Aprender com as Diferenças
Soyuz, um Buldogue Meio Grogue.
Luís Campos - Blind Joker
"Brincar, Sorrir e Sonhar, são coisas sérias!"
Editor: Luís Campos - Blind Joker
Salvador - Bahia – Brasil
Narrador - Oba! Hoje saberemos o resultado da tal reunião...
Elisete - Já era tempo, né, Seu Narrador?
Narrador - Olha, Dona Elisete, esses escritores baianos são assim... Só querem saber de rede, água de coco e acarajé!
Elisete - Não é bem assim, Seu Narrador! Semana passada falei com o autor dessa novelinha e ele me explicou tudo!
Narrador - E a Senhora acreditou? Tudo conversa... O problema do cara é preguiça mesmo, Dona Elisete! Baiano é baiano, né?
Elisete - Mas eu compreendi as razões dele e...
Autor - Com licença, Elisete! Seu narradorzinho de pelada, por acaso tem conhecimento do índice de desemprego nesse país?
Narrador - Pa-patrãozinho... O Senhor não estava dormindo?
Autor - Não, Seu energúmeno... Além de outros afazeres, tive problemas com meu micro e ainda estou arrumando as coisas por aqui, entendeu?
Narrador - Des-desculpe, Patrãozinho... Eu estava só brincando!
Autor - Brincando em serviço? Quer levar uma "Justa Causa", paspalho?
Elisete - Seja um pouquinho mais tolerante, Luís... Ele não falou por mal!
Luís - Ser mais tolerante, Elisete? Eu sustento esse abestado desde minha primeira novelinha! Ele tem narrado todas as demais e está sempre aprontando ou me intrigando com meus leitores e ouvintes!
Narrador - Que eu saiba, Patrãozinho, o Senhor tem apenas um leitor... Que também é seu único ouvinte!
Elisete - Não concordo, Senhor Narrador... Só aqui em casa ele tem, pelo menos, quatro ouvintes!
Luís - Viu, Elisete, como esse indivíduo é abusado? Qualquer hora me aborreço e o mando plantar batatas no asfalto quente!
Narrador - Não faça isso, Patrãozinho... Tenho sete inchadinhos pra dar de comer!
Luís - Sete? Em uma das minhas novelinhas o Senhor disse que tinha apenas quatro remelentos!
Narrador - Sabe como é, né Patrãozinho? Como não havia o que narrar, procurei o que fazer - Rê rê rê!
Luís - Sei, sei... Foi fazer mais alguns barrigudinhos, né?
Elisete - Desculpem se interrompo esse diálogo tão interessante, mas gostaria de saber em que resultou a tal reunião!
Luís - Viu, papudo? Acho melhor você voltar a narrar a novelinha e deixar de conversa fiada!
Narrador - Como o meu salário que não vejo a cor, né Patrãozinho?
Luís - Depois falamos sobre isso... Roupa suja se lava em casa, seu mentecapto!
Narrador - (Rê rê rê... peguei-o!). Certo, Patrãozinho! O ouvinte tem sempre razão! Então, voltemos ao quintal do sítio...
Mocha - Ru ru! Por favor, Soyuz... Ajude Dom Pedrês a contar os votos!
Soyuz - Au au! Certo! Eu conto os "não" e o Pedrês conta os "sim"!
Mocha - Ru ru! Como eu, Poliglota, Pedrês, Soyuz e Felpudo fazemos parte da mesa, digo, da pedra, não votaremos!
Pedrês - Quiquiriqui! Combinado! Então vamos lá! Sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim!
Soyuz - Au au! Não, não, não, não, não!
Mocha - Ru ru! Don Ratón... o Senhor, Dona Giselle e seus três filhos não podem votar!
Ratón - Guinch! Y por que non?
Poliglota - Curupaco! Porque vocês são partes interessadas no pleito!
Felpudo - Miau! Além do mais, seus filhos são "menores"!
Soyuz - Au au! Dona Mocha poderia anunciar o resultado da votação?
Mocha - Ru ru! Claro, Soyuz! Senhores e Senhoras, como os votos da família de Dom Ratón não serão contados, declaro que, por unanimidade, os membros dessa família estão terminantemente proibidos de adentrar qualquer dependência da casa grande!
Ratón - Guinch! Que injusticia!
Felpudo - Miau! Em vista do resultado, nada mais me resta fazer por aqui! Creio que, se Dona Elisete nunca mais pôr os olhos nesses ratos, minha reputação está a salvo!
Soyuz - Au au! É isso aí, Felpudo... Mas sempre que quiser, apareça!
