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Elisete Oliveira Santos Baruel Diretora de Educação da Vitae Futurekids; Pedagoga; Especialização e Extensão na Área da Aprendizagem e Fracasso Escolar pela USP; Especialização em Gestão em Educação e Novas Modalidades de Ensino – Educartis Corporation pela FECAP – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado; Estágio Supervisionado no Projeto Educativo “Fazer a Ponte” – Ministério da Educação de Portugal e Study Group Reggio Emilia – Itália – Preschools and Infant-Toddler Centers – Istituzione of the Municipality of Reggio Emilia – Friends of Reggio Children International Association. E-mail: elisete.baruel@fk1.com.br

Fundação Dorina Nowill para Cegos
Conhecendo a Fundação

No Brasil existem entidades dedicadas ao trabalho com pessoas que apresentam algum tipo de deficiência, visando à busca de caminhos para a inclusão dos deficientes na sociedade, garantindo a eles igualdade de direitos e uma vida digna.

A Fundação Dorina Dowill é exemplo de uma instituição séria e comprometida com seus ideais, apresenta um percurso de vida institucional exemplar e há muito tempo luta para modificar “olhares e pensamentos que teimam em excluir o diferente/deficiente”.
Vale a pena conhecer a Fundação!

História da Fundação

A Fundação Dorina Nowill para Cegos, antiga Fundação para o Livro do Cego no Brasil, foi oficialmente fundada em 11 de Março de 1946, pela iniciativa da professora Dorina de Gouvêa Nowill e da Senhora Adelaide Reis Magalhães, com a colaboração de um grupo de voluntários.

1945Primeiras Atividades.
As primeiras atividades da antiga Fundação para o Livro do Cego no Brasil foram destinadas exclusivamente a suprir as necessidades de livros em Braille para estudantes e pessoas cegas. Essas atividades, que inicialmente tiveram o apoio da Cruz Vermelha Brasileira, eram realizadas por um Grupo de Voluntários que transcreviam os livros em Braille por processo manual. Os alunos do Curso de Especialização de Professores para Cegos da Escola Caetano de Campos, liderados por Dorina de Gouvêa Novill treinavam os voluntários para esse trabalho. Essa foi a semente que culminou na criação da Fundação. Atividades funcionando em sala cedida pela Cruz Vermelha.


1946 – Criação.
Criação da Fundação para o Livro do Cego no Brasil. Registro de Escritura e primeiro Estatuto.

1950Instalação da Imprensa Braille.
Com o desenvolvimento das atividades, a continuidade do apoio de voluntários, a colaboração dos Governos Municipal e Estadual e com doações de equipamentos obtidos da American Foundation for Overseas Blind e Kelog Foundation for the Blind, dos Estados Unidos, instalou-se na Fundação a Imprensa Braille para produção industrializada de livros em Braille. A sede da Fundação foi transferida para os baixos do antigo Trianon na Avenida Paulista, em São Paulo. Criação da 1ª Classe Braille experimental na Escola Caetano de Campos.

1951Criação do Departamento de Serviço Social.

1952Iniciado o Serviço de Professor Domiciliar.
Iniciado o Serviço de Psiquiatria e lançamento da Pedra Fundamental para construção da nova Sede em terreno cedido pela Prefeitura Municipal de São Paulo à Rua Doutor Diogo de Faria, 558 em São Paulo, onde funciona até hoje.

1953Visita de Helen Keller.

1954Transferência Para a Nova Sede.

1955 - Criação do Departamento de Educação Especializada.
Em convênio com a Secretaria de Estado da Educação, que funcionou na sede da Fundação até 1966, esse Departamento iniciou e desenvolveu o ensino integrado de estudantes cegos em São Paulo, incluindo o estímulo à Legislação estadual para o ensino do cego.


1956 - Criação do Serviço de Assistência Médica e Prevenção da Cegueira.
Realização com o IBGE e Secretaria de Estado da Educação do primeiro levantamento educacional para localização de cegos na Capital de São Paulo.

1957 - Consultoria do Especialista Americano Joseph Albert Asenjo.
Consultoria do especialista americano Joseph Albert Asenjo (cego) com o patrocínio da ONU para: instalação da Unidade de Vendas para Cegos; instalação da Oficina de Treinamento de Cegos para o trabalho; colocação de pessoas cegas na Indústria e estudo para criação do 1º Centro de Reabilitação de Cegos.

1958 - Treinamento de Instrutores de Orientação e Mobilidade para Cegos.
Realização do primeiro Curso de Treinamento de Instrutores de Orientação e Mobilidade para Cegos por Joseph Albert Asenjo.

1959 Ações Significativas.
Primeiro Curso de Instrutores de Orientação e Mobilidade para Cegos no Instituto de Reabilitação da Faculdade de Medicina da USP, reorganização do Departamento de Serviço Social e levantamento de Crianças com Baixa Visão em idade escolar na Capital de São Paulo.

1960Criação do Serviço de Educação de Cegos-Surdos.

