Michael Schurr, professor do 2º ano do ensino fundamental de uma escola de Nova York, percebeu que nunca tinha perguntado a seus alunos o que poderia ser feito para deixa-los mais confortáveis na sala de aula. Assim, decidiu consulta-los e fazer as alterações no ambiente. Realocou os quadros de avisos que antes eram muito altos, o que dificultava a leitura dos estudantes, e modificou a posição das carteiras, criando espaços semiprivados, para que os alunos se sentissem mais a vontade para estudar. O professor conta que sente a turma mais engajada e que se movem de forma mais fluida pela sala, pois fizeram parte de sua construção. Já na Califórnia, o corpo docente de uma escola de ensino fundamental se questionou sobre como estavam preparando os alunos para o futuro. Sem saber como responder a questão, decidiram levá-la aos alunos.
Coletivamente, eles idealizaram o que chamaram de “aprendizagem investigativa”, onde o aluno é visto não apenas como receptor de informação, mas como formadores de conhecimento. Esses são alguns exemplos de como professores estão redesenhando as salas de aula, tanto fisicamente quanto em relação aos processos de ensino e aprendizagem, usando as propostas do design thinking.
Esta metodologia é a especialidade da IDEO – empresa de consultoria global de design, que ajuda organizações a desenvolver projetos por meio desta metodologia –, que resolveu expandir suas ideias para além do mundo business e está apostando no impacto do design thinking na escola. Para tanto, a empresa desenvolveu um material para ajudar professores e educadores a usar essa metodologia na sala de aula: o Design Thinking para Educadores (Design Thinking for Educators, em inglês), disponível por ora apenas em inglês, mas com previsão para ter uma versão brasileira ainda este ano.
Para eles, por exemplo, design thinking pode ser definido como uma abordagem centrada no ser humano para inovação que integra as necessidades individuais, as possibilidades tecnológicas e os requisitos para o sucesso. E, claro, pode apoiar no desenvolvimento das chamadas competências para o século 21. Segundo a empresa, a ideia do projeto é desenvolver a capacidade de cada aluno de pensar criticamente e inovar, para ter conscientemente condições de tornar o mundo um lugar melhor, independentemente da carreira que escolherem.
“Estamos vendo educadores desenvolverem uma filosofia compartilhada de ensino e aprendizagem, usando o design thinking em diferentes níveis – para discutir uma reforma nacional do sistema de ensino ou para atender necessidades individuais da sala de aula. Também estamos vendo professores pensando conjuntamente com os alunos, seja sobre meios de reformular o currículo e seja como otimizar o espaço físico de suas salas de aula”, afirma Sandy Speicher, responsável pelos projetos educacionais da IDEO, no blog do projeto.
Na prática, a metodologia proposta é dividida em cinco etapas: descoberta, interpretação, ideação, experimentação e evolução. Em cada uma delas, a equipe oferece dicas de como organizar as ideias, formatar de listas, usar post-its, histórias inspiradoras, fotos, aplicativos para tablets, celular etc. São inúmeras soluções que não devem ser seguidas à risca. Os autores defendem que cada problema requer uma abordagem que deve ser construída coletivamente, sem uma fórmula pronta.
A primeira etapa é a da descoberta, onde a curiosidade sobre como enfrentar o desafio é aguçada e as questões são levantadas. Em seguida, é a interpretação, que transforma as ideias em percepções significativas. Histórias, experiências e bagagem individual são bastante valorizadas para que o todo represente as múltiplas perspectivas de soluções.
A terceira é a ideação, que significa gerar um monte de ideias. Muitas vezes pensamentos malucos se tornam visionários. Com preparação e cuidado, reuniões para pensar fora da caixa podem render centenas de novas ideias. A quarta é a da experimentação, são as ideias ganhando vida. É quando se experimenta algumas possíveis soluções para o desafio lançado. Ao construir protótipos, as ideias se tornam mais tangíveis e o aprendizado com a tentativa clareia o pensamento sobre como e o que pode ser feito para melhorar e refinar uma ideia.
Por último, a evolução, que é o desenvolvimento do conceito ao longo do tempo, que envolve o planejamento dos próximos passos, o compartilhamento da ideia com outras pessoas que podem se envolver e ajudar e a documentação do processo, para que a evolução seja percebida e que se faça seu acompanhamento.
O material completo, em inglês, pode ser baixado no site Design Thinking for Educators.
Fonte:
Porvir
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