Felpudo - Miau! Obrigado, Soyuz! Vocês são grandes amigos!
Poliglota - Curupaco! Não se vá ainda, Felpudo! Gostaria de aproveitar a presença de todos para sugerir uma coisinha!
Pedrês - Quiquiriqui! Que coisinha, Poliglota?
Poliglota - Curupaco! Eu ouvi que Dona Elisete vai hoje ver o Papa Bento XVI que está visitando o Brasil, então...
Mocha - Ru ru! Deixe de suspense e desembucha, Poliglota! Então o quê?
Poliglota - Curupaco! Bem... Só nós estaremos no sítio... Então... Que tal fazermos um baile à fantasia?
Todos os bichos presentes - FIUIIIII! UUUUUUUU! PLAC PLAC PLAC PLAC!
FIUIIII! VIVA! VIVA! UUUUUUU! FIUIIII! PLAC PLAC PLAC! VIVA! FIUIIII!
Pedrês - Quiquiriqui! Legal! Será uma noite bem divertida!
Soyuz - Au au! E quem animará nossa festinha?
Mocha - Ru ru! Vou procurar uns amigos... Deixem isso comigo!
Todos os bichos presentes - FIUIIIII! UUUUUUUU! PLAC PLAC PLAC PLAC!
FIUIIII! VIVA! VIVA! UUUUUUU! FIUIIII! PLAC PLAC PLAC! VIVA! FIUIIII!
Narrador - Enquanto isso, na cozinha da casa grande...
Elisete - Que barulho é esse? Que estará acontecendo nesse quintal?
Inalda - Aiiiii, meu Jesuszinho Cristinho... Deve di sê o diluvo, Dona Elisete, visse?
Elisete - Que dilúvio, que nada, Inalda... Nem está chovendo!
Inalda - Intonce é um diluvo seco, visse?
Elisete - Assim que um dos meninos chegar, eu peço para ver o que está ocorrendo!
Inalda - Quano ieu digo qui nesse sítio tem insombração, a Sinhora num querdita, visse?
Elisete - Deixe de bobagem, Inalda! Pronto! Acabou a barulheira!
Inalda - Incabô pra Sinhora... Inda tá ni minha cabeça, visse?
Elisete - Voltemos aos nossos afazeres! Já está quase na hora de sairmos para ver a chegada do Papa!
Narrador - Voltando ao quintal...
Soyuz - Au au! Certo, Dona Mocha. Eu, Poliglota e o Pedrês ficamos responsáveis pela decoração!
Felpudo - Miau! Que idéia supimpa, Poliglota! Essa eu não vou perder!
Poliglota - Curupaco! Nesse caso, Felpudo, poderá nos ajudar a decorar o quintal!
Felpudo - Miau! Claro, claro... Com prazer!
Mocha - Ru ru! Já que está tudo combinado, vão todos para suas casas, vistam as fantasias e voltem às vinte e uma horas!
Ratón - Guinch! Y nosotros?
Mocha- Ru ru! Que está esperando, Dom Ratón? Vocês também poderão participar do baile! Vão logo vestir suas fantasias!
Ratón - Guinch! Iuipiii! Vamos, gente!
Pedrês - Quiquiriqui! Soyuz, chamarei as meninas para nos ajudar!
Poliglota - Curupaco! Boa idéia, Pedrês!
Mocha - Ru ru! Bem, rapazes... Vou atrás da orquestra! Até logo!
Narrador - Dona Mocha saiu voando. Os animais que não estavam na comissão organizadora correram para suas casas ou tocas, como queiram, enquanto Soyuz, Pedrês, Poliglota e Felpudo ultimavam os preparativos para realizar o primeiro baile carnavalesco do sítio. Sabem como é, né? Quando o gato não está, o rato passeia! Assim...
Narrador - Acompanhemos Dona Mocha que sobrevoava o bosque existente nos arredores do sítio...
Mocha - Ru ru! Devo encontrá-los por aqui! Acho melhor pousar e procurá-los!
Narrador - Dona Mocha, com grande atenção, caminhava entre as árvores, chamando, vez por outra, pelos amigos...
Mocha - Ru ru! Mac Spo... Nat Oni... Oulis... Preciso falar com vocês!
