Há cerca de 40 anos, existia uma quantidade razoável de conteúdo que os educadores precisavam passar de geração a geração. Hoje, no contexto de uma sociedade que gera informação a todo instante, essa quantidade multiplicou-se por pelo menos algumas mil vezes. Com a internet e o desenvolvimento veloz da tecnologia, as pessoas tornaram-se mais multiconectadas e sofisticadas, especialmente quanto ao consumo da educação, gerando demanda por uma nova dinâmica de ensino e aprendizagem que acompanhe esse ritmo.
Estamos a caminho dessa adaptação, mas ainda não aplicamos na educação tudo o que a tecnologia nos possibilita. Atualmente, no Brasil, algumas escolas já usam as mídias sociais para entender parte do comportamento do estudante. Considerando que o perfil do aluno na comunidade, seja no contexto social, escolar ou familiar, impacta diretamente na personalização da aprendizagem, esse já é um benefício preliminar. Futuramente, a tecnologia e a automatização poderão gerar informações ainda mais representativas.
O desenvolvimento de ferramentas educacionais que permitem ao aluno, por exemplo, estudar onde e quando quiser por meio de plataformas digitais colaborativas e ser avaliado de forma adaptativa – de acordo com suas respostas e seu ritmo – é uma enorme evolução, mas não o mais longe que podemos chegar.
Assim como a tecnologia, a educação tende a continuar evoluindo e tornar-se preditiva, capaz de acessar e interpretar dados como sua localização, comportamento, histórico e entregar o conteúdo de uma disciplina de forma personalizada, baseada nessas variáveis. Essa não é uma realidade distante, pelo contrário, já utilizamos ferramentas com esse mesmo conceito no dia a dia, como em softwares colaborativos de geolocalização que traçam rotas baseadas em informações fornecidas por uma rede de usuários.
A Bolsa de Valores, os sites de e-commerce e até os call centers também utilizam o conceito de Big Data e inteligência artificial em vários de seus processos – desde análises de risco até a oferta mais adequada para aparecer em nossas telas. A discussão do uso de Big Data na educação surge a partir dessa necessidade, de processar e obter, mais rapidamente, informações valiosas, a partir de volumes cada vez maiores e variáveis de dados. Um papel fantástico que nos apoiará fortemente a alcançar patamares significativos para a educação.
Uma vez aplicados à transmissão do conhecimento, ganharemos com o uso desses softwares uma capacidade de aprendizado muito maior e em menor tempo, pois não haverá informação a ser dispensada. Ela chegará na medida certa para cada um, de acordo com sua necessidade, histórico e momento. O professor, agora no papel de mentor, será munido de informações sobre o estado atual e as necessidades do aluno. A educação preditiva pode fornecer, inclusive, o mapeamento de uma sala de aula, identificando um aluno próximo que tenha mais facilidade em um determinado conteúdo para auxiliar o colega, criando uma rede colaborativa. Assim, o processo de aprendizagem passará a ser engajado e social, como o que as pessoas já demandam em tantas outras áreas.
Já demos passos largos nesse sentido, com as próprias avaliações adaptativas atuais e as LMS (Learning Management System, ou Sistemas de Gestão de Aprendizagem), mas as possibilidades são imensas. Vale lembrar que todo processo de aprendizagem é relevante – o esforço, a dúvida, a capacidade de errar e acertar –, mas, se conseguirmos entregar o processo mais adequado, indicado pelas variáveis como o mais eficiente para aquela pessoa, teremos cada vez mais garantido seu sucesso. É um desafio para a educação como a conhecemos, mas também um bom momento para refletir sobre tudo o que temos disponível e o que está por vir a partir daí.
Fonte:
Porvir
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