Em qualquer sala de aula, há alunos que têm mais dificuldade para aprender do que outros. Muito mais do que lentidão ou preguiça, tal dificuldade pode estar atrelada a problemas sérios de aprendizagem, como dislexia e discalculia. Mas, apesar de serem disfunções cerebrais importantes e demandarem atenção especializada, o neuropsicólogo norte-americano Steven Feifer, que é professor do Brain and Learning Institute e da George Washington University, traz uma mensagem otimista: “Com a intervenção certa, na hora certa, é possível mudar o cérebro. Todo mundo pode aprender”, diz ele.
Tudo bem, a mensagem é boa, mas o problema é: quando é a hora e o que é intervenção correta? “Sobre o tempo mais adequado, quanto mais cedo melhor”, diz Feifer. O especialista explica que, de acordo com o desenvolvimento cerebral das crianças, é sempre mais fácil quando o problema é diagnosticado no início dos processos de letramento e numeramento e começa rapidamente a ser atacado. “Algumas intervenções são mais eficazes até os 8 anos, mas isso não significa que crianças mais velhas ou pessoas que qualquer idade não possam ser tratadas”, afirmou.
Já sobre o que é uma intervenção correta, não há uma resposta única, diz Feifer. O especialista chama de “intervenção” tanto metodologias quanto ferramentas, tecnológicas ou não, que podem ser usadas para estimular os alunos em suas diferentes dificuldades em leitura, escrita e/ou matemática – é muito comum, alerta Feifer, que os alunos com desenvolvimento mais lento em leitura também apresentem o mesmo problema em escrita e matemática. Mas o mais importante, ressalta ele, é que os professores tenham recursos disponíveis para usar múltiplas abordagens na forma como ensinam. Ao apresentar um mesmo conteúdo de diversas formas, diz ele, os professores permitem que alunos com diferentes dificuldades possam ser estimulados e consigam acompanhar a turma.
Um exemplo dessas várias estratégias dentro de sala de aula, diz o especialista, pode ser no cuidado com alunos com problemas em leitura. Enquanto parte da turma faz tarefas tradicionais de leitura em grupo, um aluno usa microfone e fones de ouvido para escutar melhor a própria voz enquanto lê e outro é acompanhado por um pai voluntário, que tira suas dúvidas de pronúncia. “Quanto quanto mais o cérebro for estimulado, mais plástico ele será e mais o aluno poderá aprender”, afirma Feifer. Para que essas atividades múltiplas possam ocorrer, continua ele, é preciso que os professores sejam bem treinados e estejam sensíveis a esse tipo de abordagem.
De olho nessa necessidade de capacitação de docentes, o Instituto ABCD, organização responsável pela vinda de Feifer, lançou uma plataforma de formação on-line gratuita em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) voltada a preparar professores para lidar com a dislexia. A intenção é ajudar quem está na sala de aula, dando insumos para identificar o distúrbio, compartilhando técnicas para ensinar leitura, soletração e escrita e ainda sugerindo formas de como melhorar o ambiente escolar.
Fonte: Porvir
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