Ao
assumir uma turma do quarto ano do ensino fundamental, o professor
Arthur Cândido de Magalhães percebeu que os alunos
apresentavam dificuldades para ler e produzir textos. A
constatação de que a escola não tinha
propostas de leitura nem biblioteca o levou a desenvolver o projeto
Leitura e Produção de Textos na Escola
– Entre Nessa Você Também! O trabalho
acabou premiado na sexta edição do
Prêmio Professores do Brasil.
“Considero a leitura como atividade fundamental para a
formação dos alunos”, ressalta o
professor, que leciona na Escola Municipal Vovô
Dandãe, de Boa Vista, Roraima. Segundo ele, a
prática da leitura melhora o vocabulário e a
capacidade de escrever um bom texto, aguça a criatividade e
facilita a compreensão do que é lido.
“A aprendizagem da leitura favorece todas as áreas
do conhecimento”, destaca.
Para Arthur, que é pedagogo com
especialização em educação
especial e inclusiva e professor de todas as disciplinas do
currículo do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental,
é um equívoco achar que só se aprende
a ler nas aulas de língua portuguesa. “Todas as
disciplinas, nas séries iniciais, devem colaborar para que o
indivíduo desenvolva a capacidade de ler e entender o que
está lendo”, afirma.
Arthur defende a formação do aluno, pela escola,
de forma que este perceba e conheça a diversidade textual
existente no mundo que o cerca. “A partir daí,
é necessário aliar o trabalho de leitura e
produção”, salienta. “Um
necessita do outro no processo de aprendizagem e não
há como separá-los.”
Os estudantes, de acordo com o professor, aprendem a escrever,
escrevendo, mas precisam de suporte de leitura que os oriente a
respeito da funcionalidade e da estrutura que compõem o
gênero textual. “Ler e entender bem um texto
facilitará ao aluno também produzir de forma
adequada.”
Biblioteca — O projeto, iniciado em 2011, em turma do quarto
ano, teve continuidade em 2012, com a mesma turma, então no
quinto. Entre as atividades desenvolvidas, Arthur destaca duas visitas
à biblioteca pública. Na primeira, os estudantes
tiveram a oportunidade de conhecer o local; na segunda, fizeram
doação de livros que produziram nas aulas. Um de
contos, um de poesias e outro de frases sobre leitura
(coletânea).
Na visão do professor, no entanto, o aspecto mais importante
observado no desenvolvimento do projeto foi a melhora na aprendizagem.
“Os alunos passaram a ler mais e a ter uma postura de
leitores”, salienta. Também ampliaram a capacidade
de concentração no momento da leitura e de
atenção ao ouvir uma história.
Conseguiram ainda produzir textos melhores. O mais interessante, de
acordo com Arthur, é que os estudantes começaram
a perceber as diferenças entre os diversos gêneros
de texto, bem como a finalidade.
Para sanar a falta de livros, o professor obteve o
empréstimo de 30 obras em outra
instituição de ensino da rede estadual na qual
também trabalha. A cessão foi feita pelo
período de um ano, em 2011. A estratégia foi
repetida em 2012, quando ele devolveu as obras e pegou outras 30.
Há 10 anos no magistério, Arthur faz curso de
graduação em história pelo programa de
Segunda Licenciatura do Plano Nacional de
Formação de Professores da
Educação Básica (Parfor), oferecido
pelo Ministério da Educação.
Fátima Schenini
Fonte:
MEC
(http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=18461).