1962 – Criação do 1º Centro de Reabilitação de Cegos.

1966 - Criação da Unidade de Fabricação de Equipamentos.
Criação da Unidade de Fabricação de Equipamentos para uso de cegos e transferência do Serviço de Educação Especial para a responsabilidade da Secretaria de Educação do Governo do Estado.

1972Instalação da Unidade de Livro Falado Para Cegos.

1974 - Assembléia Geral do Conselho Mundial para o Bem Estar dos Cegos.
Realização da Assembléia Geral do Conselho Mundial para o Bem Estar dos Cegos e implantação do Projeto de Automatização da Imprensa Braille com a colaboração da IBM do Brasil.

1975 – Criação do Centro de Treinamento de Cegos para uso do Optacom.

1979 - Departamento de Educação Especial.
Instalação do Departamento de Educação Especial, criação do 1º Programa de Estimulação Precoce para Cegos no Brasil e criação do Serviço de Avaliação e Diagnóstico.

1980 - Processo de Automatização de Produção de Livros em Braille.
Inauguração pelo Presidente da República João Batista Figueiredo do processo de automatização de produção de livros em Braille

1984 - Novo Estúdio para Produção de Livros.
Inauguração do novo estúdio para produção de livros falados em cassetes comuns.

1989 - Sistema Informatizado de Produção de Braille
Aperfeiçoamento do Sistema informatizado de produção de Braille com instalação de estereótipos eletrônicos e apoio do Banco Itaú S/A.

1991 - Reestruturação Geral e Nova Denominação da Instituição.
Reestruturação geral e nova denominação: Fundação Dorina Nowill para Cegos e registro do novo Estatuto.

1996 - Inauguração da Nova Sede.
Inauguração da Nova Sede, restaurada com o patrocínio do Banco Safra S/A, Banco Itaú S/A, Indústrias Votorantim, Banco Bradesco S/A e inúmeras empresas e pessoas físicas.

2004 – Criação da personagem Dorinha, de Maurício de Sousa, em homenagem a Dorina Nowill e como um símbolo para a conscientização das crianças quanto à questão da deficiência visual.


MISSÃO DA FUNDAÇÃO

Oferecer produtos e serviços que propiciem aos deficientes visuais condições para assumirem o seu papel de cidadãos independentes, oferecer à sociedade informações e serviços a esse respeitos e participar ativamente de ações voltadas à prevenção da cegueira.

OBJETIVOS
Nos termos de seu Estatuto, a Fundação Dorina Nowill para Cegos tem por objetivo a divulgação do livro em sistema Braille, mas poderá desenvolver outros serviços em benefício dos portadores de cegueira ou de baixa visão nas áreas de: Educação, reabilitação, profissionalização e cultura; pesquisa e prevenção da cegueira; produção e distribuição de livros em Braille e outros veículos; produção e distribuição de materiais especiais e equipamentos para uso de deficientes visuais, prestação de serviços de assessoria e consultoria especializada a entidades congêneres e outras atividades que sejam consideradas necessárias ao atendimento de portadores de cegueira e baixa visão.


CONHECENDO A FUNDADORA

A professora Dorina de Gouvêa Nowill nasceu em São Paulo em 1919. Devido a uma patologia ocular ficou cega aos 17 anos. Como era dotada de uma inteligência brilhante, decidiu continuar seus estudos.
Entretanto, naquela época havia poucos livros em Braille para estudantes cegos. Por essa razão, reuniu um grupo de voluntários e criou em 1946 a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, organização que em 1991, recebeu o seu nome pelo merecido reconhecimento de seu trabalho em prol da educação, reabilitação, cultura e profissionalização de pessoas cegas ou com baixa visão e na prevenção da cegueira.

A professora Dorina foi a primeira aluna cega a matricular-se em São Paulo, numa escola comum, para estudar junto com estudantes com visão normal. Formou-se professora na Escola Caetano de Campos.
Ainda como aluna, com a ajuda de alguns colegas, conseguiu que a Escola Caetano de Campos implantasse o primeiro curso de especialização de professores para o Ensino de Cegos em 1945.
Após diplomar-se na Caetano de Campos, viajou para os Estados Unidos da América, com uma bolsa de estudos patrocinada pelo Governo Americano, Fundação Americana para Cegos e Instituto Internacional de Educação para freqüentar um curso de especialização na área de deficiência visual na Universidade de Columbia e realizar estágios nas principais organizações de serviços para cegos.

Retornando ao Brasil dedicou-se ao trabalho pioneiro de desenvolver as atividades da Fundação, obtendo sempre o apoio de organizações estrangeiras, do Governo Brasileiro e de particulares.

Iniciou as atividades da Fundação em São Paulo, com a implantação da primeira imprensa Braille para produzir livros em Braille e foi responsável pela criação na Secretaria de Educação de São Paulo do primeiro Serviço Especial para Educação Integrada de Alunos Cegos na Escola Comum. Foi Presidente da Fundação Dorina Nowill para Cegos desde 1946 e hoje ocupa o cargo de Presidente Emérita e Vitalícia.

