Planeta Educação

A Semana - Opiniões

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Aprender a ser feliz
Felicidade e conquista

Foto - Doutores da Alegria

Seguem abaixo algumas receitas para uma vida melhor, dos Doutores da Alegria, extraídas do livro "Receituário da Alegria":

  1. Quando sair de casa, não esqueça a alegria dentro do armário.
  2. Os Doutores da Alegria advertem: rir em excesso pode causar bem-estar.
  3. A alegria é contagiante. Deixe que ela se torne uma epidemia.
  4. Para viver com alegria, a receita é retomar o bom-humor de 2 em 2 horas.
  5. Não tenha medo de se divertir.
  6. A felicidade não tem contra-indicações.
  7. Faça uma reflexão periódica sobre o seu humor.
  8. Quando o seu sorriso se tornar uma surpresa para as pessoas, é hora de cuidar da sua personalidade.
  9. De vez em quando esqueça aquele papo de manter os pés no chão.
  10. Não tenha vergonha de ser ridiculamente feliz.
  11. Uma risada vale mais do que mil palavras.
  12. Quem não ri, vive pela metade.

Trago a tona os ensinamentos dos Doutores da Alegria para ilustrar o quanto precisamos do sorriso, da risada, do bom humor, da diversão e da felicidade. O mundo ao nosso redor vive uma recorrência de más notícias que se repetem com grande constância em noticiários da televisão, do rádio, dos jornais e revistas e também da internet.

Foto - Doutores da Alegria
Sempre cabe mais um sorriso na fotografia...

Estamos perdendo a fé. Temos medo até mesmo das nossas sombras. Vivemos nos espreitando, pelos cantos, submissos e submetidos à retórica da violência, ao reino do medo, aos arautos do terror.

Quando penso nas manchetes do jornal e vejo a reação de paúra e insegurança, que acomete até mesmo nossas crianças, quanto a problemas como corrupção, desmandos, impunidade, destruição do meio-ambiente e desmedida violência, percebo o quanto estamos todos nós - cidadãos de bem, trabalhadores, contribuintes, profissionais – impassíveis, entregues, insensíveis e distanciados de tudo. Vivemos em nossas bolhas, protegidos por muros, grades, alarmes, cachorros e seguranças privados. Tapamos nossos ouvidos aos erros, desvios e excessos do poder.

Até quando? Que mundo estamos entregando para nossos filhos? Será que não faremos nada? Que tal pressionar as autoridades por melhorias reais? O que acham de semear bondade e alegria nos nichos em que atuam? Reflexão, ponderação e planejamento para ações propositivas e que ajudem a sociedade a reverter o caos e a insegurança são atitudes mais do que necessárias em relação ao momento que vivemos.

Não podemos cruzar os braços e esperar apenas que as medidas venham de cima para baixo. Lutamos tanto por democracia e parecemos nos esquecer que esse modelo político pede que participemos nossas opiniões tanto quanto atuemos em favor de mudanças legítimas e fundamentais em prol de melhorias na educação, na saúde, nos transportes, na habitação, na cultura, no lazer e também na segurança.

Foto - Doutores da Alegria
Nada é mais cativante do que o sorriso de uma criança.

Exemplos como aqueles que nos são dados por esses nobres doutores, versados em felicidade, dispostos a percorrer alas inteiras dos hospitais para ajudar na cura de seus pacientes, a empunhar apenas um nariz de palhaço e alguns instrumentos de plástico, vestindo aventais de mentirinha e com seus rostos pintados a nos lembrar os benefícios que uma boa risada nos traz tem que nos mobilizar em prol de causas nobres.

Abracemos aqueles que estão enfermos e que precisam do contato, da palavra, do carinho e da presença humana. Entremos nas escolas para ajudar a reconstruí-las, pintando suas paredes, reformando seus móveis, organizando eventos culturais, ajudando a promover o esporte. Participemos mais ativamente da vida pública de nossos municípios, zelando por nosso patrimônio coletivo como nos preocupamos com nossos pertences e posses individuais ou familiares.

O assassinato em massa perpetrado na universidade norte-americana Virginia Tech, ocorrido no dia de ontem, 16 de abril de 2007, é outro claro sinal de que precisamos repensar a vida e as relações que estabelecemos com o mundo. Atualmente somos menos artífices, construímos pouco, elaboramos menos, criamos apenas pelo lucro, pela fama, pelo poder... Se até mesmo os “santuários da aprendizagem” são violados e se tornam locais onde vigora a insegurança, o que podemos esperar? Está na hora da reação, não podemos assistir a tudo impávidos, passivos, embasbacados.

Foto - Doutores da Alegria
A cura definitiva é aquela que vem com um sorriso!
(Capa do livro “Doutores da Alegria – O lado invisível da vida”, de Wellington Nogueira)

Esquecemos que somos passageiros de uma grande e única espaçonave, o nosso planeta Terra, que padece de inúmeros males em virtude de nossa ação, e parecemos nos preocupar apenas com benefícios materiais, enriquecimento, posses e ilimitado poder. As nações concorrem numa ânsia incrível de primazia na corrida da globalização. Os indivíduos consomem o mundo e, sem perceber, também se consomem, em claro ato de antropofagia... A destruição do mundo, esquecem, é a falência da humanidade e nos encaminha para a extinção...

Não nos lembramos dos exemplos que devemos sempre ter em mente. Não estamos, por exemplo, lendo o mundo – como nos ensinou o imortal educador brasileiro Paulo Freire – senão, como poderíamos justificar o aquecimento global, as guerras, as epidemias, a corrupção, a fome ou o analfabetismo numa era em que, tecnológica e materialmente temos recursos para combater todas essas terríveis chagas?

Esquecemos do “Último Discurso” de Charles Chaplin, a nos alertar da necessidade da tolerância, do respeito, da dignidade humana, da ética e da felicidade que tanto desejamos. Do mesmo modo, Gandhi aparenta ser apenas uma figura dos livros de história, que alguns ainda teimam em relembrar, mas que de modo algum nos remete (como deveria ser) aos ensinamentos da não-violência, da luta pela emancipação daqueles que são explorados, da coerência entre pensamentos e ações...

A igualdade pregada por Luther King e também a luta pelo fim da discriminação racial de Mandela; os projetos sociais pensados por Senna (que, felizmente se tornaram realidade a partir das mãos sempre combativas e valentes de sua irmã, Viviane); as realizações de Zilda Arns; as ações em prol da defesa da Mata Atlântica e de outros ecossistemas ameaçados,... Existem ótimos exemplos. Temos que valorizá-los, estudá-los, dar continuidade a esses sonhos, vivenciar em nossos cotidianos essas ações...

O meu sonho passa pelo sorriso de todas as crianças. Caminha pela escola que ensina, disciplina, orienta e liberta. Pensa ser imprescindível a criação de um mundo em que a relação do homem com a natureza encontre o necessário equilíbrio. Propõe o estabelecimento de relações que não sejam corrompidas e que prezem o coletivo sem que as individualidades sejam desmerecidas ou desrespeitadas. Acredita que a tolerância e a justiça social são elementos essenciais. E que preza ações afirmativas como a dos doutores da alegria, sempre em busca de uma gostosa risada, do bom humor e da felicidade...

Obs. Para saber mais sobre os Doutores da Alegria recomendamos que assistam o filme “Doutores da Alegria – O filme” (mais informações no link http://www.doutoresdaalegriaofilme.com.br), que conheçam seu livro “Receituário da Alegria”, e que conheçam mais o trabalho do grupo através de seu site na internet (http://www.doutoresdaalegria.com.br).

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