Localizada
na aldeia Tuxá, na área urbana do
município baiano de Rodelas, a 500 quilômetros de
Salvador, a Escola Estadual Indígena Capitão
Francisco Rodelas tem 135 alunos matriculados. São nove na
educação infantil e 126 no ensino fundamental 1 e
2. Criada há dez anos, a instituição
atende estudantes dos povos Tuxá e Pancararé.
“Eu moro dentro da aldeia, assim como a maioria dos
professores e funcionários da escola”, conta a
diretora da instituição, Genicléia
Santos de Aprígio, que prefere ser chamada de
Cléia. “É como se fosse um bairro da
cidade.” Formada em letras, com
pós-graduação em língua
portuguesa e literatura, Cléia deu aulas no
período de 1999 a 2002, até assumir o cargo de
diretora.
“Gosto muito da minha profissão, apesar de sofrida
e, muitas vezes, desvalorizada”, afirma. “Conviver
com crianças e jovens, vê-los crescer, adquirir
conhecimentos e perceber que eles têm nos estudos a
oportunidade de melhorar as condições de vida
são coisas gratificantes.” Índia
tuxá, ela resolveu ingressar no magistério por
influência da mãe, que era professora da
Fundação Nacional do Índio (Funai).
O trabalho na unidade de ensino é realizado da mesma maneira
que nas instituições não
indígenas. “A escola funciona nos turnos matutino
e vespertino, as turmas são organizadas em séries
e nossos alunos têm aulas todos os dias”, explica.
“Não temos necessidade de elaborar
calendário diferente.”
Raízes — No currículo, além
das disciplinas da base nacional comum, os professores inserem
conhecimentos relativos à cultura dos tuxás e de
outros povos. Assim, retransmitem os ensinamentos dos
anciãos e líderes espirituais. De acordo com
Cléia, a escola procura disseminar os conhecimentos
necessários para o exercício da cidadania e para
a atuação no mundo contemporâneo, sem
deixar que os alunos esqueçam as raízes e
tradições. Eles devem sempre buscar a
autoafirmação indígena.
Segundo a coordenadora de educação
indígena da Secretaria da Educação da
Bahia, Rosilene Cruz de Araújo Tux, o estado tem
aproximadamente 25 mil índios e 59 escolas
indígenas, todas localizadas em aldeias. Com uma
população em torno de 14 milhões de
habitantes, segundo dados de 2007 do IBGE, a maior parte formada por
afrodescendentes — 63,4% da população
é parda; 15,7%, negra; 20,3%, branca e 0,6% amarela ou
indígena —, o estado tem atuado de diferentes
formas no cumprimento da Lei nº 11.645/2008, que incluiu no
currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da
temática história e cultura afro-brasileira e
indígena.
Rosilene adianta que entre as iniciativas adotadas estão a
formação continuada para professores das redes
municipais e estaduais de ensino, a aquisição de
livros e a realização de
videoconferências e seminários.
Fátima Schenini
Fonte:
MEC (http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17382).