Narrador - Após caminhar cerca de quinze minutos, Dona Mocha ouviu cantos e sons de flautas e harpas, embora bem baixinhos, que vinham de uma moita próxima. Rodeou os arbustos, caminhou um pouco e, entre alguns carvalhos, sentados sobre algumas pedras, encontrou o que procurava. Alguns seres de pequena estatura, variando entre três e trinta centímetros, peles cinza, grandes narizes redondos, orelhas pontudas, olhos aguçados e longos - alguns violetas, azuis, vermelhos e até mesmo brancos - e cabelos compridos, nessas mesmas cores. Os homens vestiam batas azuis, calças verdes ou marrons. Alguns usavam sapatos de casca de bétula, botas de feltro ou tamancos de madeira, além de chapéus pontiagudos, feitos de feltro e sólidos desde a base, na cor vermelha. As mulheres, por questão de camuflagem, vestiam vestidos cáqui. As cores dos seus chapéus dependia do seu estado civil. As casadas usavam verde escuro e as solteiras verde claro. Alguns tocavam, outros cantavam e a maioria dançava. Nos galhos mais baixos das árvores próximas, viam-se gnomos deitados, comendo amoras silvestres, morangos e pêssegos...
Mocha - Ru ru! Eu vos saúdo, gnomos e gnomíadas! Preciso falar com o Mac Spo!
Narrador - A música parou de repente e um dos gnomos levantou-se e, na língua da coruja, respondeu-lhe...
Dlinb - Ru ru! Olá, Dona Mocha... Quanto tempo, hein?
Mocha - Ru ru! Olá, Dlinb! Não o tinha visto!
Dlinb - Ru ru! E o que deseja do nosso Rei?
Mocha - Ru ru! Preciso falar com o Mac Spo, o Nat Oni ou o Oulis!
Dlinb - Ru ru! Os Ministros Nat Oni e Oulis estão em missão, mas mandarei chamar nosso Rei! Sente-se e aguarde um pouco!
Mocha - Ru ru! Obrigada, Dlinb e desculpem ter interrompido a festa!
Dlinb - Ru ru! Tudo bem... Logo a gente começa outra! (Falando em rúnico, língua dos gnomos) - Rejok, vá chamar nosso Rei! Diga-lhe que Dona Mocha quer falar com ele!
Narrador - Um gnomo gordinho desceu duma pedra e sumiu atrás desta. Alguns segundos depois retornava acompanhado por muitos outros...
Mac Spo - Ru ru! Bons ventos a tragam, amiga Mocha! Folgo em vê-la!
Mocha - Ru ru! Digo o mesmo, amigo Mac! Você não envelhece, né?
Mac Spo - Ru ru! Como não, amiga... Já passei dos trezentos e setenta e oito anos!
Mocha - Ru ru! Não parece ter mais que cento e vinte anos!
Mac Spo - Ru ru! Gentileza sua! Em que podemos ajudá-la?
Mocha - Ru ru! Vai haver um baile carnavalesco lá no sítio e gostaria que vocês tocassem pra nós!
Mac Spo - Ru ru! Será um prazer tocar para vocês! Quando será o baile?
Mocha - Ru ru! Hoje, às vinte e uma horas!
Mac Spo - Ru ru! Diga à bicharada que estaremos lá!
Mocha - Ru ru! Não sei como agradecer, amigo Mac!
Mac Spo - Ru ru! Não precisa agradecer, Mocha. Amigo é pra isso mesmo!
Mocha - Ru ru! Bem, vou indo! Seu povo está convidado para a festa!
Mac Spo - Ru ru! Agradeço em nome da comunidade! Estaremos todos lá! Até mais tarde!
Mocha - Ru ru! Até mais, gente! Obrigada, Dlinb e Rejok... Valeu!
Dlinb e Rejok - Ru ru! De nada, Dona Mocha!
Narrador - Dona Mocha saiu do local e, assim que foi possível, alçou vôo rumo ao sítio...
Narrador - O quintal estava todo enfeitado. Viam-se bolas coloridas penduradas nas árvores, serpentinas entrelaçadas nos galhos e muito confete pelo chão. O local estava muito bonito...
Soyuz - Au au! Finalmente acabamos!
Pedrês - Quiquiriqui! Foi um trabalhão, mas ficou uma belezura!
Poliglota - Curupaco! Nossa decoração está digna dos melhores bailes carnavalescos de antigamente!
Felpudo - Miau! E sem a ajuda das meninas não faríamos nada!
Carijó, Garnisé e Pintada - Có có! Obrigada, Felpudo!
Narrador - Nesse momento, Dona Mocha pousa perto deles e lhe diz: (Ainda bem que Dona Elisete foi ver o Papa, senão ficaria doidinha pra saber o que a coruja falou - rê rê rê! Se não houvesse acabado esse capítulo, né?)
FIM