Quando a porta da sala de aula se fecha, o professor se vê ali, sozinho, com 30, 40 alunos. Bate insegurança, dúvida, solidão, os educadores costumam dizer. Mas a tecnologia tem ajudado a diminuir essa sensação. O Edmodo, maior rede social do mundo voltada para a educação, tem se fortalecido como um espaço em que, para além de organizar a sala de aula com atividades virtuais, os professores podem trocar experiências boas ou ruins, aprender juntos, compartilhar materiais. Em seis anos de existência, a rede já reúne mais de 31 milhões de usuários, entre educadores e estudantes, espalhados por 190 países, inclusive no Brasil. Desde 2011, eles organizam a EdmodoCon, um dia inteiro de atividades voltadas ao desenvolvimento profissional.
“Com o Edmodo, é como se estivéssemos abrindo as portas da sala de aula, fazendo com que ela fique mais transparente, diminuindo a solidão do professor”, afirma Cesar Nunes, que há anos utiliza a ferramenta para a formação de professores. Ele tem prestado assessoria à Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, que usa o Edmodo em grande escala, como ferramenta oficial da rede. Nunes conta que a primeira etapa das formações é fazer com que os professores usem a plataforma como se fossem alunos – o que ajuda a diminuir o gap geracional e faz com que os eles compreendam a perspectiva dos estudantes. Isso porque o Edmodo funciona como uma rede social mesmo, em que cada integrante tem um perfil e pode interagir com seus pares.
No caso da plataforma, os professores criam turmas e convidam seus alunos a participar de discussões, marcam atividades por um calendário comum, propõem quizzes e indicam materiais interativos relativos aos assuntos debatidos. No seu uso tradicional, o educador convida seus alunos, que são do ensino básico. Nas formações para professores, os moderadores fazem o papel do professor e, os professores, o papel dos alunos.
A segunda etapa das oficinas de Nunes se baseia em usar o potencial do Edmodo para discussões profundas, a partir da troca de experiências práticas. “Conseguimos expor as boas práticas e as discussões não ficam só na teoria”, afirma o especialista. Quando um professor forma um grupo de alunos na plataforma, essa turma recebe um código. Só quem tem esse código pode acompanhar as discussões. Assim, quando os dilemas e as boas práticas estão sendo discutidas nas oficinas para professores, eles são convidados a mostrar seu trabalho para os colegas. Ao compartilhar o código, esse professor pode mostrar em detalhes como desenvolveu atividades ou resolveu problemas. “Nós criamos heróis dentro da rede, com trabalhos que já existiam e não tinham espaço para ser compartilhados”, diz Nunes.
Outra usuária assídua da plataforma é Ana Maria Menezes, coordenadora de tecnologias educacionais da Cultura Inglesa de Uberlândia. A professora usa o Edmodo desde 2009, quando a plataforma ainda estava no início e nem menu em português tinha. Ana Maria, aliás, foi uma das professoras que ajudou voluntariamente na tradução dos comandos para o português. Em 2011, ela foi painelista na EdmodoCon, ocasião em que contou para mais de 300 profesores de todo o mundo, presentes numa sala de aula virtual, sua experiência com novos formatos de dever de casa compartilhados na plataforma – posteriormente, a oficina virou artigo. Hoje ela usa a plataforma tanto com seus alunos quanto em formações de professores para o uso de novas tecnologias que dá virtualmente. “Antigamente, o poder estava em ter um conhecimento que ninguém tinha. Hoje, essa relação com o conhecimento mudou completamente. Quanto mais você, professor, compartilha o que sabe com os colegas, mais você será procurado como alguém que tem algo a compartilhar. E redes como o Edmodo ajudam nisso”, afirma a professora.
Internacionalmente, o próprio Edmodo vê a participação e o desenvolvimento dos professores na plataforma como um valor, uma vez que são peças-chave no desenvolvimento dos estudantes. “O Edmodo acredita que, oferecendo aos professores recursos de aprendizagem e maneiras fáceis de se conectar com outros professores, eles podem se desenvolver como educadores e impactar ainda mais na aprendizagem dos alunos”, disseram representantes da plataforma. Em entrevista ao site Porvir, o diretor de pesquisa da plataforma, Vibhu Mittal, aponta o motivo pelo qual a plataforma é tão popular entre professores: porque ela facilita a vida.
“O aprendizado móvel provocou uma profunda mudança não apenas na forma como os estudantes aprendem, mas também em como os educadores ensinam, fazendo com que fique muito mais fácil para educadores estimular estudantes individualmente e compartilhar conteúdo e ideias que personalizadas às necessidades dos alunos. A tecnologia permite que professores diferenciem suas aulas em escala muito maior”, afirma Mittal, que estará no Brasil amanhã, em evento da Contec, no Sesc Vila Mariana.
Fonte:
Porvir
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