Não é de hoje que se fala sobre um descompasso entre as demandas do mercado e a universidade. A crítica dos empregadores, entre outras coisas, está no fato de que as instituições oferecem conhecimento, mas não fazem com que os jovens desenvolvam as competências necessárias para atuarem na área, em contextos reais e na resolução de problemas complexos. Pensando nisso, o Centro Universitário da FEI vai fazer, a partir deste semestre, uma mudança pedagógica no curso de administração, começando pelo conceito de grade curricular, que será derrubado para dar lugar a pedagogia das competências.
“Essa pedagogia parte de um referencial chamado formação por competência, que vem de um movimento, o do ensino baseado em competência, que nada mais é do que montar o currículo pensando naquilo que precisa ser desenvolvido, não mais com as disciplinas enjauladas em caixinhas”, explica Hong Y Ching, chefe do departamento do curso de administração da universidade.
Assim, diz Ching, não precisa mais trabalhar com a disciplina de sociologia, mas sim com componentes que tratam da formação do ser humano, por exemplo. E o mesmo acontece com todo o resto. As disciplinas, que antes eram organizadas e avaliadas isoladamente, vão ser agrupadas em blocos maiores que visam desenvolver no aluno 12 competências que são: tomada de decisão e liderança, negociação, comunicação, relacionamento interpessoal, raciocínio lógico, crítico e analítico, criatividade e inovação, gestão do conhecimento, adaptação e flexibilidade, visão sistêmica, visão de negócio e de mercado, orientação ao cliente e orientação ao resultado.
Portanto, cada ciclo ou semestre, será responsável por desenvolver algumas dessas competências por meio de uma ou mais disciplinas que se conversam para essa formação. Abaixo das competências na hierarquia do currículo estarão os objetivos específicos para cada ciclo, como a introdução às organizações e seus papéis na sociedade ou conhecer o ambiente e os negócios em rede das organizações.
“Esses objetivos também vão se desenvolver de maneira evolutiva”, explica Ching. “Primeiro eles conhecem o ambiente das empresas, depois o que acontece dentro, a relação entre seus clientes, depois com seus fornecedores e então aprendem a pensar novas estratégias de crescimento. Assim, o aluno vai entender para que serve cada coisa que está aprendendo e vai saber melhor como aplicá-la no ambiente profissional.”
E essas competências, ele explica, não foram escolhidas aleatoriamente. São fruto de pesquisas de campo e, é claro, de mercado. Ching diz que para chegar até elas, ele procurou, inclusive, a Companhia de Talentos para fazer a seguinte pergunta: “O que mais se procura no profissional de hoje? Conhecimento ou competência?”. A resposta, como já era de se esperar, veio com a segunda opção.
Entretanto, a mudança não para por aí. Depois de definir as habilidades, é preciso repensar também a relação professor-aluno em sala de aula. “Fizemos alguns encontros com nossos professores porque queremos que o aluno tenha mais autonomia no seu aprendizado, que o professor deixe de ser alguém que transmita conhecimento para ser alguém que faça a mediação da discussão”, diz Ching.
Exemplo dado por ele está numa aula em que os alunos vão aprender conceitos de ética. “Em vez de o professor abrir os slides e sair apresentando tudo”, neste novo modelo, o objetivo é que os professores sugiram maneiras de se chegar aos temas da aula por meio de estudos de caso, leitura de notícias e artigos para, ao fim da apresentação do que foi encontrado espontaneamente pelos alunos, o educador tenha espaço para introduzir aos poucos os conceitos que precisam ser trabalhados. “Quando o aluno percebe que vai encontrar esses desafios na vida lá fora, tudo que ele aprende passa a fazer mais sentido, fica mais fácil de ser absorvido”, explica.
Currículo alterado, postura de aulas atualizada, as avaliações também não podem ser as mesmas. Pelo menos em parte. “Duas avaliações nós somos obrigados pelo MEC a manter, porque fazem parte das exigências para avaliar o curso. Mas nós vamos diminuir o peso delas, vamos flexibilizar a maneira como o professor avalia”. Segundo ele, os professores irão elaborar atividades específicas para desenvolver determinadas competências em sala de aula e os alunos, por sua vez, serão avaliados por meio dos indicadores de cada uma delas.
Na competência da comunicação, por exemplo, o professor pode propor algumas atividades ao longo do semestre como entregas de relatórios, desenvolvimentos de trabalhos temáticos em grupo para, ao final do ciclo, avaliar se esse estudante sabe expressar ideias e opiniões de forma clara e objetiva, mostra-se aberto a diferentes pontos de vistas e apresenta argumentações fundamentadas para apresentar suas opiniões. “Com a inserção desse novo modelo de avaliação, mais do que testar os conhecimentos, vamos testar a capacidade dos alunos de entrar de cabeça no mercado de trabalho”, afirma.
Fonte:
Porvir
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