Planeta Cultura
Fundação Dorina Nowill para Cegos
Conhecendo a Fundação
No Brasil existem entidades dedicadas ao trabalho com pessoas que apresentam algum tipo de deficiência, visando à busca de caminhos para a inclusão dos deficientes na sociedade, garantindo a eles igualdade de direitos e uma vida digna.
A
Fundação Dorina Dowill é exemplo de
uma instituição séria e comprometida
com seus ideais, apresenta um percurso de vida institucional exemplar e
há muito tempo luta para modificar “olhares e
pensamentos que teimam em excluir o diferente/deficiente”.
Vale a pena conhecer a Fundação!
História da Fundação
A Fundação Dorina Nowill para Cegos, antiga Fundação para o Livro do Cego no Brasil, foi oficialmente fundada em 11 de Março de 1946, pela iniciativa da professora Dorina de Gouvêa Nowill e da Senhora Adelaide Reis Magalhães, com a colaboração de um grupo de voluntários.
1945
– Primeiras
Atividades.
As primeiras atividades da antiga Fundação para o
Livro do Cego no Brasil foram destinadas exclusivamente a suprir as
necessidades de livros em Braille para estudantes e pessoas cegas.
Essas atividades, que inicialmente tiveram o apoio da Cruz Vermelha
Brasileira, eram realizadas por um Grupo de Voluntários que
transcreviam os livros em Braille por processo manual. Os alunos do
Curso de Especialização de Professores para Cegos
da Escola Caetano de Campos, liderados por Dorina de Gouvêa
Novill treinavam os voluntários para esse trabalho. Essa foi
a semente que culminou na criação da
Fundação. Atividades funcionando em sala cedida
pela Cruz Vermelha.
1946
–
Criação.
Criação da Fundação para o
Livro do Cego no Brasil. Registro de Escritura e primeiro Estatuto.
1950
– Instalação
da Imprensa Braille.
Com o desenvolvimento das atividades, a continuidade do apoio de
voluntários, a colaboração dos
Governos Municipal e Estadual e com doações de
equipamentos obtidos da American Foundation for Overseas Blind e Kelog
Foundation for the Blind, dos Estados Unidos, instalou-se na
Fundação a Imprensa Braille para
produção industrializada de livros em Braille. A
sede da Fundação foi transferida para os baixos
do antigo Trianon na Avenida Paulista, em São Paulo.
Criação da 1ª Classe Braille
experimental na Escola Caetano de Campos.
1951 – Criação do Departamento de Serviço Social.
1952
– Iniciado o
Serviço de Professor Domiciliar.
Iniciado o Serviço de Psiquiatria e lançamento da
Pedra Fundamental para construção da nova Sede em
terreno cedido pela Prefeitura Municipal de São Paulo
à Rua Doutor Diogo de Faria, 558 em São Paulo,
onde funciona até hoje.
1953 – Visita de Helen Keller.
1954 – Transferência Para a Nova Sede.
1955
- Criação
do Departamento de Educação Especializada.
Em convênio com a Secretaria de Estado da
Educação, que funcionou na sede da
Fundação até 1966, esse Departamento
iniciou e desenvolveu o ensino integrado de estudantes cegos em
São Paulo, incluindo o estímulo à
Legislação estadual para o ensino do cego.
1956
- Criação
do Serviço de Assistência Médica e
Prevenção da Cegueira.
Realização com o IBGE e Secretaria de Estado da
Educação do primeiro levantamento educacional
para localização de cegos na Capital de
São Paulo.
1957
- Consultoria
do Especialista Americano Joseph Albert Asenjo.
Consultoria do especialista americano Joseph Albert Asenjo (cego) com o
patrocínio da ONU para: instalação da
Unidade de Vendas para Cegos; instalação da
Oficina de Treinamento de Cegos para o trabalho;
colocação de pessoas cegas na
Indústria e estudo para criação do
1º Centro de Reabilitação de Cegos.
1958
- Treinamento
de Instrutores de Orientação e Mobilidade para
Cegos.
Realização do primeiro Curso de Treinamento de
Instrutores de Orientação e Mobilidade para Cegos
por Joseph Albert Asenjo.
1959
– Ações
Significativas.
