Pesquisa mostra que professores culpam os pais por notas baixas dos alunos na escola - 30/03/2012 09:04:36
Os
alunos têm maior dificuldade em aprender porque os pais
não os acompanham nos estudos? Para 88% dos professores do
nível fundamental da rede pública no
país, sim. Este é o resultado de um levantamento
feito pelo Movimento Todos Pela Educação, com
respostas dadas por professores da rede pública na Prova
Brasil, do INEP.
No ‘Questionário do Professor’ da Prova
Brasil de 2009, os professores receberam uma lista de
possíveis causas para problemas de aprendizagem dos
estudantes. Quase todos concordaram com a resposta “Falta de
assistência e acompanhamento da família nos
deveres de casa e pesquisas do aluno”.
É certo que a capacitação de
professores e escolas com boa infraestrutura são essenciais
para a melhoria do ensino, mas esses dois fatores podem não
ser suficientes para garantir o bom desempenho dos alunos no
aprendizado. A família, e não apenas a escola,
tem um papel fundamental na educação das
crianças. Essa constatação
já tinha sido feita em 2010 pela Prefeitura Municipal de
Osasco, por meio da Secretaria de Educação, que
vem desenvolvendo desde então um programa inovador chamado A
Escola vai para Casa.
O objetivo do programa, implantado com assessoria da Planeta
Educação – empresa especializada no
desenvolvimento de soluções educacionais
inovadoras – é aproximar e estreitar as
relações entre professores e pais. Para isso,
agentes educacionais visitam a casa dos alunos para conhecer o ambiente
familiar e a realidade de cada criança. Conversam, fazem
anotações e dão dicas e conselhos aos
pais, no intuito de melhorar o aprendizado desses alunos na escola.
“Entendemos a educação como um
tripé, que envolve ações da Secretaria
de Educação, da escola e da família.
Por isso, a importância do projeto. É fundamental
saber como vive o aluno, quais as suas dificuldades. Tudo o que
acontece em casa interfere de algum modo no seu comportamento na
escola, no seu desempenho nas aulas e nas provas”, diz a
secretária de Educação de Osasco,
Maria José Favarão, mais conhecida como
professora Mazé. “Com essa
aproximação, já temos uma base para
analisar cada situação e assim começar
a lidar melhor com os problemas. Por outro lado, a família
se sente valorizada com a atenção dada pela
escola àquela criança e se envolve mais no
processo educacional”, conclui.
Professores,
alunos e pais são só elogios ao projeto.
“Diante do caso de uma aluna que necessitava de cuidados,
solicitei a visita de uma agente educacional à sua casa.
Depois do relato sobre a visita, descobri que a criança tem
uma vida difícil, um contexto familiar complicado. Isso fez
com que eu desenvolvesse um trabalho diferenciado para que essa aluna
pudesse acompanhar o desempenho da turma”, afirma a
professora Elizandra Barbosa, da EMEF Prof. Valter de Oliveira
Ferreira. “Mas o mais importante foi que agora, depois dessa
visita, a aluna está mais interessada e frequenta mais as
aulas”, continua Elizandra.
Já para a professora Fátima, diretora
da EMEF Alípio da Silva Lavoura, “o programa
está sendo de grande valor para a minha escola, pois estamos
melhorando o vínculo com as famílias e conhecendo
melhor nossos alunos. Quando temos um caso que para nós, da
escola, está sendo complicado, podemos agora contar com as
agentes educacionais, que buscam o auxílio familiar. Sabemos
que só com vontade e comprometimento de todos, escola e
pais, podemos ter uma educação de
qualidade”.
“Agradeço muito a
colaboração dessas pessoas que se
dispõem a ir à nossa casa, como a Helena, que
nós conhecemos. Vi como seu trabalho é
sério. Parabéns e obrigada por existirem pessoas
como vocês, que querem verdadeiramente ajudar nossos
filhos”, conclui Rosana Santos, mãe da aluna
Nádia Lana, da turma 1ºC da EMEF Tobias Barreto de
Menezes.