Num momento em que startups de educação e tecnologia estão desenvolvendo produtos cada vez mais personalizados às necessidades dos alunos, uma dupla do Vale do Silício promete colocar mais ingredientes nesse debate ao agregar à plataforma de aprendizado que está desenvolvendo as inteligências trazidas por redes sociais e por ferramentas de colaboração, big data e desenvolvimento profissional. O colombiano Nelson Gonzalez e a norte-americana Ramona Pierson estão tirando do forno o Declara, cujo lançamento oficial ocorre nos próximos meses, mas que já vem sendo testado nos mais diferentes ambientes – de sistema judiciário a salas de aula. A missão, que de pouco ambiciosa não tem nada, é promover o aprendizado profundo em qualquer lugar, em qualquer fase da vida.
“O aprendizado profundo acontece pela colaboração. É daí que sai a inovação, por isso estamos trazendo a revolução do big data e das ferramentas analíticas preditivas [predictive analytics]”, disse Gonzalez, introduzindo termos que ainda podem parecer distantes no universo pedagógico, mas que andam marcando presença constante nas conversas de programadores e de grandes empresas, como Google e Facebook. Mas como nem todo mundo está com o glossário da ciência da computação na ponta da língua, na prática, ele quis dizer que a equipe do Declara está desenvolvendo uma plataforma baseada em algoritmos capazes de usar o grande volume de dados produzidos em seu ambiente virtual ou disponíveis na web para entender a intenção de uma busca, fazer recomendações personalizadas e dar recompensas aos seus usuários.
Mas personalizar o ensino e dar recomendações não é algo que qualquer plataforma adaptativa de aprendizado faz? Sim, mas Gonzalez garante que o Declara vai além. “A inteligência artificial normalmente funciona de maneira muito linear. Ela dá a ordem: ‘Se você vir essa palavra, então faça isso’. Nosso algoritmo é muito avançado, chamado de Hierarchical Deep Recurrent Neural Nets (HDRNN). Ele copia a estrutura sináptica do cérebro”, afirma Gonzalez. Em sendo capaz de estabelecer mais conexões, a plataforma consegue entender a intenção do usuário cada vez que ele faz uma busca. “O que estamos fazendo é busca semântica, que faz uma procura inteligente do conteúdo”, afirmou.
Na plataforma, as ferramentas de buscas inteligentes ajudam a melhorar a interação entre usuários. No caso de ser usado por uma escola, o sistema entende, por exemplo, que um aluno com determinada dificuldade deveria conversar com um professor específico para tirar suas dúvidas. Mas não é só em escolas que a plataforma pode ser usada. De acordo com Gonzalez, “o Declara pode ser usado em qualquer lugar onde o aprendizado ocorra”. Isso porque ele funciona como um esqueleto vazio, que oferece funcionalidades diversas, mas é o contratante da plataforma e seus próprios usuários os responsáveis por “preenchê-la”.
Assim, no uso mais óbvio relacionado à educação, o Declara pode ser adotado por uma escola ou uma rede de escolas. Nela, alunos e professores criam perfis. Para cada disciplina que o professor dá, o sistema cria uma página, na qual todos podem interagir, postar textos, fotos, vídeos, resultados de pesquisa. Já os alunos criam portfólios digitais, nos quais registram todas as suas produções. Os debates entre os membros da comunidade vão sendo “compreendidos” pela plataforma, que sugere leituras e interações. Os professores têm acesso a todos os dados dos alunos para acompanhar o desenvolvimento de cada um.
Outro uso possível que já vem sendo testado é no treinamento e na capacitação de professores. O Declara foi adotado na Austrália para ajudar no esforço nacional de remodelação do currículo. Fóruns envolvendo professores de todo o país se utilizam da inteligência da plataforma para ajudar docentes a encontrar colegas com interesses parecidos e fomentar o debate. Em uma das telas de administração da plataforma, é possível ver as interações que estão acontecendo naquele exato momento.
Na esfera governamental, além de secretarias e ministérios de Educação, Gonzalez conta que um país da América Latina está usando sua tecnologia para capacitar juízes, advogados e professores para a reformulação do sistema judiciário. Em ambientes empresariais, as funcionalidades do Declara podem ajudar no desenvolvimento profissional. O empreendedor conta que uma grande farmacêutica dos EUA estabeleceu como meta redesenhar completamente a forma como elabora remédios. “Para fazer isso, eles têm que reeducar sua força de trabalho porque os funcionários terão que fazer os testes clínicos de um jeito totalmente diferente do que aprenderam. Para fazer isso, eles precisam criar capacidade inovadora dentro das empresas”, afirma Gonzalez, sem dar muitos detalhes sobre o tipo de capacitação que a farmacêutica está promovendo.
Ainda segundo Gonzalez, as possibilidades trazidas pela plataforma são incontáveis, mas é preciso usar a tecnologia não só para trazer o aprendizado profundo. “Temos muitas exceções lindas em projetos-piloto e experimentos pequenos. Agora precisamos dar escala. Não é suficiente ter dez escolas em São Paulo trabalhando com ensino personalizado ou usando tecnologia. Todas as crianças de São Paulo deveriam ter uma experiência excelente de educação”, disse ele.
Fonte: Porvir
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