GEPI Online
As mulheres e o dinamismo matriarcal
Diamantino Fernandes Trindade / Ana Paula Pires Trindade
Diamantino Fernandes Trindade
Professor de História da Ciência do CEFET-SP
Doutorando em Educação – PUCSP
Membro do GEPI – PUCSP
Ana Paula Pires Trindade
Professora e Coordenadora da Escola de Idiomas Wizard
Pós-graduada em Psicopedagogia pela Universidade São Marcos
Todos os sistemas humanos de organização são construções culturais. Os comportamentos e as relações sociais são condicionados por normas e costumes elaborados pelos seres humanos. No entanto, enquanto o homem é associado à técnica, a abstração e a cultura, a mulher é associada à natureza. Francis Bacon fazia tal associação e preconizava que conhecer a natureza significava saber como dominá-la, explorá-la e colocá-la a serviço do homem, ou seja, conforme suas palavras: a natureza tem de ser acossada em suas vadiagens, sujeitada a prestar serviços, como uma escrava e o objetivo do filósofo natural é arrancar sob tortura, os seus segredos. Algumas de suas nefastas ações levaram para a fogueira muitas mulheres acusadas de praticar bruxaria e magia. Talvez ele nunca tenha parado para pensar que a maior de todas as magias só pode ser feita pelas mulheres: dar à luz. Por que será que ele desenvolveu essa fobia pelo sexo feminino???. Essa identificação simbólica da mulher com a natureza tem sido usada, ao longo do tempo, para mantê-la numa situação de ser subalterno. Porém as coisas nem sempre ocorreram desta maneira. Engels (1974) diz que nas sociedades primitivas a mulher tinha um papel relevante, pois mesmo ocorrendo a divisão do trabalho por sexos, esta era complementar e não implicava uma relação de subalternidade.