Carpe Diem
Epitáfio
Uma Composição de Sérgio Brito
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
Até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e tristezas que vier
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Composição de Sérgio Brito
As vezes olho pela janela do carro em movimento e tenho a impressão de que a vida também está transcorrendo no ritmo acelerado das paisagens pelas quais estou passando. Nesses momentos me pergunto se o rumo que tenho dado a minha existência é aquele que desejava ou que sonhava quando era mais novo. Isso também já aconteceu com você? Se não no automóvel, enquanto caminhava pelas ruas, subia pelo elevador rumo ao trabalho ou ainda quando distraidamente olhava pela janela de sua casa?
Gostaria que escrevessem em meu epitáfio que a pessoa a qual se referem morreu feliz... Contente com os destinos de sua vida, com os encontros que teve, com as realizações que surgiram a partir de suas práticas, com os acertos e até mesmo com os erros de sua vida, com a grandeza de alguns (ou muitos) momentos e as fraquezas de outros, com a chuva que lhe molhou o rosto ou com o sol que lhe aqueceu o corpo,...
Não quero olhar para trás e pensar que perdi tempo ou que poderia ter sido melhor algum momento ou fase de minha vida. Lamento pelas pessoas que não aceitam o caminhar dos ponteiros do relógio e querem continuar numa eterna e impossível juventude, como se essa etapa da existência humana fosse o que há de melhor para ser vivido. Foi ótimo ter 18 anos, mas não há como negar que grandes conquistas também aconteceram aos 30 ou aos 40 e que a maturidade e a sabedoria dos que já viveram até os 60, 70 ou 80 anos deve ser louvada e a essas pessoas também traz benefícios e alegrias.
Penso que só devemos nos entristecer se passamos pela vida em brancas nuvens... Sem deixar que nossas palavras escritas, nossas árvores plantadas ou os herdeiros de nosso sangue e de nossos ideais por aqui continuem caminhando e trazendo paz, amor e prosperidade para o mundo.
Epitáfio, composição de Sérgio Brito, cantada Brasil afora com maestria pelos Titãs, nos traz a necessidade da reflexão sobre nossas existências – se fortuitas ou não para o mundo e para nós mesmos... Quando escuto essa música me recordo também das palavras de outro composição, de autoria de Renato Russo, em que destaca-se a idéia de que “Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo...”
Penso que temos que ter mais consciência quanto ao tempo que nos é dado em nossas vidas e, creio, devemos usar cada preciosa hora, minuto e segundo de forma a construir felicidade ao nosso redor. Se assim não o fizermos, o mais provável é que em nossas lápides ou que as últimas palavras proferidas quanto a nós não sejam as tradicionais “descanse em paz” e sim “já vai tarde”...