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Ensino aos professores - 09/02/2009 13:47:41

Censo da Educação Superior de 2007, divulgado esta semana pelo Ministério da Educação, confirma a tendência de redução do número de universitários formados em cursos voltados a disciplinas específicas do magistério. Significa que a profissão de professor é cada vez menos atraente para quem busca a formação superior como acesso ao mercado de trabalho. A deformação pode ser comprovada em outro estudo do MEC, que aponta cerca de 300 mil pessoas dando aulas no país em áreas diferentes das quais se formaram. A consequência da improvisação é a má qualidade do ensino. O problema é que os professores não aprendem a ensinar.

Os baixos salários pagos ao magistério e a pouca valorização social da carreira são as principais causas do desinteresse dos jovens pela profissão. Reconhecido como um dos principais pensadores da educação no Brasil, o articulista da revista Veja Claudio de Moura Castro chega a afirmar que os alunos que escolhem pedagogia são os mais fracos. Justamente por terem recebido educação básica fraca, eles se sentem desqualificados para disputar vagas em faculdades mais fortes e competitivas. E aí estabelece-se o círculo vicioso: professores mal formados ensinam mal e transmitem suas deficiências para os alunos.

O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) não esconde o problema: menos da metade dos alunos brasileiros chega à 4ª série funcionalmente alfabetizada. Na comparação com estudantes estrangeiros, as médias nacionais são constrangedoras. O país colocou praticamente todas as crianças na escola, mas não consegue proporcionar a elas um ensino minimamente qualificado.

Também é parte deste conjunto de incongruências a falta de senso crítico das famílias em relação à escola. Por incrível que pareça, as crianças não estão aprendendo, mas 80% dos pais, dos alunos e dos próprios professores se dizem satisfeitos com o sistema educacional. Talvez aí esteja o grande problema da educação no país, pois a falta de consciência impossibilita a pressão social sobre os governantes para que invistam mais na qualificação do ensino. Como a formação educacional de um povo está diretamente relacionada com o seu desenvolvimento, o Brasil parece sentenciado ao atraso.

Mas esta realidade pode ser alterada. A cada novo levantamento sobre a educação no país, como este que o MEC acaba de divulgar sobre a formação de professores, acende-se um novo sinal de alerta. Não há mais como ignorar a baixa qualidade do ensino nas escolas brasileiras, tanto na área pública quanto na rede privada. Ao dar visibilidade à má formação de docentes, que é apenas um dos aspectos a serem corrigidos, o MEC está batendo na tecla certa, pois os brasileiros precisam se conscientizar das deficiências para exigir mais qualidade. Assim como os professores precisam aprender a ensinar, os cidadãos também carecem deste aprendizado de cidadania.


“Assim como os professores precisam aprender a ensinar, os cidadãos também carecem deste aprendizado de cidadania.” (Diário de Cuiabá

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