Planeta Educação

A Semana - Opiniões

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

A Educação em 2007
Sonhos, desejos e utopias


Sonhos de paz e de grandes vôos para 2007.

É, o ano de 2006 terminou... Você já fez o fechamento de suas contas? Parou para pensar no que realizou? Está feliz com o que conseguiu realizar? Frustrou-se por não ter atingido algum objetivo em particular? O final do ano é o momento para que possamos refletir a respeito de tudo aquilo que aconteceu, que deveria ter acontecido mas que não se realizou e também para fazer as projeções e os planos para o futuro...

E é sobre o ano de 2007 que pretendo versar nesse último editorial do presente ano de 2006. Através desse texto irei apresentar dez propostas/idéias não apenas para o ano que vem, mas para muitos e muitos anos além dele. Apesar de considerar que os tópicos a seguir devem ser considerados como propostas... Tenho consciência de que os mesmos podem ser apenas devaneios de minha parte.

Sabem como é... Ano que vem completo quarenta anos... Mas não perdi as ilusões. Continuo sonhando de olhos abertos. Sou ainda aquele “Menino Maluquinho” de outrora. E não desisto da busca por uma educação melhor, por mais justiça e equidade, pela dignidade e decência que o Brasil precisa ter. Sei que tudo começa com a educação (felizmente não sou o único que tem dito isso repetidas vezes) e, por isso, mais uma vez, compartilho essas letras com vocês. Vamos a elas então...

1- Precisamos de mais humanidade.  aula inaugural de cada escola tem que ser aquela em que as vozes dos diretores, professores, funcionários e colaboradores consigam atingir o coração dos alunos e fazê-los compreender não apenas a importância da educação para o futuro profissional de cada um ali presente. O trabalho que se realiza numa escola tem que dar asas e permitir vôos muito mais altos. Esses vôos estão diretamente ligados às relações humanas que todos nós temos em nossas vidas. A escola deve dar lições de solidariedade, respeito, dignidade, justiça, ética, paz e amor e não apenas de matemática, inglês, português, física, geografia, história,...


Mais espiritualidade e fé em 2007.

2- Precisamos de mais fé. Perdemos nossos valores e crenças. Estamos cada vez mais distantes de nosso Deus. Oramos pouco. Atentamos menos ainda para as lições da religião em que fomos educados. Não me refiro nesse espaço a uma crença específica. O Corão, a Cabala, os princípios budistas ou hinduístas, o Espiritismo ou os ensinamentos bíblicos, seja qual for a sua fé, aplique-se mais a ela e a tenha como guia que ilumina sua existência e que também o auxilia a compreender melhor o mundo e as pessoas com as quais se relaciona. Nossa fé nos coloca no caminho da compreensão, do diálogo, da verdade, da fraternidade, do pacifismo e do amor... Há lições melhores do que essas?

3- Precisamos de mais criatividade. A escola não é um mero depositório de informações. Os alunos não são lousas brancas nas quais devemos gravar informações que vem sendo repetidas há gerações. Precisamos do encontro com o conhecimento e nos “alimentamos” desse saber para construir nossas vidas. Esse encontro deve, no entanto, ser pleno e, portanto, tem que ser potencializado a partir de diálogos que se estabeleçam entre professores, alunos e os saberes que estão sendo disponibilizados. Essa “ponte” que se cria não deve ser de mão única. Através da mesma temos que dar aos alunos a possibilidade de ir e vir, de buscar outros acessos, de conhecer melhor o terreno ao redor, de utilizar diferentes meios de transporte para chegar ao outro lado (a nado, de barco, de asa delta, de avião, de foguete,...). Dessa forma estaremos estimulando os educandos a serem criativos e realmente os preparando para o mundo em que vivemos...


Mais humildade e espírito de equipe em 2007.

4- Precisamos de mais politização. Temos que educar para o debate, para a discussão. Nossos estudantes têm que saber quais são os seus direitos e deveres. A altivez dos mesmos deve ser um dos objetivos das escolas. Estamos tornando nossas salas de aula locais muito neutros, sem espaço para o estímulo que um bom embate de idéias deve fomentar. Consensos são importantes, mas somente depois que várias idéias foram apresentadas e discutidas à exaustão. Nossa neutralidade tem sido prejudicial já que anula qualquer disposição de pensar e repensar situações, idéias, questões cruciais, problemas sociais, demandas econômicas ou alternativas culturais. Estamos agindo de forma apolítica e, de certa forma, sem trocadilhos, apocalíptica...

