Cinema na Educação
Toy Story
Sonhar é preciso
Sonhar é preciso. Mais que preciso, é necessário. E qual criança nunca sonhou com a possibilidade de seus brinquedos ganharem vida? As bonecas das meninas se levantarem e se encaminharem para suas cozinhas ou para seus carros, cuidarem de seus bebês ou pentearem seus cabelos? Os dinossauros e bonecos articulados dos meninos iniciarem suas aventuras, caçando, se escondendo, conversando entre si, se deslocando em seus veículos,...
Acredito que as crianças, em seu diálogo constante com os brinquedos, dêem vida e criem todas as aventuras possíveis durante o período em que estão interagindo com seus carrinhos, bolas, bonecas ou ursos de pelúcia. Quando digo interagindo, não pensem que estou indo além daquilo que nós adultos somos capazes de perceber por estar com alguns parafusos a menos. Pelo contrário, penso que preservo dentro de mim parte da fantasia que reside no universo infantil e, por isso, ainda consigo ver nos brinquedos uma energia que, na realidade, ultrapassa tudo aquilo que pode ser obtido a partir de pilhas, baterias, cordas,...
Você já se imaginou como um daqueles peões que circulam nos jogos de tabuleiros, como o Banco Imobiliário, o War ou o Detetive? Já imaginou que o xadrez, o jogo de damas ou gamão podem ser algumas das melhores diversões que existem? Esqueceram disso ou estimulam filhos e alunos a conhecer esses brinquedos?
Lembro-me de ter utilizado o jogo War em sala de aula para iniciar as discussões acerca do tema “Imperialismo”. A proposta havia sido feita para alunos do Ensino Fundamental. Queríamos apenas mobilizá-los para que pudessem se sensibilizar a respeito das possibilidades existentes naquele tabuleiro e na disputa por territórios na América, Oceania, Ásia, África ou Europa. Cada um teria que atingir seu objetivo secreto para poder ganhar o jogo. Acreditava que todos já conheciam o jogo. Para minha surpresa, mais de 80% dos alunos desconheciam o jogo. Para meu contentamento, todos gostaram muito da experiência e conseguimos fixar os conceitos com grande facilidade.
Já pensei em outras possibilidades de trabalho utilizando jogos e brinquedos. Cheguei mesmo a realizar uma proposta com alunos do Ensino Médio (1º Ano) em que eles tinham que criar um jogo relacionado à temática da Liberdade. O resultado? Foi fantástico. Tivemos desde jogos de tabuleiro baseados em modelos conhecidos como os anteriormente mencionados, peões identificados como personagens históricos (Gandhi, Hitler, Bob Marley, Nietzche,...), jogos de cartas (como os “trunfos”),...
Efetivamos uma aprendizagem que, acredito, tenha sido realmente lúdica. Os brinquedos e jogos foram ganhando vida. Nossa experiência aumentou consideravelmente. A criatividade dos alunos recebeu estímulos consideráveis e, a aprendizagem se efetivou como queríamos (talvez até um pouco além do que tínhamos previsto). A brincadeira rendeu frutos e enorme prazer...
O Filme
Woody é um cowboy que faz enorme sucesso com Andy, seu dono, um menino de 7 anos de idade. Como muitos garotos dessa idade, Andy possui muitos brinquedos. Eles se avolumam em seus baús e estantes há algum tempo. Além do bom xerife, o arsenal do garoto é composto de bonecos de todos os tipos (do impagável dinossauro ao aborrecido Senhor Cabeça de Batata), carrinhos, jogos, bolas,...
O xerife Woody é, no entanto, o preferido entre todos os brinquedos. Sempre acaba sendo escolhido para acompanhar o menino nas viagens. Apesar dos aniversários e do Natal, quando novos brinquedos se incorporam a comunidade, não consegue ser superado nas preferências de Andy. Até o momento em que, entre jogos, bolas, tacos de baseball e outros presentes, chega o patrulheiro espacial Buzz Lightyear.
Incrivelmente moderno e arrojado, com um design inovador e botões que acendem luzes ou movimentam asas, Buzz vem para ocupar o lugar de Woody no coração de Andy. Ou pelo menos é isso que pensa o bom e velho cowboy. Abalado em sua credibilidade junto a seu dono e carente de atenção, Woody percebe que mesmo os outros brinquedos parecem estar passando o respeito e a admiração que tinham por ele para o simpático e vigilante Buzz.
“Toy Story” foi o primeiro grande sucesso da associação entre a Disney e a Pixar (empresa especializada em animações computadorizadas, que produziu recentemente o mega-sucesso “Procurando Nemo”). Cativa às crianças e seduz os adultos ao nos contar a história dos brinquedos que andam, conversam, se aventuram e se solidarizam. Imperdível para quem ainda não viu. Obrigatório para aqueles que já viram e querem rir e se divertir novamente numa boa reprise.
Aos Professores
1- Peça a seus alunos que tragam para a escola alguns de seus bonecos e bonecas. Requisite também sucata. Junto com eles criem um roteiro simplificado do filme “Toy Story” e procurem perceber quais os caminhos trilhados pelos personagens principais da história. Proponha as crianças que se criem variações dos ambientes apresentados em “Toy Story”. Utilize a sucata (e cola, tesoura, lápis de cor, giz de cera, revistas,...) para fazer isso. Estimule-os a tentar se aproximar ao máximo daquilo que foi mostrado no filme. Depois de reproduzirem os espaços, permita que eles brinquem refazendo a história ou criando outras.
2- Outra boa alternativa seria propor aos alunos que, conjuntamente escrevessem um livro infantil (ilustrado), em que reproduzissem a história do filme. A organização do grupo passaria pela listagem do material necessário, a divisão das funções (grupo responsável pelo texto e pelas imagens), se o produto final seria feito com colagens ou desenhos,... Uma outra possibilidade dentro dessa proposta seria dividir as turmas em pequenos grupos que tivessem como objetivo reescrever o enredo do filme, definindo novos papéis, personagens e trama.
3- Trabalhar com a sucata para produzir brinquedos que reproduzam a realidade brasileira ou a cultura nacional pode ser também uma experiência bem interessante. Nesse sentido seria imprescindível resgatar personagens típicos do folclore nacional ou ainda a obra de Monteiro Lobato e os personagens da turma da Mônica, de Maurício de Souza.
4- Incentivar as crianças a recolher seus brinquedos mais antigos, esquecidos no fundo de seus armários e, com a doação dos mesmos em instituições assistenciais, de apoio a crianças carentes ou doentes, seria a melhor de todas as iniciativas. O melhor num projeto como esse é permitir que as crianças se envolvam diretamente, indo junto com professores e coordenadores da escola as instituições e fazendo pessoalmente as doações. O contato com diferentes realidades é lição sem igual para qualquer criança, de qualquer idade.
Ficha Técnica
Toy Story
País/Ano de produção:- Estados
Unidos, 1995
Duração/Gênero:- 81 min., Animação
computadorizada
Disponível em VHS e DVD
Direção de John Lasseter
Roteiro de Joss Whedon, Andrew Stanton, Joel Cohen
e
Alex Sokolow
Elenco (vozes):- Tom Hanks, Tim Allen, Don Rickles,
Jim Varney, John Morris,
Wallace Shawn, John Ratzenberger,
Erik Von Detten.
Links
- http://www.adorocinema.com.br/filmes/toy-story/toy-story.htm
- http://www.imdb.com/title/tt0114709/ (em inglês)