O célebre professor Salman Khan e a Fundação Lemman anunciaram na última terça-feira, 12, em São Paulo, que os alunos brasileiros ganharão uma versão da Khan Academy, com videoaulas, exercícios de matemática para o ensino fundamental e relatórios de desempenho disponíveis em português. Ainda em fase de testes, o novo portal só poderá ser acessado por um grupo de desenvolvedores e convidados por enquanto. A partir de 20 de janeiro, contudo, a plataforma será aberta para todo e qualquer usuário.
A meta inicial da Lemman e de um conjunto de ONGs parcerias é alcançar pelo menos 100 mil estudantes de escolas públicas. Elas esperam, com o uso da plataforma, contribuir para a melhoria do aprendizado de matemática no país. Hoje, apenas 36% dos estudantes dos primeiros anos do ensino fundamental apresentam desempenho adequado na disciplina, segundo dados do Todos pela Educação.
E o caminho escolhido para alcançar tal objetivo é o da personalização. Isso porque, além de contar com o auxílio dos milhares de exercícios on-line e das videoaulas que já vinham sendo traduzidas para o português pela Fundação Lemann, agora os educadores e os próprios estudantes que utilizarem o novo ambiente virtual poderão monitorar a evolução do seu aprendizado a partir da lógica das plataformas adaptativas. Ou seja, os conteúdos a serem trabalhados no portal se adaptam ao nível de aprendizado de cada aluno e todo o desempenho do estudante pode ser representado por medalhas e insígnias. Além disso, os alunos conseguem checar o seu próprio mapa de conhecimento, que detalha visualmente o que ele já aprendeu do universo de assuntos que ele precisa dominar.
“Sabemos que a plataforma não é a solução para todos os problemas da educação. Mas essa possibilidade de personalizar o aprendizado é um dos caminhos da educação do futuro. Acreditamos que um dos principais diferenciais oferecido pela plataforma é o relatório de acompanhamento. Com ele, o professor consegue ter acesso em tempo real ao desempenhos de cada um dos seus alunos de forma detalhada. Sobre o anúncio desta terça, resolvemos abrir a plataforma para que ela seja testada e assim possamos receber críticas e sugestões de melhoria”, afirma Denis Mizne, diretor geral da Fundação Lemann.
A riqueza de detalhes do relatório é tamanha que o professor consegue até monitorar quantos segundos o aluno precisou para responder determinada questão ou ainda se ele precisou acionar a opção de dicas, presente nos problemas que surgem durante o trajeto sugerido para cada aluno pela plataforma. “Dá para ver o perfil completo de acesso, erros e acertos do estudante. Isso permite o professor agir na mesma hora que o problema surge. Além do mais, oferece mais autonomia para o aluno, já que ele tem a liberdade de seguir adiante, sempre acompanhando seu desempenho contabilizado em pontos”, explica Daniela Caldeirinha, coordenadora de projetos da instituição.
Tal acompanhamento será possível já a partir do primeiro acesso, quando o aluno fará um teste de diagnóstico de conhecimento. Após responder cerca de 10 perguntas, a plataforma identifica as habilidades que o estudante já domina dentro do campo da matemática e informa o nível de proficiência na disciplina. Ao todo, foram catalogados cerca de 500 habilidades relativas a conteúdos da disciplina. Assim, o aluno só consegue avançar nas questões propostas pela ferramenta se conseguir dominar aqueles assuntos mais básicos, fundamentais para a resolução das demais questões.
A lógica do pré-teste e todas essas possibilidades de personalização seguem o mesmo padrão adotado plataforma-mãe norte-americana. O novo portal em português difere apenas da versão em inglês pela limitação dessas possibilidades ao conteúdo de matemática. O lançamento, contudo, consolida a estratégia de internacionalização da Khan Academy pelo mundo. “No mês passado lançamos nossa versão em espanhol no México. Logo, a versão espanhol e a portuguesa foram as primeiras. No ano que vêm será a vez da francesa, e depois as versões em árabe e mandarim”, antecipou Salman Khan, que participou do evento por meio de videoconferência.
Segundo Khan, no entanto, o desafio ainda é incentivar os professores a se beneficiarem com as vantagens do ensino híbrido. “Existem professores que adotam a plataforma imediatamente. Mas, por enquanto, ainda são uma minoria. Os professores que não encontram tempo nem sequer para testá-la precisam entrar em contato com aqueles que já utilizam. O nosso grande objetivo não é substituir a aula presencial, é torná-la mais produtiva”, diz Khan.
Mesmo com o lançamento da nova plataforma em português, o atual site com os mais de 1.000 vídeos traduzidos pela Lemann continua ativo. Além disso, o projeto Khan nas Escolas, que leva formação aos educadores e distribui computadores portáteis aos alunos, também continua. Assim, a rede de ensino municipal ou estadual que tiver interesse em participar dessa formação para melhor usufruir, tanto do atual site quanto da nova plataforma, deve entrar em contato direto com a Fundação Lemann.
Fonte: Porvir
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