Aprender com as Diferenças
Eu-Psicanalista
Emílio Figueira
Até a minha chegada à Psicanálise, foi uma bela caminhada…
Nasci em uma romântica noite em setembro de 1969. Tenho uma deficiência, devido uma falta de oxigenação no cérebro durante o parto, originando problemas de coordenação motora e fala, ocasionando paralisia cerebral, o que foi regado por longos e intensos tratamentos na AACD durante a década de 1970. Naquele período, pessoas com deficiência eram “preparadas” para viver dentro dos muros das instituições, sendo assistidos por órgãos oficiais que financiavam esse isolamento do convívio social. Porém, no início dos anos 1980, um grupo muito grande dessas pessoas resolveu “derrubar esses muros” e sair para conquistarem espaços na sociedade. E eu, graças a Deus, fui um deles… E tenho muito orgulho de ter sido um dos personagens dessa abertura!
Desde muito cedo, tive uma queda muito grande pelas artes, produzindo entre os 2 e 5 anos de idade, inúmeros desenhos e pinturas. Fui alfabetizado aos 5 e aos 7 já escrevia meus primeiros poemas e ensaios. Aos 11, fiz a minha grande e primeira loucura; sai da casa de meus pais em São Paulo, indo morar com meus avós maternos em uma pequena cidade do interior paulista, chamada Guaraçaí. Aos 12, já realizava e escrevia reportagens para a “Folha de Guaraçaí”; aos 16, escrevia o jornal praticamente sozinho, além de colaborar com outros da região e, aos 18, formei-me em jornalismo técnico, obtendo o meu Mtb. Ter vivido oito anos nessa cidade foi fundamental para a formação da minha personalidade, onde através da convivência com aquele povo muita coisa está presente até hoje no meu dia-a-dia e nas minhas melhores criações!
Foi também aos 16, que publiquei o meu primeiro livro, “Noites Guaraçaienses” com 56 poesias românticas, que teve duas edições vendidas em três meses. E em 1990, “A Face Oculta” foi outra obra poética lançada. Em 1998, publiquei o livro de contos “Nostalgia do Futuro”. Depois uma novela infanto-juvenil chamada “Lembranças de um ano letivo” em 2006 (os quatro pela Scortecci Editora). E em 2001, “Traços de Interior”, uma publicação alternativa misturando crônicas e ilustrações a carvão feitas por mim. Ao todo, escrevi 71 livros, sendo que 40 joguei no lixo (por considerá-los que foram apenas um exercício de estilo e ritmo de escrita), 19 foram publicados e o resto continua inédito, entre romances, contos, ensaios, poesias, infantis, teatro…
Aos 19 anos, mudei-me para Bauru, onde cheguei a ser chefe-de-redação de um grupo que editava três jornais. Em 1993, publiquei “Vamos Conversar Sobre Crianças Deficientes”, pela Memnon Edições Científicas, livro até hoje adotado em cursos de psicologia e pedagogia. Convidado no mesmo ano para escrever um livro sobre a história do Centrinho (o Hospital de Reabilitação de Anomalia Craniofaciais da USP/Bauru). Ali, como bolsista desenvolvi uma paixão muito grande pela pesquisa, principalmente na área das deficiências. Em sete anos de hospital, acabei escrevendo cinco monografias e publiquei quase trinta artigos científicos em revistas especializadas do Brasil e exterior. Foi nessa fase de hospital também que me especializei em “Deficiência e Comunicação Social”, escrevendo vários trabalhos sobre a temática; depois, especializei-me em “Deficiência e Literatura” e, por último, em literatura infantil. Já fui jornalista de quase todas as publicações voltadas às deficiências no Brasil e assinei por um ano uma coluna semanal sobre Inclusão Social no site da Globo.com. Fui editor-chefe do blog “Psicologia e Deficiência” por dois anos.
Escrevi algumas peças para o teatro, roteiros para cinema e televisão, ganhando um concurso internacional de Dramaturgia em 2000. Sempre fiz inúmeros cursos de artes plásticas, literatura e música, além de pintar alguns quadros. E, dentre muitos cursos de pequena duração, cursei História da Arte e História da Música.
Fonte: Blog do Emílio Figueira (http://blog.emiliofigueira.com/eu-psicanalista/)