Um trabalho desenvolvido pela professora de artes do São Rafael, Sueli Sousa Lopes, com a supervisão pedagógica de Terezinha Fátima Pinto, tem a parceria da voluntária e artista plástica Eni DCarvalho.
Deficiência visual
Alunos do São Rafael se emocionam em aeroporto -
Visita ao Aeroclube de Minas, em BH, é resultado de trabalho feito sobre Santos Dumont pelos estudantes
Gustavo Werneck - Estado de Minas /
Euler Júnior/EM/D.A Press.
Jovens tatearam equipamento e ouviram informações de instrutor de voo
A imaginação do adolescente era infinitas vezes maior do que a aeronave, mas, com o entusiasmo a flor da pele, ele tateou a hélice do monomotor, ouviu, com atenção, as informações técnicas sobre seu funcionamento e andou, o quanto pôde, ao seu redor. Na tarde de segunda-feira, na companhia de outros 40 estudantes do Instituto São Rafael, instituição estadual especializada na educação de deficientes visuais, Lucas Felipe Costa Vieira, de 16 anos, conheceu bem de perto um hangar e seu personagem principal: o avião. Na sede do Aeroclube do Estado de Minas Gerais, no Aeroporto Carlos Prates, no Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste de Belo Horizonte, ele se divertiu com os amigos, fez perguntas e viajou, sem medo, nas asas da sua emoção.
A visita ao aeroclube é resultado dos estudos feitos pelos alunos do ensino fundamental e médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA) sobre Santos Dumont (1873-1932). "Já sei muito sobre a vida dele. O Pai da Aviação era mineiro e foi o primeiro homem a voar. Além disso, o seu pai tinha uma fazenda aqui no estado", contou Lucas, ao lado do inseparável amigo Max Souza Fernandes, de 12. "A gente aprende e também aproveita o passeio, que está muito legal", comentou Max com um sorriso maroto.
À frente da longa fila que se formou ao lado do monomotor – o Tupi, fabricado pela Embraer e de propriedade do aeroclube –, o instrutor de voo Marcos Baeta explicou sobre a função de cada equipamento, como a hélice, o trem de pouso, o manche, que corresponderia ao volante de um carro, as manetes de potência para garantir a aceleração, o painel de instrumentos e, claro, as asas. "Embora tenham sua limitação, eles estão felizes por ter a oportunidade de conhecer os detalhes de um avião, que é um símbolo de liberdade", afirmou Baeta.
Passando a mão sobre o bico da aeronave, Dilmar Ferreira dos Santos, de 26, disse que nunca viajou de avião, mas que, depois da experiência de ontem, está pronto para voar. Perto dali, uma turma já se sentia nas nuvens, verdadeiros passageiros de primeira viagem. Gustavo Moreira Reis e Stanley Richard Porto dos Santos, ambos de 12, e Heleno Felisberto da Paixão e Silva, de 27, aguardam com ansiedade o dia em que poderão ir muito além do aeroporto. Devido ao esporte que pratica, a atleta de corrida Ana Paula Souza Gabriel, de 37, já perdeu a conta dos seus pousos e decolagens, mas não escondeu a surpresa. "Estive dentro dos aviões grandes, mas nunca tinha tocado uma aeronave. É bem diferente", comentou.
Outra que aproveitou bem a tarde foi Priscila Melo Cândido Evangelista, de 17, que agora sabe que as asas, no céu, funcionam como esquis, quando ganham velocidade; as hélices têm as características de um ventilador; e o GPS substituiu as velhas bússolas, durante a navegação. Raiane Monteiro dos Reis, de 13, aluna da 7ª série, e José Antônio Rocha, da 6ª série do EJA, também escutaram, atentos, as explicação do instrutor Baeta sobre as manobras dos pilotos.
Bem-humorada, a professora de artes do São Rafael, Sueli Sousa Lopes, também cega, ficou surpresa ao tocar o monomotor: "Parece com esses aviõezinhos de papel que a gente faz". O trabalho desenvolvido por ela, com a supervisão pedagógica de Terezinha Fátima Pinto, tem a parceria da voluntária e artista Eni DCarvalho. "Essa atividade extraclasse é uma trajetória de solidariedade e vivência, pois leva os estudantes a experimentar uma situação nova, que é sempre um desafio", disse Eni, que está em busca de patrocínio para dar continuidade ao projeto.
Olhos do coração
A Associação de Cegos Louis Braille (ACLB) e os Lions Clubes realizam, no dia 26, às 20h30, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, o show beneficente Concerto caipira e outras músicas, com a Orquestra Mineira de Violas. O evento faz parte dos 75 da entidade e comemora os 200 anos de nascimento de Louis Braille, o criador do sistema braille de leitura para cegos. AACLB realiza uma série de serviços em prol dos cegos, entre eles o Lar das Cegas, que acolhe como residentes várias mulheres cegas carentes, algumas por mais de 50 anos.
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