Um ambiente colorido, com sofá, mesinha de café, aquário, luzinhas de natal e luminárias espalhadas. Essa poderia ser uma simples descrição de uma sala de estar, mas não é. Essa é a sala de aula dos alunos do 4o ano da escola pública Burnett Elementary, na Califórnia, Estados Unidos, numa região em que metade da população é imigrante.
A responsável pelo ambiente é a professora Alison Elizondo, que diz que sua sala de aula é o um dos principais fatores para seu programa pedagógico ser bem sucedido. Não é por acaso que seus alunos têm uma taxa de proficiência que chega aos 80%. A professora desenvolveu um programa de ensino híbrido, chamado We <3 2 Learn (Nós amamos aprender, em tradução livre), que faz uso de plataformas on-line para inverter a sala de aula e colocar o aluno no centro do processo de ensino aprendizado. “É um ambiente solidário, onde um aluno ajuda o outro e torce pelo outro”, conta a docente que esteve esta semana no Brasil para participar da edição 2014 do Transformar.
“Ensino híbrido, na minha definição, é uma combinação balanceada dos recursos on-line e tecnológicos, com as melhores práticas pedagógicas. É o equilíbrio entre esses elementos”, afirma Elizondo, que ressalta: “O professor não precisa mais ficar na frente da sala, dando uma aula única para a turma toda, sem considerar as variadas formas e ritmos de aprendizado de cada aluno. Hoje temos recursos para fazer isso de uma maneira melhor”.
Alison divide as aulas em cinco momentos de 25 minutos e vai rotacionando as atividades, de maneira que todos os alunos seguem juntos nas diferentes etapas. As quatro primeiras são referentes a conteúdo e a última, a reflexão.
“Plataformas como a Khan Academy permitem esse tipo de abordagem, pois personalizam o aprendizado. Elas criam dados sobre a evolução e o desempenho dos alunos em cada conteúdo estudado. Assim, acabam por personalizar o papel do professor, que, quando passa a ter acesso a essas informações, sabe exatamente o melhor modo de ajudar cada aluno em suas dificuldades específicas”, argumenta a professora. Assim, o começo é com plataformas adaptativas, como a Khan Academy. A segunda etapa é focada no currículo base, em que, em grupos, os alunos criam e resolvem problemas baseados nos conteúdos obrigatórios. Em seguida, eles fazem uma aplicação prática do problema, tentando aproximá-lo de suas vidas cotidianas e propõem uma solução para aquela situação. Depois, fazem vídeos tutoriais de como lidaram com os desafios, para deixar de instrução para os outros grupos. Por último, eles refletem sobre o que aprenderam, no que foram bem e o que precisa ser trabalhado e a professora decide como pode ajudá-los.
Além de aprimorar o processo de aprendizado dos conteúdos obrigatórios, esse tipo de abordagem, segundo Alison, também auxilia na formação do aluno em competências úteis para a vida. A escola ela onde leciona tem como diretriz o foco nas habilidades que os alunos precisam desenvolver para o século 21. “Salman Khan já falou em uma de suas palestras que 65% dos empregos que meus alunos vão ter ainda não foram criados. Não sabemos quais habilidades técnicas eles vão precisar para esses empregos, mas sabemos que precisam saber se comunicar, a trabalhar colaborativamente, ser criativos, pensar criticamente e resolver problemas”, analisa a professora que completa: “Podemos ensinar isso tudo mesmo sem saber como será o futuro”.
Sobre o motivo de seu programa funcionar bem e aproximar os alunos da escola, a resposta da professora vem sem hesitação: “Acho que, para qualquer programa ter sucesso, as crianças precisam ser livres para arriscar e para errar. A tecnologia tem um papel importante na abordagem e contribui muito para essa liberdade. Quando os alunos se sentem mais estimulados e inspirados, passam a entender que o aprendizado é contínuo durante a vida, que não é restrito ao ambiente escolar”.
Fonte:
Porvir
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