No período de 1953 a 1970 dirigiu o primeiro órgão nacional de educação de cegos no Brasil, criado no Ministério da Educação, Cultura e Desportos para implementar a criação de serviços especiais de educação de cegos e capacitação de profissionais para esses serviços ainda incipientes ou inexistentes na época.

Durante essa gestão realizou programas e projetos que implantaram serviços para cegos nas diversas unidades da Federação Brasileira, criaram cursos de preparação de professores para o ensino de cegos, cursos de preparação para professores de orientação e mobilidade, centros de reabilitação e programas de prevenção da cegueira.

Em nível internacional, trabalhou com organizações mundiais de cegos e órgãos da ONU, tendo sempre representado oficialmente o Brasil. Ocupou importantes cargos em Organizações Internacionais de Cegos, promovendo o desenvolvimento dos serviços para cegos no Brasil e em países da América Latina, por meio de intercâmbio técnico-científico e obtenção de ajuda internacional e estrangeira.

Foi um dos membros iniciadores do Conselho Mundial para o Bem-estar dos Cegos, hoje União Mundial de Cegos, órgão consultor, tendo sido a primeira mulher eleita para assumir a Presidência desse Conselho. Trabalhou intensamente para a criação da União Latino Americana de Cegos – ULAC.

Atuou na OIT, sendo uma das responsáveis pela aprovação da Convenção 159 e da Recomendação 168, as quais por seu empenho foram ratificadas pelo Governo Brasileiro e transformadas em lei em 1991, beneficiando pessoas cegas na área do trabalho.

Ao longo de sua trajetória de trabalho sempre teve grande preocupação com a prevenção da cegueira, atuando diretamente na implantação de programas para esse fim.

Grandes nomes da oftalmologia foram seus parceiros e, entre eles, são lembrados Dr. José Mendonça de Barros, Dr. José Gouvea Pacheco, Dr. Renato Toledo, Dr. Moacir Álvaro, Dr. Rubens Belfort Matos, Dr. Armando de Arruda Novaes, Dr. Osvaldo Gallotti, Dr. Oswaldo Monteiro de Barros, Dr. José Carlos Reis, Prof. Hilton Rocha, Dr. Newton Kara José.

Realizou campanhas, participou de eventos e de Comissões no campo da prevenção da Cegueira tanto no Brasil, como no exterior. Por meio de seus esforços na OMS e no Governo Brasileiro, obteve a criação em São Paulo, do primeiro Centro Colaborador de Prevenção da Cegueira no Brasil, localizado na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo – Serviço de Oftalmologia Sanitária.

Teve também atuação destacada no Conselho Internacional de Educação de Deficientes Visuais. Durante os cinqüenta e seis anos de existência, a Fundação que leva seu nome já produziu mais de mil títulos (100 mil volumes) e atendeu mais de 10.000 pessoas nos diferentes serviços de atendimentos.

O reconhecimento mundial da atuação da professora Dorina em prol do desenvolvimento e da inclusão social de pessoas com deficiência visual é concretizado por meio de inúmeros prêmios, condecorações, títulos, comendas e outros concedidos por organizações de todo o mundo, pelo governo brasileiro e por organizações brasileiras.

Dorina de Gouvêa Nowill é casada com Edward Hubert Alexander Nowill, mãe de 5 filhos e 12 netos, é autora do livro "... e eu venci assim mesmo", uma autobiografia que relata seus 50 anos de trabalho, publicado em 1996.

Entre os prêmios recebidos mais recentes pelo Instituto Dorina Nowill destacam-se:
1992 – "Medalha de Reconhecimento Maçônico" – Loja Grande Oriente do Brasil;
1993 – "Ordem do Rio Branco" Grau Cavaleiro e Comendador – Presidência da República do Brasil;
1997 – "Medalha da Ordem do Mérito Naval" Grau Cavaleiro – Presidência da República do Brasil, por indicação do Conselho da Ordem Naval;
1997 – "Medalha Anchieta e Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo" – Câmara Municipal de São Paulo;
1997 – "Prêmio Direitos Humanos" Menção Honrosa – Presidente da República do Brasil;
1997 – "Diploma de Personalidade de Destaque no Brasil na área da Educação" – 10° Congresso Internacional do Conselho Internacional de Educadores de Deficientes Visuais;
2000 – Medalha e diploma "Brailista José Álvares de Azevedo", Conselho do Bem Estar dos Cegos, Rio de janeiro;
2001 – "Homenagem Dia Internacional da Mulher", Câmara Municipal de São Paulo. Indicação da Vereadora Myryam Athie;
2001 – Recebeu do Ministro da Educação, Senhor Paulo Renato Souza, o "Prêmio Educação", em nome da Fundação Porto Seguro.
Dorina de Gouvêa Nowill é casada com Edward Hubert Alexander Nowill, mãe de 5 filhos e 12 netos, é autora do livro "... e eu venci assim mesmo", uma autobiografia que relata seus 50 anos de trabalho, publicado em 1996.

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