Primeiro Curso de Instrutores de Orientação e
Mobilidade para Cegos no Instituto de
Reabilitação da Faculdade de Medicina da USP,
reorganização do Departamento de
Serviço Social e levantamento de Crianças com
Baixa Visão em idade escolar na Capital de São
Paulo.
1960 – Criação do Serviço de Educação de Cegos-Surdos.
1962 – Criação do 1º Centro de Reabilitação de Cegos.
1966
- Criação
da Unidade de Fabricação de Equipamentos.
Criação da Unidade de
Fabricação de Equipamentos para uso de cegos e
transferência do Serviço de
Educação Especial para a responsabilidade da
Secretaria de Educação do Governo do Estado.
1972 – Instalação da Unidade de Livro Falado Para Cegos.
1974
- Assembléia
Geral do Conselho Mundial para o Bem Estar dos Cegos.
Realização da Assembléia Geral do
Conselho Mundial para o Bem Estar dos Cegos e
implantação do Projeto de
Automatização da Imprensa Braille com a
colaboração da IBM do Brasil.
1975 – Criação do Centro de Treinamento de Cegos para uso do Optacom.
1979
-
Departamento de Educação Especial.
Instalação do Departamento de
Educação Especial, criação
do 1º Programa de Estimulação Precoce
para Cegos no Brasil e criação do
Serviço de Avaliação e
Diagnóstico.
1980
- Processo
de Automatização de
Produção de Livros em Braille.
Inauguração pelo Presidente da
República João Batista Figueiredo do processo de
automatização de produção
de livros em Braille
1984
- Novo
Estúdio para Produção de Livros.
Inauguração do novo estúdio para
produção de livros falados em cassetes comuns.
1989
- Sistema
Informatizado de Produção de Braille
Aperfeiçoamento do Sistema informatizado de
produção de Braille com
instalação de estereótipos
eletrônicos e apoio do Banco Itaú S/A.
1991
- Reestruturação
Geral e Nova Denominação da
Instituição.
Reestruturação geral e nova
denominação: Fundação
Dorina Nowill para Cegos e registro do novo Estatuto.
1996
- Inauguração
da Nova Sede.
Inauguração da Nova Sede, restaurada com o
patrocínio do Banco Safra S/A, Banco Itaú S/A,
Indústrias Votorantim, Banco Bradesco S/A e
inúmeras empresas e pessoas físicas.
2004 – Criação da personagem Dorinha, de Maurício de Sousa, em homenagem a Dorina Nowill e como um símbolo para a conscientização das crianças quanto à questão da deficiência visual.
MISSÃO DA FUNDAÇÃO
Oferecer produtos e serviços que propiciem aos deficientes visuais condições para assumirem o seu papel de cidadãos independentes, oferecer à sociedade informações e serviços a esse respeitos e participar ativamente de ações voltadas à prevenção da cegueira.
OBJETIVOS
Nos termos de seu Estatuto, a Fundação Dorina
Nowill para Cegos tem por objetivo a divulgação
do livro em sistema Braille, mas poderá desenvolver outros
serviços em benefício dos portadores de cegueira
ou de baixa visão nas áreas de:
Educação, reabilitação,
profissionalização e cultura; pesquisa e
prevenção da cegueira;
produção e distribuição de
livros em Braille e outros veículos;
produção e distribuição de
materiais especiais e equipamentos para uso de deficientes visuais,
prestação de serviços de assessoria e
consultoria especializada a entidades congêneres e outras
atividades que sejam consideradas necessárias ao atendimento
de portadores de cegueira e baixa visão.
CONHECENDO A FUNDADORA
A
professora Dorina de Gouvêa Nowill nasceu em São
Paulo em 1919. Devido a uma patologia ocular ficou cega aos 17 anos.
Como era dotada de uma inteligência brilhante, decidiu
continuar seus estudos.
Entretanto, naquela época havia poucos livros em Braille
para estudantes cegos. Por essa razão, reuniu um grupo de
voluntários e criou em 1946 a Fundação
para o Livro do Cego no Brasil, organização que
em 1991, recebeu o seu nome pelo merecido reconhecimento de seu
trabalho em prol da educação,
reabilitação, cultura e
profissionalização de pessoas cegas ou com baixa
visão e na prevenção da cegueira.
