Caio Braz tem 24 anos, é formado em engenharia pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e tinha o sonho de empreender algum negócio social. Andou por todos os lados, pesquisou as oportunidades de mercado, ouviu algumas pessoas e, no fim das contas, entendeu que para que seu projeto desse certo, ele precisaria buscar a solução para um problema dele, que também fosse uma dificuldade de muitas pessoas. Braz não era tão bom em inglês e resolveu criar o jogo on-line Backpacker que simula uma viagem para Nova York, onde os usuários podem conversar com outros jogadores e realizar suas missões para aprender a nova língua.
“Saí perguntando para as pessoas qual era o sonho delas quando se trata de aprender outra língua e a resposta, quase sempre, era a vontade de morar em outro país, ter contato com pessoas desse outro idioma para aprender”, conta.
Bem-humorado, Braz explica que criar uma agência de viagens não seria viável, já que seu objetivo era dar escala no aprendizado, alcançando pessoas das classes C e D. “Nosso principal foco está no inglês básico para aquelas pessoas que têm um orçamento apertado, que não podem pagar por um curso de idiomas presencial e não conseguem acompanhar um curso gratuito on-line que, na maioria das vezes, é um pouco chato, cansativo”, diz.
O Backpacker, que por enquanto é gratuito, mas terá uma taxa de matrícula em breve para avançar determinados níveis, quer, antes de tudo, ser divertido. Nele, o jogador cria seu personagem, escolhe todas as suas características e sai de seu hostel para começar a andar pela cidade de Nova York, encontrando desafios pela frente, como pedir informações, fazer amizades e até encontrar com o famoso naked cowboy (caubói nu), artista de rua que se apresenta na Times Square. “Uma das coisas interessantes é que o jogo tem reconhecimento de voz. Quando o usuário fala alguma coisa, ele recebe o feedback que diz se sua pronúncia está próxima da de um nativo ou se precisa melhorar”, destaca.
E se ele errar? Assim como acontece no famoso jogo The Sims, os players possuem vontade própria, ou melhor, humor próprio. “Se o usuário errar na hora de conversar com um dos personagens programados, ele pode tentar de novo, se errar outra vez, o máximo que vai acontecer é aquele bonequinho ficar de mau humor por uns três minutos, tempo suficiente para o usuário tirar a dúvida e acertar da próxima vez”. Mas antes de começar a falar com o game, Braz explica que todos os usuários passam por diversas etapas que servem para entender o contexto desse jovem. “No começo, ele vai só clicar nas opções de texto que quer usar e, depois de ouvir aquela frase, todas as expressões vão ficar armazenadas em seu caderno virtual. Só depois que ele estiver dominando esse conteúdo, vai começar a falar com sua própria voz”, explica.
Por ser on-line, o Backpacker permite que os usuários brasileiros conversem e se ajudem na hora de realizar as missões. “Nem tudo no jogo é em inglês, justamente porque nosso foco é o aprendizado básico. O guia que indica as próximas missões, por exemplo, precisa ser em português para que as pessoas não desistam”, afirma.
O engenheiro explica que por enquanto o foco está em melhorar a metodologia e a jogabilidade, mas o segundo passo é trabalhar para que o diálogo seja adaptativo, para aumentar o número de opções e, consequentemente, a probabilidade de acertos e a intensidade do desafio. Como o jogo simula a vida real, ele nunca tem fim, mas, depois de cumprir todas as tarefas, o engajamento do usuário pode diminuir. Para isso, Braz afirma que uma das principais metas é desenvolver mais cenários que contenham novas missões para, num futuro breve, chegar até mesmo a outra cidade.
Fonte: Porvir
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