No início do novo semestre escolar, no mês passado, as escolas públicas da Inglaterra começaram a apresentar aos seus estudantes mais jovens um conceito que confundiria a maior parte dos pais deles: algoritmos.
O governo do Reino Unido reformulou a maneira de ensinar computação às crianças do país adicionando aulas obrigatórias de programação.
Após receber conselhos de empresas como Microsoft e Google, as autoridades se convenceram de que o currículo das escolas públicas estava fora de sintonia com os padrões técnicos modernos.
O sistema antigo enfatizava processamento de texto e planilhas, mas não muito mais do que isso. Agora, o governo quer que as crianças do país não apenas consumam tecnologia, mas a construam -- em vez de só se divertirem com jogos de computador, elas um dia poderiam criá-los.
Para evitar que os alunos mais jovens se transformem em zumbis diante das telas, boa parte do aprendizado inicial será realizada fora do laboratório de informática.
As crianças de cinco anos de idade participarão de jogos abstratos e completarão quebra-cabeças para se familiarizarem com o conceito de algoritmo sem sua complexidade.
Quando chegarem aos 14 anos, os professores vão orientá-los sobre como usar duas ou mais linguagens de programação. Tudo isso é obrigatório.
Isso faz do Reino Unido o primeiro país do G20 a dar uma importância central à Ciência da Computação dentro de seu currículo escolar.
“Essas são, certamente, as maiores mudanças realizadas na maneira em que a matéria vem sendo ensinada”, disse John Partridge, professor de computação em Nottinghamshire. “Especialmente para as crianças mais novas”.
Escassez de talentos
Como muitos países desenvolvidos, o Reino Unido enfrenta uma crise de talentos em tecnologia e a reformulação radical de seu sistema educacional é um reconhecimento de que o problema provavelmente continuará existindo durante muitos anos.
A previsão é de que o país terá uma escassez de 249.000 trabalhadores para empregos com habilidades tecnológicas até 2020, segundo uma pesquisa da Empirica preparada para a Comissão Europeia.
Os efeitos estão sendo sentidos dentro do maior polo tecnológico do Reino Unido.
No ano passado, 45 por cento dos líderes de empresas da área de Tech City, em Londres, disseram que a falta de trabalhadores qualificados era o maior desafio, segundo um estudo da empresa de pesquisas de mercado GfK.
A proliferação da tecnologia em todos os tipos de indústrias está aumentando essa escassez. Sites personalizados e aplicativos móveis agora são obrigatórios nas empresas de praticamente todos os setores.
E a empresa de pesquisas Gartner prevê que existirão 30 vezes mais dispositivos físicos conectados à internet até 2020.
Garantindo o emprego
“A programação está se infiltrando em uma grande quantidade de diversas áreas tradicionais”, disse Rachel Swidenbank, chefe das operações da Codecademy no Reino Unido.
“Aprender a programar permitirá que as crianças façam suas próprias coisas, sejam criativas e consigam um emprego em uma área onde haverá uma enorme escassez”.
A Inglaterra buscará copiar a façanha de Israel que, após uma revisão no ensino de computação em suas escolas, perto da virada do século, desenvolveu um dos mais rigorosos programas de Ciência da Computação do mundo para estudantes do Ensino Médio.
As empresas de tecnologia do país agora atraem mais capital de risco e dinheiro de private-equity do que qualquer outro país europeu, segundo um relatório da empresa de consultoria Ernst Young.
Os EUA conseguiram desenvolver uma meca da tecnologia no Vale do Silício, apesar de seu sistema de escolas públicas. A popularidade da computação nas escolas de Ensino Médio dos EUA está em queda nos últimos anos.
Em 2009, apenas 19 por cento dos estudantes se formaram com crédito em Ciência da Computação, menos que os 25 por cento de 1990, segundo um relatório do Departamento de Educação dos EUA.
Resultado incerto
O compromisso do Reino Unido de ensinar noções básicas de programação desde cedo é ousado, mas não garante uma solução para a escassez de talentos.
Quando as crianças chegarem aos 14 anos, caberá a elas escolher se continuam estudando a matéria e adquirindo as habilidades que serão relevantes quando se formarem.
Ou talvez os nove anos de aprendizado obrigatório de algoritmos e códigos as assustarão para sempre.
“A verdadeira preocupação é se as mudanças no currículo vão melhorar a atratividade de uma carreira em computação para as crianças”, disse Partridge. “Pode haver uma grande dificuldade para mudar essa imagem”.
Fonte: EXAME.com
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