5- Precisamos de mais cultura. Ler, ler e ler. Assistir muitos filmes (brasileiros, europeus, latinos, asiáticos, americanos). Ir ao teatro com regularidade. Escutar música (em CDs, shows, apresentações ao ar livre,...). Prestigiar shows de dança. Levar nossos filhos ao circo. Participar de exposições de artes plásticas. Fazer-nos presentes em palestras e oficinas. Acompanhar as notícias no rádio, na televisão, nos jornais. O casamento entre cultura e educação é uma das principais chaves para o sucesso do processo de formação de qualquer pessoa, seja em que idade for, e no caso de nossos estudantes essa “chave” tem que ser usada com a maior freqüência possível...

6- Precisamos de mais esporte. As escolas devem programar sua educação física para que, a partir dos próximos anos, tenhamos escolinhas de esporte em que se ensine e se aperfeiçoe a prática de vôlei, basquete, natação, ginástica rítmica, tênis de mesa, futsal, xadrez, atletismo, ciclismo e de todas as modalidades. Esporte é saúde e também ajuda a criança e o adolescente a ter uma melhor formação pois lhes dá foco, energia positiva, boas relações e os retira do ócio, da preguiça, das drogas e de tantos outros males que atormentam as famílias, o Brasil e o mundo...


A felicidade está nas relações que estabelecemos com o mundo e com as pessoas...

7- Precisamos de mais tecnologia. As escolas devem equipar-se para o futuro que já chegou. Os computadores e a Internet são acessórios básicos desse processo de integração ao universo virtual. Não apenas esses equipamentos, mas todos os demais periféricos que a eles se conectam e que permitem a produção de textos, imagens, sons, filmes, gráficos, tabelas ou ainda de todos esses produtos culturais conjuntamente fazem parte de um futuro irreversível. Não há como voltar atrás. Entretanto é necessário que as pessoas não transformem a tecnologia, que é apenas uma ótima ferramenta de trabalho, no “totem” a ser cultuado. Computadores, internet, câmeras digitais, aparelhos de DVD, televisores, telefones celulares e/ou qualquer outro equipamento já criado ou a ser desenvolvido são apenas meios e não fins...

8- Precisamos de mais humildade. Não podemos nos deixar levar pelo orgulho. Temos certamente que ficar satisfeitos com nossas boas realizações e sucessos. Mas não podemos nos esquecer que em escolas trabalhamos em equipe e que cada pessoa tem sua importância para que o êxito coletivo e também o individual possam ser atingidos. A empáfia é um inimigo poderoso a ser combatido. Sempre que estiver se sentindo o “todo-poderoso” lembre-se do valoroso colega que lhe indicou uma leitura, da servente que limpa a sala em que você dá aulas, da secretária que o ajuda com os boletins no final do ano ou ainda daquele aluno que com sabedoria fez uma crítica que o ajudou a melhorar seu trabalho...

9- Precisamos de mais estudo. Faça novos cursos. Implemente seus conhecimentos. Encare aquela extensão ou pós-graduação que sempre desejou fazer. Estude uma língua estrangeira. Aperfeiçoe-se em sua relação com os computadores e a Internet. Professor que não estuda pára no tempo e não dá conta de acompanhar e entender nem ao menos à clientela de alunos que atende. O mundo é dinâmico e nós também temos que ser. Caso contrário seremos atropelados pelo trem da história (que a essa altura dos acontecimentos já é o trem-bala japonês), portanto não fique aí parado... Mãos à obra em 2007...

10- Precisamos de mais felicidade. Para completar o ano que vem e todos aqueles que se seguirem ao mesmo, o que realmente temos que fazer é atingir a felicidade. Rir mais, estar sempre com disposição e astral elevado, contagiar os demais com uma energia positiva, estender a mão a quem precisa, fazer o bem, estar sempre ao lado da verdade, agir com justiça, perseguir o equilíbrio e amar ao próximo como a si mesmo fazem parte da receita mais universal e certa para uma vida saudável e de realizações...

Que em 2007 todos os nossos sonhos se realizem e que a educação se torne mais e mais efetiva para ajudar o nosso país e o mundo a se tornarem melhores. Desejamos a todos aqueles que têm acompanhado o nosso trabalho no Planeta Educação um ótimo e abençoado Natal e um Ano Novo de muito sucesso.

Avaliação deste Artigo: 4 estrelas