Inaugurada pela primeira vez em 1957 e derrubada para dar lugar a um campo de futebol 32 anos depois, a Escola Classe Júlia Kubitschek, na Candangolândia, foi erguida novamente e reinaugurada na manhã dessa sexta-feira (13). A primeira escola da nova capital levava o nome da mãe do presidente Juscelino Kubitschek e ficava próxima dos acampamentos dos candangos, para que os filhos desses operários pudessem estudar.

Toda estruturada em madeira, a escola seria substituída por um colégio de concreto conforme promessa feita na época. Mas só agora, 52 anos depois, os moradores da cidade puderam ver o prédio definitivo, que vai atender 2,4 mil alunos.

“Esta foi a primeira escola de Brasília e ela passa a ser o símbolo da nossa prioridade para a educação. Hoje ela é uma escola moderna com tudo que a tecnologia pode oferecer para uma educação de qualidade. Estou muito feliz porque nosso investimento na educação já está sendo reconhecido em todo Brasil”, disse o governador José Roberto Arruda durante a inauguração.

Um investimento de R$ 3,744 milhões fez renascer o antigo sonho dos moradores. As portas do centro de ensino foram abertas na última segunda-feira (9), quando teve início o ano letivo. Em uma área construída de 3.740 metros quadrados, o prédio de dois pavimentos abriga 18 salas de aula com capacidade para 50 alunos cada, quadra poliesportiva, biblioteca, laboratórios de física, química, biologia e sala de vídeo.

A diretora e ex-aluna da escola, Irisneide Moura, 58 anos, se emocionou ao lembrar de um sonho de tantos anos. “Fui aluna desta escola no final dos anos 50. Reinaugurá-la é uma volta ao tempo indescritível. Estamos vivendo um momento alto da educação, com o resgate de uma dívida que tínhamos com os filhos e netos de pioneiros”, avaliou a diretora.

A aluna da 8ª série Andressa Machado, 15 anos, até o ano passado estudava na rede de ensino particular. “Gostei muito da escola. Não é nada do que falam de colégio público. A estrutura física dessa escola é muito melhor do que a que eu estudava antes e os professores são ótimos”, disse a garota.

A Escola Classe, construída em um ano, atende alunos do Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries) e Médio. De acordo com a diretora, a escola recebeu este ano cerca de 1,4 mil alunos de Centro Educacional da Candangolândia e outros mil vindos de outros colégios, inclusive do ensino particular.

Para o governador Arruda, a escola une a história e a perspectiva de futuro. “Ela leva o nome de Júlia Kubitschek, uma humilde professora do interior de Minas que alfabetizou seu filho Juscelino, que depois virou maior presidente da história do país”, disse Arruda.

O pioneiro e ex-diretor da Novacap, Ernesto Silva, testemunhou as duas inaugurações. Em 1957, ao lado do engenheiro construtor de Brasília, Israel Pinheiro, e do então ministro da Educação Clóvis Salgado e agora. “A educação sempre deve estar em primeiro lugar. O resto é subproduto”, declarou o pioneiro.

Ernesto Silva contou que o nome da escola foi dado no dia 19 de setembro de 1959, aniversário da Dona Júlia. “Ela fez uma visita à escola e nós propusemos que a escola levasse o nome dela”, lembrou.

Também participaram do evento os secretários de Educação José Luiz Valente, de Educação Integral Marcelo Aguiar, o vice-governador Paulo Octávio, Alejandra Kubitschek, neta de Juscelino Kubitschek, e o administrador da Candangolândia João Hermeto.

Para preservar a história da escola, será construída ao lado da quadra de esportes uma réplica da antiga, em madeira, com aproximadamente 600 metros quadrados, 10 salas e capacidade para 300 alunos. Não há previsão para o início das obras.

De acordo com o administrador João Hermeto, o local poderá funcionar como biblioteca ou museu da história da cidade. “Vamos ver o que melhor se adapta a réplica”, disse Hermeto.

“Vamos fazer a réplica sim. A preservação do patrimônio histórico mostra a cultura de uma sociedade, seu grau de desenvolvimento. Quem não respeita sua história não constrói um futuro bom”, disse o governador. (Clica Brasília)