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Projeto leva educação a áreas remotas da Nicarágua - 16/07/2013 09:45:34

Foto de natureza. Crédito: Rosewoman/flickr


Na Nicarágua, país situado na América Central, cerca de 41% da população ainda vive em centenas de comunidades rurais espalhadas pelo território. Essa realidade torna o acesso à escola, muitas vezes, algo distante ou inexistente para boa parcela das pessoas, que precisa migrar para outras regiões para estudar. Uma iniciativa, no entanto, está ajudando a evitar essa migração, unindo educação rural e oportunidades de trabalho para jovens e adultos de 40 áreas mais remotas.

O SAT (Sistema de Aprendizaje Tutorial ou Sistema de Aprendizagem Tutorial, em tradução livre) é um programa de educação não-formal, reconhecido pelo Ministério de Educação, que adota a metodologia do “aprender fazendo”. Com a ajuda de professores-tutores, os alunos cursam a educação secundária (equivalente aos últimos cinco anos da educação básica no Brasil) em suas casas ou espaços públicos, sempre associando os conteúdos curriculares ao trabalho agrícola e ao desenvolvimento local.

Segundo Elena Edwards, diretora do programa SAT, a inexistência de escolas nas regiões rurais não acontece única e exclusivamente pela escassez de investimentos nessas localidades, mas também “pela falta de um currículo que combine teoria e prática”. Elena afirma que o abandono escolar acontece, sobretudo, porque o currículo não condiz com as reais necessidades dos estudantes e não os ajuda a melhorar a qualidade de vida e condições de trabalho. Para ir na contramão desse cenário, o SAT parte de um currículo que enfatiza essencialmente práticas para o desenvolvimento comunitário, o empreendedorismo e as práticas agrícolas sustentáveis.

A iniciativa vem sendo realizada no país desde 2007 pela ONG Fabretto, que desenvolve ações nutricionais e educacionais para crianças e jovens da Nicarágua, EUA e Espanha. No mês passado, o programa SAT foi selecionado como um entre os 14 finalistas do WISE Awards, prêmio que, em sua quinta edição, destaca ideias inovadoras em educação. Em setembro, serão anunciados, em Doha, Qatar, os seis vencedores.

Atualmente, 761 estudantes estão matriculados no programa. As aulas acontecem por meio de 30 tutores – como são chamados os professores. Eles também vivem nessas regiões e recebem formação extensiva para trabalhar, de forma multidisciplinar, os conteúdos relacionados à prática agrícolas e habilidades de liderança.

Currículo

A grade curricular é formada de acordo com o tempo dos estudantes, que normalmente formam grupos de estudos e decidem os horários de suas aulas. Os tutores se revezam entre si para atender à demanda dos alunos, que podem escolher se querem as aulas em casa ou em algum espaço público – seja um salão comunitário ou até mesmo na praça.

No programa, as disciplinas tradicionais foram incorporadas a um currículo formado por cinco grandes competências: linguagem, matemática, ciências, tecnologia e serviço à comunidade. De acordo com Elena, esse último item, em especial, é fundamental para que os alunos se tornem mais empoderados para assumir um papel mais ativo em suas comunidades. No país, cerca de 25% da população vive apenas com um dólar por dia e meio milhão de pessoas, de 18 a 30 anos, deixaram o território à procura emprego, entre 2002 e 2007, segundo dados do Unicef.

Para dar sentido entre teoria e prática, os alunos aprendem a não apenas identificar suas oportunidades de trabalho, como também a criar seus próprios empreendimentos. Essa união se baseia no contexto econômico de cada região. Por exemplo, os alunos aprendem matemática e ciências a partir do cultivo dos vegetais típicos do local ou a partir da criação de uma cooperativa para a venda dos seus produtos. “Assim, os alunos desenvolvem uma multiplicidade de capacidades e habilidades que irão contribuir para a renda de sua família”, afirma Elena.

Como parte da formação, os estudantes também organizam feiras de produtos agrícolas e de artesanatos, além de eventos para a melhoria das estradas e campanhas de saúde pública. De lá para cá, foram produzidos pelos alunos e agricultores mais de 9.000 kg de frutas e vegetais para os programas de merenda escolar das regiões. “A evasão tem sido mínima e muitos desses alunos já criaram suas próprias cooperativas de apicultura, outros estão se dedicando à criação de galinhas, frutas e legumes. As mulheres, especialmente, têm se tornado líderes comunitárias”, diz.

Desde sua criação na Nicarágua, há cinco anos, mais de 1.500 estudantes passaram pelo programa. Eles vivem nas cidades de Madriz, uma das regiões mais pobres do país, San Jose de Cusmapa, Las Sabanas e Somoto, regiões violentas, que fazem fronteira com Honduras.

De acordo com Elena, a expectativa é que o programa atenda, anualmente, 300 estudantes até 2018. Nos próximos dois anos, a ideia é que o projeto receba uma reformulação no seu currículo. As alterações fornecerão módulos específicos com foco no desenvolvimento de habilidades empresariais, para que os alunos adquiram formação técnica e mais visão de negócios após a formatura.

Fonte: Porvir


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