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Escolas em áreas vulneráveis atraem professores menos experientes, aponta estudo - 20/11/2013 10:57:29

Foto de estudantes


Escolas públicas localizadas em regiões centrais e cujos alunos possuem maiores recursos culturais costumam receber professores com mais experiência e mais qualificados academicamente. Em contrapartida, as unidades de territórios mais vulneráveis tendem a atrair profissionais em início de carreira e, portanto, menos experientes. A conclusão é da pesquisa “Educação em Territórios de Alta Vulnerabilidade – Concorrência de professores por escolas”, realizada pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).

A apresentação da pesquisa aconteceu durante o seminário "Desigualdades socioespaciais e escolares nas grandes cidades", organizado pelo centro no início de novembro, no Sesc Pinheiros, em São Paulo. O objetivo do evento era discutir, a partir dos dados apresentados, políticas públicas que enfrentem o desafio da desigualdade na educação.

A pesquisa analisou o processo de concorrência de professores por escolas municipais de São Paulo para entender o impacto que as desigualdades do território e a composição sociocultural do aluno têm na escolha de um professor na hora de selecionar as escolas onde pretende lecionar. Os dados de remoção de docentes efetivados foram coletados do Diário Oficial da capital paulista, uma vez que as informações oficiais não estão disponíveis. Foram analisados os dados de 23 escolas de ensino fundamental I (1° ao 5° ano) de São Miguel paulista, zona leste, juntamente ao Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) do entorno das escolas e ao chamado Índice de Heterogeneidade (IH) das unidades, construído pelos pesquisadores com base nos recursos culturais homogêneos dos alunos.

Os dados revelam que a Subprefeitura de São Miguel Paulista perde professores que acumularam maior capital profissional e ganha aqueles com menor capital. Além disso, os docentes com as piores classificações no concurso de entrada da rede ingressam, em sua grande maioria, em escolas de áreas mais vulneráveis e que concentram alunos com baixos recursos culturais. Na análise da pesquisa, a região perdeu 228 professores e ganhou 157 – um saldo negativo de -72, quase três professores por escola.

A análise de remoções de escolas agrupadas em três categorias de acordo com IPVS e IH revela que a maioria dos professores que atuam em áreas mais vulneráveis se transfere para áreas menos vulneráveis. “Isso estimula a contratação precária e a vinda de novo professores, não tão experientes assim”, explica Luciana Alves, uma das autoras da pesquisa. “A não reposição não marca a região como um todo: ela é mais alta nas áreas de vulnerabilidade alta e média”

Uma das motivações para a realização do estudo é que pesquisas prévias indicam que a rotatividade docente tem impacto na qualidade de ensino e, consequentemente, na aprendizagem dos alunos dessas escolas. “A pesquisa mostrou que há relação entre a concorrência entre professores por escolas e as desigualdades socioespaciais. As regiões mais vulneráveis têm mais dificuldades para atrair e manter professores”, afirma Luciana Alves, uma das autoras do estudo. “Quanto maior for a rotatividade e menor for a reposição de docentes, piores são os resultados dos alunos.” Para a pesquisadora, os dados mostram que é preciso pensar em políticas públicas que garantiriam a atração e manutenção de professores nas áreas vulneráveis.

Fonte: EBC


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