamento da Fundação Lemann. A pesquisa mostra que o aspecto que mais traz satisfação para os professores é a contribuição para o aprendizado dos alunos, seguida de fatores como a responsabilidade social.

Já em relação aos transtornos gerados pela indisciplina dos estudantes, o secretário afirma que o Regimento Escolar entrou em vigor em 2010 justamente para estabelecer padrões harmônicos de convivência entre todos os membros da comunidade escolar prevendo a aplicação de medidas socioeducativas para atos indisciplinares.

Ele lembra que a escola deve dar suporte para os professores, que podem contar com o auxílio de coordenadores, diretores e do conselho escolar. “Vivemos um momento histórico em que o nível de indisciplina é elevado e é um fator perturbador para a aprendizagem".

Novos projetos

Diante da preocupação com o suporte psicológico para alguns alunos, Haroldo Rocha afirma que a questão exige a ampliação da parceria entre a Educação e as áreas de Saúde e de Assistência Social.

Ele cita o projeto Ocupação Social. Coordenado pelo vice-governador do Estado, César Colnago, e pelo secretário de Ações Estratégicas, Evaldo Martinelli, o objetivo do programa, que está sendo formulado, é adotar ações diferenciadas em regiões com altos índices de violência.

A Secretaria de Estado da Educação contribui com a medida através do projeto Escola Viva, a partir do qual professores do ensino médio trabalharão 40 horas por semana em uma única escola.

“Professores com três jornadas não suportam esta sobrecarga e acabam não conhecendo seus alunos”, aponta.

Por outro lado, os estudantes terão um currículo próprio e passarão todo o dia dentro na escola, praticando atividades.“O problema que o jovem tem hoje pode ter origem na falta de acolhimento. Só o fato de a escola o acolher o dia todo, já resolve muitas questões”.

Relaxamento

Além de contar com o apoio familiar para resolver em conjunto problemas relativos à indisciplina, no colégio Monteiro Lobato, Vitória, a solução encontrada para melhorar o aproveitamento dos alunos foi dar aulas de relaxamento. A consequência é um maior rendimento e atenção.

A coordenadora da instituição, Juliana Poltronieri, explica que quando os alunos retornam à sala de aula após o recreio ou de atividades que lhes deixam agitados, as aulas são aplicadas para acalmá-los e estimular sua concentração. “As professoras trabalham com a respiração e a noção corporal, estimulando seu autocontrole e diminuindo sua dispersão”.

Fonte: Gazeta Online / Todos pela Educação


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