“Vai morrer de fome”, “É uma profissão sem futuro” ou “Entrar em uma sala de aula é como entrar em um campo de guerra”. Muitos professores ou aspirantes a professores já ouviram – ou estão cansados de ouvir – referências como essas. Porém, uma iniciativa chilena quer acabar com os estereótipos negativos em torno da docência.
Criada há três anos, a ONG Elige Educar (Escolha Educar, em tradução livre) parte de dois objetivos para atingir essa meta. Primeiro, acabar com a desvalorização social do professor, tornando o ensino uma opção de carreira atraente. Segundo, estimular estudantes, do ensino médio, a optarem por cursos de pedagogia, a partir de encontros motivacionais nas escolas. E a organização quer ir mais além: fazer com que 30% dos estudantes matriculados em licenciaturas, em 2014, estejam entre os com as melhores notas do país e que o curso de pedagogia se torne uma das cinco carreiras mais concorridas no território – hoje o curso é um dos menos procurados.
Para alcançar essa proeza, a corrida diária da Elige Educar tem sido chegar às instituições públicas e privadas, de ensino básico ou superior, realizando palestras por meio de uma equipe formada por 40 profissionais de diferentes áreas, como pedagogia, sociologia e filosofia, que atuam em Santiago e regiões vizinhas à capital.
De acordo com Hernán Hochschild, diretor executivo da Elige Educar, a iniciativa surge em torno do princípio básico de que um bom professor é o principal fator de aprendizado na educação de uma criança. “Um estudante passa, em média, 12 mil horas em frente a um professor durante sua trajetória escolar e cada professor pode educar cerca de seis mil alunos ao longo de sua carreira”, pontua.
Além de atrair esses alunos para à docência, a ONG realiza campanhas para o público em geral, pais, professores, estudantes de ensino médio e superior. A intenção é, além de estimular e influenciar o ingresso na carreira, pressionar o poder público para a formulação de políticas em torno da formação do professores e da melhoria da qualidade de trabalho.
“No Chile, os salários dos professores aumentaram 200% nos últimos anos. Todavia, falta muito, sabemos disso, mas as políticas públicas estão tentando equiparar o salário com o de outras profissões. Agrônomos, sociólogos, químicos, jornalistas não ganham necessariamente mais que um professor”, assegura.
Estudos internacionais salientam a importância do professor na educação. Um dos exemplos mais famosos é o da Finlândia, que vem assumindo as primeiras colocações, nos últimos quatro anos, de melhor educação em todo o mundo. A receita de sucesso em um discurso dado por Jaana Palojärvi, diretora do Ministério da Educação e Cultura do país, está na liberdade que o educador tem para trabalhar e não em métodos pedagógicos revolucionários ou no uso da tecnologia em sala de aula.
Na editoria “Como Ser parte”, no site da organização, as pessoas são chamadas a levar a mensagem e ajudar talentos a seguirem a docência, “curtindo” a página do Facebook ou seguindo o Twitter da ONG. Para estreitar os laços entre estudantes e professores, qualquer interessado pode homenagear um professor, subindo um foto do educador e escrevendo uma mensagem para compartilhá-la nas redes sociais.
Os pais também são encorajados a falar sobre a profissão de docente aos filhos. Enquanto isso, os educadores podem compartilhar suas experiências em vídeo, depoimentos em texto, ou até mesmo se tornar uma espécie de embaixador, assumindo o compromisso de instruir os alunos sobre a vocação à docência. Já aos universitários em pedagogia, a ideia é que possam contar suas histórias e como planejam se tornar profissionais bem sucedidos. Por fim, aos estudantes do ensino médio lhes são apresentados informações sobre as melhores universidades de licenciatura, bem como bolsas e histórias de sucesso.
Para ampliar o campo de atuação, a ONG pretende aumentar o número de campanhas de mídia (imprensa, televisão e rádio), assim como a quantidade de encontros com estudantes, oferecer mais bolsas de estudos e acompanhamento aos universitários em pedagogia, além de se articular com universidades e outras organizações para a criação de políticas públicas.
Hochschild afirma que a proposta é também sistematizar e internacionalizar o modelo, que pretende também focar na produção materiais – documentos, infográficos, vídeos, apresentações etc. – para melhorar a imagem dos professores, que poderão ser usados, inclusive, em sala de aula para crianças de todas as idades.
Fonte: Porvir
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