A
cooperação e a troca de experiências
nas áreas de currículo, tecnologias,
avaliação e gestão na
educação básica são temas
do encontro Brasil-Finlândia, que acontece em
Brasília, nesta segunda-feira, 28, e na
terça-feira, 29. O evento é promovido pelo
Ministério da Educação e pela
Embaixada da Finlândia.
Para a diretora de currículos e
educação integral da Secretaria de
Educação Básica (SEB) do MEC,
Jaqueline Moll, embora os sistemas de ensino dos dois países
sejam muito diferentes, especialmente quanto ao número de
estudantes, professores e escolas, existe interesse mútuo no
diálogo para futura cooperação. O
estudo do currículo da educação
básica finlandesa é um dos temas da pauta.
Da apresentação feita pela diretora do Conselho
Nacional Finlandês de Educação, Kaisa
Vähähyyppä, sobre a
organização educacional do seu país,
Jaqueline Moll destaca como importantes a autonomia assegurada aos
professores para ensinar e avaliar como cada estudante aprende os
conteúdos, o diálogo de professores e estudantes,
o diálogo de professores e pais, e o foco na
formação de cidadãos
autônomos.
Aprender a realizar tarefas é um elemento chave no
currículo da escola finlandesa desde o primeiro ano. No
espaço escolar, as crianças se revezam em grupos
para cuidar das plantas, da biblioteca, da coleta de papeis usados, da
reciclagem, da compostagem, do jardim e do aquário, ajudam
na cozinha. Nessas tarefas, os estudantes não são
guiados pelos professores, mas pelos adultos que trabalham na escola
– equipes de limpeza, da cozinha, o jardineiro. No
país, segundo a diretora Kaisa, a responsabilidade de educar
é dividida igualmente por todos, sem hierarquia.
Diferenças – Jaqueline Moll alerta que
é preciso ter cuidado quando se fala sobre a realidade
educacional de nações como o Brasil e a
Finlândia. Entre os dados mais importantes que devem ser
levados em consideração estão a
geografia e o tamanho das redes de ensino básico: o Brasil
em 52 milhões de estudantes, sendo que 48 milhões
estudam na rede pública; 190 mil escolas e 2
milhões de professores. A Finlândia, por sua vez,
tem 500 mil alunos e 50 mil professores e uma
população de 5,3 milhões de habitantes.
Ao apresentar o sistema educacional brasileiro aos finlandeses,
Jaqueline Moll fez um histórico e lembrou que, durante
séculos, o Brasil importou políticas educacionais
de outros países – de Portugal, dos Estados
Unidos, da Espanha.
Nos últimos nove anos, segundo a diretora, a
organização do sistema educacional vem passando
por profundas mudanças, o que permite ao Brasil viver agora
o que a Europa viveu depois da segunda guerra mundial. Entre os pontos
das mudanças, estão a
educação obrigatória, com oferta na
rede pública para estudantes de seis aos 14 anos de idade,
educação de jovens e adultos,
definição de um piso nacional de
salário para os professores, ampliação
dos recursos para atender toda a educação
básica, oferta progressiva de educação
integral, a criação de um sistema de
avaliação que compreende a aprendizagem, as
escolas e as redes públicas.
Finlândia – País situado no norte da
Europa, a Finlândia é uma república
parlamentar com território dividido em 348
municípios. Seu Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) em 2010 foi de 0,871, considerado muito elevado; a expectativa de
vida é de 79,3 anos e a mortalidade infantil é de
3,7 mortes por mil nascimentos; 99% da população
é alfabetizada.
Na educação básica, os alunos
não fazem provas na sala de aula. De acordo com a diretora
do Conselho Nacional Finlandês de
Educação, Kaisa
Vähähyyppä, se tivessem que fazer testes, os
alunos iriam estudar para as provas e depois disso esqueceriam tudo. No
nosso modelo, explica, pensamos numa aprendizagem ampla, onde o
professor estimula o aluno a planejar seus estudos, a pesquisar, a ter
autonomia na construção de sua
formação.
O único teste que os estudantes finlandeses fazem
é o Pisa, uma avaliação trienal para
jovens de 15 anos, nas áreas de matemática,
ciências e leitura, aplicada pela
Organização de Cooperação
dos Países Desenvolvidos (OCDE) em 65 países. No
Pisa 2009, a Finlândia obteve 536 pontos e ocupa o terceiro
lugar, só superada por Shangai (China) e Coréia
do Sul. No mesmo exame de 2009, o Brasil teve 412 pontos e
está no 53º lugar na tabela geral.
Ionice Lorenzoni
Fonte:
MEC
(http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17273).