Um em cada quatro alunos sabe apenas o básico do básico em português. Prova Brasil revela estagnação no aprendizado no ensino fundamental.
Dados da Prova Brasil 2013 compilados pelo Portal QEdu mostram que o índice de alunos de escolas públicas que terminam o ensino fundamental com nível de aprendizado considerado adequado em matemática foi de 11,2% para os estudantes do 9º ano, índice inferior ao registrado na prova de 2011, quando a média foi de quase 12%. Já em português, com ênfase em leitura, a prova apresentou uma melhora de 22,2% para 23,6% no índice de alunos com aprendizado adequado.
Nas avaliações para o final do primeiro ciclo do ensino fundamental, no 5º ano, também houve melhora em português (de 36,2% em 2011, para 39,8% em 2013) e matemática (de 32,4% para 34,7%).
As notas dos alunos na Prova Brasil são divididas em dez níveis por escalas de pontos (de abaixo do nível 1 ao nível 9). O Movimento Todos pela Educação redistribui a escala em em quatro níveis em uma escala de proficiência: insuficiente e básico (abaixo do adequado), proficiente e avançado (dentro do adequado).
Para o 5º ano, os alunos nos níveis proficiente e avançado são aqueles que obtiveram desempenho igual ou superior a 200 pontos em português e 225 pontos em matemática. Para o 9º ano do ensino fundamental, os alunos nos níveis proficiente e avançado são aqueles que obtiveram desempenho igual ou superior a 275 em português e 300 pontos em matemática.
A média nacional em matemática foi de 242,35 pontos, o que corresponde ao nível 2 da escala da Prova Brasil. Além disso, os números mostraram que 37% dos alunos estão no nível 1 ou abaixo do nível 1, onde é exigido domínio em "números e operações; álgebra e funções; reconhecer o maior ou o menor número em uma coleção de números racionais, representados na forma decimal. Tratamento de informações Interpretar dados apresentados em tabela e gráfico de colunas." Apenas 1,2% dos estudantes estão no nível "avançado" de matemática.
Em português, um em cada quatro alunos termina o ensino fundamental sabendo apenas o nível 1, o mais básico. O índice é de 24,45%. Neste nível, o aluno no 9º ano sabe "reconhecer expressões características da linguagem (científica, jornalística etc.) e a relação entre expressão e seu referente em reportagens e artigos de opinião. Inferir o efeito de sentido de expressão e opinião em crônicas e reportagens". No total, 76,4% estão abaixo do esperado para esta série.
Melhora discreta
A Prova Brasil, junto com o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) são avaliações para diagnóstico, em larga escala, desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) para avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários socioeconômicos. As médias de desempenho nessas avaliações também são usadas para calcular o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
A evolução do índice de alunos com nível adequado nas últimas quatro edições da Prova Brasil, segundo Ernesto Martins Faria, coordenador de projetos da Fundação Lemann, revelam uma desaceleração no crescimento. O índice de matemática para o 5º ano era de 22% em 2007, e agora está em 34,6%. Mas na comparação com 2011, o crescimento foi menos de dois pontos percentuais. Em português, também no 5º ano, o índice foi de 25% em 2007 para 32% em 2009, 37% em 2011, e 39,8% em 2013.
No 9º ano, a situação em matemática é alarmante, segundo o especialista. "Nos anos iniciais do ensino fundamental, apesar de estarmos evoluindo, percebe-se uma desaceleração no índice. E nos anos finais (9º ano), estamos estacionados", desaca Martins Faria.
O educador desaca que alguns fatores podem influenciar na queda do desempenho dos alunos do 5º para o 9º ano como a mudança de um professor generalista no fundamental 1 para vários professores especialistas, cada um em sua disciplina, no fundamental 2; a mudança de rede municipal para estadual; e a falta de habilidade de professores em lidar com turmas grandes de alunos e saber como auxiliar para que os alunos possam desenvovler aprendizado em matemática, tanto em tecnologia.
Para Alejandra Meraz Velasco, coordenadora-geral do Todos pela Educação, os anos finais do ensino fundamenatl melhoraram menos do que vinham melhorando, começam a apresentar problemas, praticamente não cresceu ou melhorou o desempenho. E o mais crítico é que no ensino médio os problemas aumentam ainda mais.
"A reformulação do ensino médio é um assunto que está sendo discutido pelo governo federal e pelos estados. Há uma necessidade de reformulação do ensino médio para manter os jovens na escola",diz Velasco. "Mas é preciso melhorar as etapas anteriores também."
Fonte: G1 Educação
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