Quem já não se incomodou (ou foi incomodado) por causa de alguma característica que tinha quando era criança ou adolescente? Espinhas salientes, pernas mais finas ou até o uso de óculos ou aparelhos dentários. Se isso vira alvo de chacota ou até algo mais grave, entra em cena o bullying, um termo importado do inglês que pode significar desde uma intimidação verbal até uma agressão física. Buscando trazer o tema à tona, três projetos lançados recentemente propõem, por meio de uma abordagem leve e até com certa dose de humor, discutir a questão com os pais, educadores e, especialmente com os estudantes, principais vítimas do problema que tem reflexo direto na aprendizagem.
Uma dessas iniciativas é o projeto Awkward Years (Anos Estranhos, em português), criado pela designer americana Merilee Allred. Por meio de uma conta no Tumblr e uma página no Facebook, Allred seleciona “ex-patinhos feios” da escola para registrá-los em imagens. As fotos das pessoas são feitas com os “piores” registros desses mesmos participantes quando eles eram crianças ou adolescentes. O diferencial do projeto é propor de forma visual o “antes e depois” do retratado. “Dessa forma, eu espero tocar a vida dos jovens que atualmente estão sendo alvo de chacotas ou sendo vítimas de bullying”, disse a americana em entrevista ao The Huffington Post.
Ainda segundo a criadora do Awkward Years, a ideia é que, com a exposição de fotos do passado dos jovens que foram “alvos” de bullying, a atual geração possa se ver nas imagens e até entrar em contato com a pessoa retratada. O que fica claro nas fotos divulgadas é a mudança física de todos os personagens que participaram do projeto. “Todos nós tivemos anos difíceis. Eu quero mostrar a todos, especialmente às crianças, que é importante que elas percebam o seu valor e tenham orgulho de quem são”, diz um dos texto presentes na página oficial do projeto no Facebook, buscando sintetizar a ideia do projeto.
Considerado um tema universal e presente cada vez mais presente nas discussões sobre políticas públicas de educação, o bullying vem ganhando mais destaque não só em projetos como o Awkward Years, como também no mercado editorial. O best-seller Fale! (Speak, em português) é uma mostra disso. Recém-lançado em português pela editora Valentina, o livro da autora americana Laurie Halse Anderson já vendeu mais de 3 milhões de cópias no mundo.
Por meio da personagem Melinda, a obra trata do cotidiano escolar. A timidez, o visual “fora do padrão” e a busca pela aceitação por grupos na escola são algumas das questões enfrentadas pela adolescente. As agressões de colegas e suas consequências são outros aspectos abordados na obra, que foi escrita em primeira pessoa. A depressão silenciosa, uma das principais consequências do bullying, também é tratada na obra. E, para fomentar a discussão, ao final do romance, os leitores têm acesso a um guia voltado a educadores com propostas de atividades para discussão em sala.
O sucesso da obra rendeu até uma adaptação para o cinema, veja o trailer:
Seguindo a mesma lógica de oferecer subsídios a pais, alunos e toda a comunidade escolar, o canal de TV paga Cartoon Network e a ONG Plan Brasil resolveram produzir, neste ano, uma série de cartilhas digitais sobre o tema. A ideia da campanha “Chega de Bullying: não fique calado”, que conta com adesão da rede estadual de Educação de São Paulo, é fomentar a discussão sobre bullying dentro da escola. Além de levantar questões conceituais, as cartilhas ainda trazem uma série de exemplos práticos que ajudam a entender as situações mais recorrentes do bullying e suas implicações na vida do estudante agredido.
Todo o material da campanha foi separado por níveis de ensino e por categoria de leitores: alunos, pais e educadores. Confira as cartilhas:
Alunos do Ensino Fundamental I
Alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio
Diretores e gestores escolares
Professores do Ensino Fundamental I
Professores do Ensino Fundamental II e Ensino Médio
Fonte: Porvir
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