Sheila Cristina de Almeida e Silva Machado Graduada em Pedagogia; Especializada em Orientação Educacional; Pós-Graduada em Psicopedagogia; Atua como Orientadora Educacional no Colégio Poliedro de São José dos Campos – SP.
Professor bonzinho = Aluno difícil
Coluna Planeta Literatura
Celso
Antunes destaca neste livro que o professor bonzinho, permissivo, perde
sua identidade como pessoa. Podemos ser amigos, compreensivos, mas o
limite deve ser bem claro, bem definido e a
preocupação em acompanhar o processo de
construção do conhecimento dos alunos deve ser
efetiva.
Na sala de aula a conversa entre os alunos é
inevitável; é impossível ficar ao lado
dos amigos sem conversar; o que devemos fazer é aproveitar
essa conversa como instrumento para um trabalho pedagógico,
aprender a ser um administrador de conversas, expositor de desafios,
instigador de perguntas. O autor alerta que devemos tomar cuidado com o
silêncio humano. Este esconde muitas vezes problemas
emocionais ou disfunções agudas.
Ao ensinar, é fundamental que o professor peça
aos seus alunos que opinem, sugiram, contem coisas de seu eu e de seu
mundo. Jamais matar a curiosidade apresentando rapidamente a resposta;
faça-os buscar pelos caminhos da pesquisa, pela
reflexão do debate. E nunca se esqueça de levar
para a sala de aula o sorriso, a boa educação
(polidez) e o bom senso.
Com alunos difíceis, ou seja, aqueles que não
querem nada com a aula, procurem não se exasperar, dar
broncas. Após o final da aula chame esse aluno para
conversar; faça-o descobrir que você quer
ajudá-lo.
Diálogo, polidez e bom humor são aliados
incondicionais para o bom relacionamento entre professores e alunos em
sala de aula.
Existem algumas idéias levantadas por Celso Antunes que
podem auxiliar os professores em seu dia a dia, obtendo assim maior
prazer e sucesso no seu trabalho. Vamos a eles:
• Definir de forma clara e cristalina as regras disciplinares.
• Estabelecer canais límpidos de
comunicação entre os alunos, diretores, pais,
orientadores e professores.
• Assiduidade e pontualidade.
• Associar o conhecimento novo aos saberes que os alunos
possuem.
• Preparar de maneira cuidadosa a aula.
• Traçar um projeto de atividades anuais, dividindo
suas etapas semana após semana.
• Estabelecer, se possível em consenso com a
classe, os limites desejáveis das condutas e
cobrá-los sempre de maneira imediata e coerente.
• Entrar em sala e, sem demora, iniciar a aula.
• Cobrar, com firmeza, mas sempre com bom humor (quando
possível), a colaboração de todos e
ser um árbitro sereno no cumprimento das regras de conduta
consensualizadas com a classe.
• Falar com expressividade e clareza.
• Iniciar os trabalhos com um plano de aula simples, mas
objetivo e coerente.
• Movimentar-se todo o tempo, manter-se alerta a todos e
também a todas as ocorrências.
• Mostrar sempre disposição para manter
a calma e a serenidade, mesmo em situações mais
difíceis.
• Saber dar a devida importância ao tom de voz
empregado e estudar a linguagem gestual.
• Jamais comparar-se a qualquer colega. Nunca comparar um
aluno ou uma classe com outra.
• Distribuir com uniformidade, serenidade e justiça
a atenção de todos.
• Analisar com calma as razões que podem levar
alunos ao desinteresse ou a indisciplina e discutir, particularmente
com os mesmos essa postura.
• Conhecer diferentes estratégias de ensino, jogos
operatórios, técnicas de ensino e aprendizagem.
• Possuir projetos de avaliação claros e
explícitos.
• Manter atualizados seus registros e suas notas.
• Cumprir com integridade tudo quanto prometeu.
Ensinar utilizando diferentes recursos e estratégias para
despertar a curiosidade e incentivar os alunos em sala de aula e
projetos é eficiente medida contra a indisciplina.
• Fazer das perguntas uma eficiente ferramenta de aprendizagem.
• Não se desgastar ensinando aos alunos tudo aquilo
que sozinhos eles podem aprender.
• Estimular o aluno para interpretar o aprendizado usando
diferentes habilidades.
• Ensinar seus alunos a leitura dos saberes que se encontram
em diferentes linguagens.
• Saber delegar aos alunos tarefas e
funções junto à classe que explorem
capacidades de aprender e de aprendizagem.
• Fazer revisões periódicas daquilo que
foi aprendido.
• Organizar de forma eficaz, na medida dos possível
em consenso com os alunos, o espaço da sala de aula e a
disposição dos lugares de cada um.
• Cuidar da sua apresentação,
dignificando a importância e até o sentido do ato
pedagógico.
• Mostrar atenção aos problemas dos
alunos.
• Concluir a aula de maneira amistosa e bem-humorada.
É importante destacar que os passos sugeridos costumam
ajudar a resolver parte expressiva dos problemas disciplinares; mas
não os eliminam por completo. A continuidade de
aplicação dos procedimentos é que pode
garantir a perenidade dos bons comportamentos, da
participação dos estudantes nas aulas, o debate
em torno das idéias e conteúdos trabalhados,...
Para concluir, o professor precisa ser amigo dos alunos, companheiro e
compreensivo, ter a mentalidade aberta e acompanhar o processo de
construção do conhecimento, atuando como agente
entre os objetos do saber e a aprendizagem e ter a certeza de que, quem
educa semeia um futuro melhor...