O que ensinar e para quem? Essas questões sintetizam os dilemas de países que passaram, ou estão passando, durante um processo de implantação de uma base curricular nacional. A pesquisa Desenhos Curriculares em 16 países – Análises de Foco e Contexto de Implementação, coordenada por Maximiliano Moder, especialista em educação pela Universidade de Bristol, na Inglaterra, que estará disponível em breve, compara currículos nacionais pelo mundo com o intuito de embasar a discussão brasileira.
“A ideia é olhar para o que está acontecendo pelo mundo. Esse estudo permite o entendimento de diferentes experiências para que assim possamos aprender com elas”, conta Moder. Segundo ele, mesmo experiências que não foram bem sucedidas podem ser aproveitadas e auxiliar no entendimento das necessidades nacionais.
Ao pesquisar as especificidades de cada sistema educacional, Moder conta que também é possível perceber características comuns a todos os processos. “A tendência geral dos currículos é a articulação em torno do desenvolvimento de competências”, conta o pesquisador, que completa: “Competências entendidas não só como uma habilidade branda, de ser criativo ou ter empatia, mas sim entrelaçadas a conteúdos que são relevantes para a formação dos indivíduos”.
Inicialmente 16 países foram analisados. Destes, cinco foram selecionados para serem estudados com mais profundidade, por possuírem características que de algum modo dialogam com as brasileiras. São eles: África do Sul, Austrália, Chile, Colômbia e Coreia.
Confira a seguir, alguns aprendizados que se pode tirar de cada uma dessas experiências:
O país passou recentemente por um processo de desenvolvimento curricular nacional. Também possui uma grande diversidade cultural e étnica e incorporou essa característica ao processo, com uma grande preocupação em garantir a inclusão das minorias.
Possui um modelo recente, estipulado pelo Estado em 2008, em um plano nacional de desenvolvimento que iniciou o processo de institucionalização das políticas educativas. Elas são federais, mas cada estado desenvolve seu currículo com base no programa comum, levando em conta as características locais, cultura e especificidades de cada região.
Possui os melhores resultados da América Latina, passou por um processo de desenvolvimento e modernização curricular há 20 anos, mas a troca de partido político a frente do país estacionou o processo, que foi retomado neste ano com a troca de partido no poder. O projeto curricular chileno ressalta a importância de gerar acordos políticos que permitam dar aos programas educativos um caráter de política de Estado, e não de governo.
País com grande diversidade cultural, que ainda não possui um currículo nacional. Até 1994, a educação era descentralizada, cada departamento (como são chamados os estados) tinha a autonomia de determinar o que estaria no currículo. Por sua vez, os departamentos deram liberdade para que cada escola desenhasse e implementasse seu próprio currículo, descentralizando ainda mais as bases curriculares.
O sistema coreano foi embasado em pesquisas e tendências internacionais, visando um plano de longo prazo e de continuidade do processo. As políticas educacionais são de responsabilidade do Estado, o que garante o desenvolvimento dessas práticas e a flexibilidade de que precisam para se adaptarem conforme a evolução das dessas tendências.
Fonte:
Porvir
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