Frio na barriga, ansiedade, mas, acima de tudo, esperança e vontade de aprender. São esses os sentimentos relatados pelos dez bolsistas do Programa Universidade para Todos (Prouni) que foram selecionados para estudar na Universidade de Salamanca, na Espanha. Os alunos, que embarcam para o país europeu no próximo dia 12, tiveram um encontro com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Educação, Fernando Haddad, nesta segunda-feira, 5.
Os dez alunos selecionados são da Bahia, Minas Gerais, Paraná, Maranhão, Espírito Santo e São Paulo. Eles foram os primeiros colocados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, em sete áreas específicas, que atendem aos critérios do Prouni e aceitaram cursar a graduação na Universidade de Salamanca. A parceria entre o Ministério da Educação e a instituição espanhola foi firmada em janeiro deste ano.
Ao conhecer os bolsistas e desejar a eles bons estudos durante os quatro anos em que ficarão fora do Brasil, o presidente Lula ressaltou a importância de convênios entre diferentes países. “Agora, estamos mandando nossos alunos para fora, mas o Brasil já tem condições de receber alunos estrangeiros também, para estudar em nossas universidades, em cursos de excelência”, disse.
De acordo com o ministro Fernando Haddad, o país já vem sendo procurado por outras instituições estrangeiras. “As fronteiras se abrem. Este ano, oferecemos dez bolsas, mas espero que possamos chegar a cem ou a mil nos próximos anos”, enfatizou.
Os estudantes se dizem animados e já começaram a aprender a língua espanhola, em um curso preparatório que teve início no Brasil e vai seguir na Espanha, até que comecem as aulas na universidade, em setembro. O curso de espanhol vai auxiliar os jovens no teste de proficiência que farão em junho.
Nenhum deles já esteve fora do país. Por isso mesmo, fizeram amizade entre eles e prometeram ajudar uns aos outros enquanto estiverem fora. “Ainda mais, porque estaremos longe das nossas famílias”, disse Rubens Lima, de 17 anos, o mais novo do grupo. O rapaz, de Osasco (SP), conta que, no começo, ficou assustado com a proposta. “Minha mãe não queria que eu saísse de casa, ainda mais para um lugar tão longe. Mas, resolvi aceitar o convite, já que a Universidade de Salamanca é uma das melhores do mundo e hoje estou muito feliz por ter essa oportunidade”, afirmou.
Todos os estudantes vêm de famílias de baixa renda. Todos, também, se mostraram capazes de superar desafios e alcançaram boas notas no exame que os levou a conquistar uma vaga na universidade espanhola. Enquanto a nota mínima para classificação no Prouni era de 400 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os dez bolsistas chegaram além dos 700 pontos.
Danilson Silva, de 18 anos, morador de Caxias (MA), chegou à nota 771 e conseguiu passar para o curso que queria: engenharia de informática. Só não imaginava que cursaria sua graduação na Espanha. “Quando recebi o telefonema do Ministério da Educação, fiquei pensando se era verdade. Mas, mesmo assim, aceitei na hora”, relatou. A bolsa do Prouni não foi a primeira conquista na vida escolar de Danilson; o aluno foi medalhista de prata e bronze em três edições da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep).
Haddad considera o desempenho dos alunos bolsistas equivalente ao desempenho de estudantes de países de primeiro mundo. O ministro ainda fez questão de lembrar da contrapartida dos alunos que vão para a Espanha. “Só têm dois compromissos a cumprir: obter bom desempenho acadêmico e voltar ao Brasil”. Na visão de Danilson, essa é uma questão de ordem. “Quero ajudar no desenvolvimento do nosso país”, destacou.
O intercâmbio nesta primeira versão do chamado Prouni Internacional – que oferecerá 40 bolsas ao longo de quatro anos – será nas seguintes áreas: pedagogia, matemática, farmácia, engenharia civil, engenharia química, comunicação social e engenharia de informática.
Para que tenham condições de subsistir no país, os alunos receberão uma bolsa permanência paga pelo banco Santander, de até 11,8 mil euros por ano – o que equivale a cerca de R$ 30 mil – para custear hospedagem, alimentação e um deslocamento anual da Espanha para o Brasil, na época do recesso de fim de ano.
Letícia Tancredi
Fonte: MEC (http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=15293)
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