O respiro aliviado que João Cândido Portinari deu ao perceber que havia superado em meados dos anos 2000 o desafio abraçado no final da década de 70, quando decidiu catalogar toda a obra de seu pai, poderia ter sido a deixa para ele retornar à vida de pesquisador e professor de engenharia e matemática na universidade. Mas a verdade é que isso não seria “tão Portinari quanto poderia ser”. Faltava uma parte importante ali: abrir todo aquele acervo para o acesso do público. Deixar ao alcance do povo uma obra que fala sobre o povo. Um novo compromisso, então, seguiu o da catalogação, e o herdeiro junto a sua equipe do Projeto Portinari passou a planejar uma plataforma virtual. Uma galeria on-line.
Esse é o resumo da ópera que leva até o endereço www.portinari.org.br, um recente espaço web com mais de 30 mil itens relacionados ao célebre “Candinho”, como era apelidado por familiares e amigos próximos o artista de Brodowski (SP), que retratou com seus pincéis questões humanas e sociais sensíveis, inclusive à época da forte censura do regime militar no Brasil. No portal de acesso gratuito estão mais de 5.000 obras do artista, cerca de 6.000 cartas e ainda mais de 1.000 fotos.
Os caminhos virtuais para conhecer parte da vida e obra de Cândido Portinari não são poucos. Reportagens, artigos na Wikipedia, dissertações de mestrado, entrevistas dos estudiosos da sua obra e as milhares de imagens em bancos da internet podem ser acessadas assim que se digita “Portinari” num site de buscas. O portal Portinari, entretanto, é um espaço de referência, revelando não somente a produção do próprio artista, mas o mundo do qual ela fazia parte.
Todas as obras consagradas estão por lá, como os painéis Guerra e Paz, que foram encomendados pelo governo brasileiro na década de 50 para presentear a ONU. Já na página de entrada do portal, o usuário encontra uma linha do tempo, que tem início em 1903, ano em que Portinari nasceu, e não em que começou a produzir como artista. A partir dali, estão registrados fatos históricos e produções de outros artistas que fizeram o universo portinariano. Não à toa lá figuram telas de Henri Matisse, francês pelo qual Portinari tinha imenso apreço. Fotos da Revolução Russa e de outros momentos-chave do período também recheiam a mesma linha e permitem, assim, que o visitante tenha um bom entendimento do que ocorria no mundo naqueles tempos em que a arte moderna se anunciava no Brasil.
Ao clicar em qualquer uma das obras disponibilizadas no ambiente, ela se torna central na página web e uma pequena ficha técnica é apresentada. As telas de Portinari se concentram entre os anos 30 e 60, quando acaba a navegação por meio da ferramenta linha do tempo. O artista faleceu em 1962.
Outros caminhos de pesquisa são facilmente identificados no próprio portal: uma caixa de busca – cuja ideia é incentivar a atividade mais autônoma do visitante – permite que, ao digitar um termo, todos os documentos que o registram, e não apenas as telas, sejam visualizados em uma lista. Há ainda a busca avançada, que permite encontrar conteúdos por nomes de pessoas, de organizações e de eventos que fazem parte da história da arte do personagem central. É um espaço de contemplação, para quem quer apenas contemplar, ou de pesquisa, mesmo para pesquisadores dos mais criteriosos.
Na página inicial, a seção “Arte e Educação” deixa transparecer a atenção dada à difusão do acervo também de forma pedagógica. “Desde 1997 eu estou na estrada, já andei muito pelo Brasil levando as réplicas de Portinari a crianças e jovens que não teriam a oportunidade, talvez, de conhecer as originais”, conta Suely Avellar, coordenadora do núcleo arte-educação e inclusão social do projeto e braço direito de João Cândido desde os anos 90. Foi nessa época que o Projeto Portinari, enraizado na PUC-Rio, passou a dedicar um grande esforço para, de forma paralela à catalogação, democratizar a produção artística e torno da qual se organiza.
Parcerias com o poder público e também com empresas privadas permitiram exposições itinerantes que levaram réplicas de Portinari, de barco e caminhão, a recantos da Amazônia, ao interior do Nordeste brasileiro e a diversas escolas urbanas e rurais. Essas experiências não estão compiladas no Portal Portinari, mas sim em blogs dos projetos. O “Portinari na Amazônia”, que está na web como memória, data de 2009 e registra como ocorreram atividades de arte e educação com suporte das obras em comunidades ribeirinhas do Rio Purus.
Suely continua na estrada. Enquanto o Porvir tentava contatá-la para esta reportagem, ela se deslocava entre Belo Horizonte, São Paulo e Paraty (RJ) e num dos intervalos conseguiu nos retornar por e-mail para contar que a movimentação se deve ao fato de ela ter uma meta de dez exposições de arte e educação para cumprir até o fim do ano. Por ora, as exposições são apenas presenciais, não virtuais, mas parcerias como a feita com a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro permitem que instalações públicas voltadas ao envolvimento de jovens com a ciência e a tecnologia usem as obras digitalizadas também para atividades pedagógicas. Essa abordagem já vem acontecendo nas Naves e nas Praças do Conhecimento, que estão espalhadas em bairros da zona norte carioca.
O Projeto Portinari tem também um canal no Youtube.
Fonte: Porvir
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