Planeta Educação

Aprender com as Diferenças

 

Vivenciando Inclusão e Acessibilidade em Uberlândia
Coluna Aprender com as Diferenças

Uberlândia é tida como uma cidade exemplo para o Brasil no que se refere à acessibilidade, porém ao experimentarmos no dia 3 de fevereiro de 2007, um pouco das dificuldades enfrentadas diariamente pelas pessoas com deficiência no centro de nossa cidade, notamos o quão distante estamos de ser uma cidade acessível.

Ficamos cada um, por duas horas, com uma limitação física ou sensorial, induzida por equipamentos, com mãos atadas, usando cadeira de rodas, com olhos vendados e com uma diferença de tamanho de perna.

Deslocamo-nos por cerca de 600 metros – da Praça Tubal Vilela até o Terminal Central de Ônibus Urbano – fazendo no trajeto atividades corriqueiras como compras, orçamentos de eletroeletrônicos, utilizando serviços bancários, visitando igrejas e procurando uma lanchonete com cardápio em Braille.

Sentimentos diversos afloraram como raiva, desespero, medo, preconceito, discriminação, indignação, impotência e vulnerabilidade.

O que mais nos marcou foi o fato de, em tão pouco tempo, percebermos como o espaço público e de uso público, que deveria ser de todos, é excludente.

Na verdade, temos hoje uma sensação de que o centro de Uberlândia não pertence à pessoa com deficiência.

É muito ruim a dependência desnecessária de outrem quando já existem tecnologia e recursos para a inclusão de todos. 

Quer dizer você não poder tocar um simples interfone, entrar em locais ou ser atendido em uma loja em razão da falta de acessibilidade causa uma exposição constrangedora e uma desigualdade agressiva à condição de pessoa daqueles/as que convivem com uma deficiência.

O olhar de terceiros com mensagens de dó, piedade, de desqualificação e de indiferença mostra a falta de preparo da população para lidar com as diferenças e intensifica a exclusão, mesmo quando não há a intenção consciente de quem está olhando.

Essa experiência permitiu uma reflexão sobre nossas práticas cotidianas, inclusive profissionais, no sentido de melhorar o entendimento sobre a realidade do outro.

Impacto foi um sentimento/elemento que nos acompanhou, tanto por termos a sensação de atrapalhar e de incomodar o fluxo da cidade, quanto por não podermos exercer nossas atividades com a autonomia plena que usualmente fazemos.

Desrespeito foi um dos motivos que nos impeliu a escrever esse texto para alertar a sociedade sobre a importância de conviver com as diferenças, fazendo mudanças estruturais e, principalmente, de atitudes.

Foto

Descrição da fotografia: no centro da Praça Tubal Vilela, da esquerda para a direita – Nathália com um tamanco de 15 cms em apenas um pé para simular tamanho diferente de pernas; Idari usuário de cadeira de rodas e professor da turma; Marcílio com olhos vendados, óculos escuro e um cabo de vassoura, como bengala; Denise com as pernas amarradas na cadeira de rodas; Ericka simulando uma cegueira com seu próprio óculos escuro e também com uma “bengala” de vassoura; Nanci com um braço imobilizado e o outro com a mão fechada por fita; e Ana Paula professora da turma em sua cadeira motorizada.

Ana Paula Crosara de Resende – Advogada
anapcresende@gmail.com
Denise Ferreira Portes de Lima – Assistente Social
dportes@yahoo.com.br
Ericka Rissato Bruneli – Assistente Social
erickabruneli@hotmail.com
Idari Alves da Silva – Historiador
idari@saci.org.br
Nanci do Nascimento Souza – Assistente Social
nancinascimento@terra.com.br
Nathália Guimarães von Krüger – Cientista Social
natkruger@hotmail.com
Marcílio Marquesini Ferrari – Economista
marcilio_ferrari@hotmail.com

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