Colégio até separou irmãos em salas diferentes para focarem nos estudos. Jovens afirmam que há disputa, e a sorte é que não buscam mesmo curso.
Em meio aos 365 alunos do ensino integrado da Escola Técnica Alcides do Nascimento Lins, em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, há quatro duplas de gêmeos idênticos estudando para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os oito estudantes estão na mesma escola há três anos, tempo que lhes rendeu boas histórias com a confusão de colegas e professores na hora de identificá-los. Os pares foram até colocados em salas diferentes para melhorar o desenvolvimento pedagógico individual. Apesar de serem parecidos em quase tudo, cada um deseja conquistar uma vaga em cursos diferentes e a expectativa só aumenta com a proximidade das provas, marcadas para os dias 8 e 9 de novembro.
Bastam uns minutos de conversa para surgirem as histórias sobre troca de identidade, que acontecem desde que pisaram em uma sala de aula, ainda pequenos. Luciana Ferreira, 20 anos, conta que, na quinta série do ensino fundamental, estava mais segura para fazer uma prova de matemática e assumiu o lugar da irmã, Luciene. "A professora notou porque Luciene é canhota e eu não. Então, o plano não deu certo", disse.
Já Natália dos Santos, 17 anos, conta que já recebeu no boletim a nota da irmã, Natali, na disciplina de matemática. "Eu deixei que ela ficasse com a nota porque as minhas médias já estavam boas, e as dela não", assumiu Natali. A jovem comentou que teve até problemas na hora de pedir a isenção do pagamento da taxa de inscrição do Enem, no ano passado. "Eles acharam que era a mesma pessoa, porque tinha apenas uma letra diferente no nome, mas liguei, expliquei a situação e consegui o requerimento para pagar", afirmou.
Os oito jovens entraram na escola técnica em 2012, para cursar o primeiro ano do ensino médio. Todos acabaram juntos, na mesma sala. "Em 17 anos trabalhando na área da educação, nunca vi uma quantidade tão grande de gêmeos na mesma turma. Então, decidimos separá-los, cada gêmeo em uma sala, a partir do segundo ano. O desafio era fazer com que eles evoluíssem individualmente as suas personalidades e se relacionassem com outros alunos", disse a gestora da unidade técnica, Sulamita Lima.
Os irmãos Silas e Saulo Chen, 17 anos, não se importaram com a separação. "Mesmo estando na mesma sala, a gente já sentava distante, tínhamos amigos diferentes. Até preferimos estudar separados em casa. Nunca gostamos muito de vestir a mesma roupa, fazer tudo igual. A gente até pensava em fazer ciências da computação, mas depois mudamos de opinião", contou Silas, que quer agora engenharia da computação. Saulo optou por engenharia civil.
Já os irmãos Elias e Eliabe Padilha, 17 anos, confessam que bagunçavam muito juntos e sabem que a mudança trouxe vantagens. "Elias se escorava muito em mim, não copiava nada das aulas, então foi bom porque ele teve que aprender a se virar sozinho. No começo foi difícil, porque se eu queria comentar algo da aula, ele não estava ali perto de mim, mas depois a gente se acostumou", disse Elias.
O estudante Hugo Marques, 19 anos, amigo de Elias e Eliabe, confirma que era preciso "paciência" para dividir a sala de aula com os gêmeos. "Eles juntos brincavam muito. Fez muita falta no começo a animação deles, mas foi bom para os professores", disse.
A professora de história Micheline Pina conta que descobriu um jeito de não confundir os alunos. "Eu chamo Lu e quem estiver na sala, responde, Luciana ou Luciene. Eu também chamo Eliaseliabe, assim mesmo, tudo junto, para não errar. Já Natália e Natali eu decoro pelas cores das tiaras e presilhas que usam no cabelo", explicou.
As irmãs Luciana e Luciene ficaram arrasadas com a medida. "Eu sempre fiz tudo junto com a minha irmã, trabalho escolar, estudos, comer no recreio. Eu sofri porque era a parte emocional mais fraca da dupla. Depois que nos separaram, tive que aprender a lidar com isso e amadureci muito", apontou Luciene.
Natália e Natali lembram que também foi um choque ter que ir para salas diferentes, mas o tempo mostrou os benefícios. "Tudo era eu e ela, éramos muito dependentes, mas foi bom. Em casa, a gente estuda juntas, e quando uma tem dúvida, a outra ajuda. Hoje, a gente está torcendo para que cada uma consiga tirar nota boa no Enem, mas, se só tiver vaga em outro estado, não vamos querer nos separar de novo", afirmou Natália.
Elias admite que há disputa entre gêmeos e, por sorte, ele não busca vaga no mesmo curso do irmão. O jovem quer física e Eliabe, matemática. "A gente já é igual em tudo, então queremos nos diferenciar em algo, ser melhor em alguma coisa, nem que seja comer mais, jogar mais videogame. Pelo menos não escolhemos o mesmo curso. Está um torcendo pelo outro", apontou. O curioso é que os irmãos farão prova no mesmo local, assim como os outros gêmeos e, geralmente, ficam sentados em uma cadeira colada à outra. Como são cursos variados, talvez seja uma das últimas vezes em que isso vá acontecer.
Fonte:G1 Pernambuco
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