A
professora Dorina foi a primeira aluna cega a matricular-se em
São Paulo, numa escola comum, para estudar junto com
estudantes com visão normal. Formou-se professora na Escola
Caetano de Campos.
Ainda como aluna, com a ajuda de alguns colegas, conseguiu que a Escola
Caetano de Campos implantasse o primeiro curso de
especialização de professores para o Ensino de
Cegos em 1945.
Após diplomar-se na Caetano de Campos, viajou para os
Estados Unidos da América, com uma bolsa de estudos
patrocinada pelo Governo Americano, Fundação
Americana para Cegos e Instituto Internacional de
Educação para freqüentar um curso de
especialização na área de
deficiência visual na Universidade de Columbia e realizar
estágios nas principais organizações
de serviços para cegos.
Retornando ao Brasil dedicou-se ao trabalho pioneiro de desenvolver as atividades da Fundação, obtendo sempre o apoio de organizações estrangeiras, do Governo Brasileiro e de particulares.
Iniciou as atividades da Fundação em São Paulo, com a implantação da primeira imprensa Braille para produzir livros em Braille e foi responsável pela criação na Secretaria de Educação de São Paulo do primeiro Serviço Especial para Educação Integrada de Alunos Cegos na Escola Comum. Foi Presidente da Fundação Dorina Nowill para Cegos desde 1946 e hoje ocupa o cargo de Presidente Emérita e Vitalícia.
No período de 1953 a 1970 dirigiu o primeiro órgão nacional de educação de cegos no Brasil, criado no Ministério da Educação, Cultura e Desportos para implementar a criação de serviços especiais de educação de cegos e capacitação de profissionais para esses serviços ainda incipientes ou inexistentes na época.
Durante essa gestão realizou programas e projetos que implantaram serviços para cegos nas diversas unidades da Federação Brasileira, criaram cursos de preparação de professores para o ensino de cegos, cursos de preparação para professores de orientação e mobilidade, centros de reabilitação e programas de prevenção da cegueira.
Em nível internacional, trabalhou com organizações mundiais de cegos e órgãos da ONU, tendo sempre representado oficialmente o Brasil. Ocupou importantes cargos em Organizações Internacionais de Cegos, promovendo o desenvolvimento dos serviços para cegos no Brasil e em países da América Latina, por meio de intercâmbio técnico-científico e obtenção de ajuda internacional e estrangeira.
Foi um dos membros iniciadores do Conselho Mundial para o Bem-estar dos Cegos, hoje União Mundial de Cegos, órgão consultor, tendo sido a primeira mulher eleita para assumir a Presidência desse Conselho. Trabalhou intensamente para a criação da União Latino Americana de Cegos – ULAC.
Atuou na OIT, sendo uma das responsáveis pela aprovação da Convenção 159 e da Recomendação 168, as quais por seu empenho foram ratificadas pelo Governo Brasileiro e transformadas em lei em 1991, beneficiando pessoas cegas na área do trabalho.
Ao longo de sua trajetória de trabalho sempre teve grande preocupação com a prevenção da cegueira, atuando diretamente na implantação de programas para esse fim.
Grandes nomes da oftalmologia foram seus parceiros e, entre eles, são lembrados Dr. José Mendonça de Barros, Dr. José Gouvea Pacheco, Dr. Renato Toledo, Dr. Moacir Álvaro, Dr. Rubens Belfort Matos, Dr. Armando de Arruda Novaes, Dr. Osvaldo Gallotti, Dr. Oswaldo Monteiro de Barros, Dr. José Carlos Reis, Prof. Hilton Rocha, Dr. Newton Kara José.
Realizou campanhas, participou de eventos e de Comissões no campo da prevenção da Cegueira tanto no Brasil, como no exterior. Por meio de seus esforços na OMS e no Governo Brasileiro, obteve a criação em São Paulo, do primeiro Centro Colaborador de Prevenção da Cegueira no Brasil, localizado na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo – Serviço de Oftalmologia Sanitária.
Teve também atuação destacada no Conselho Internacional de Educação de Deficientes Visuais. Durante os cinqüenta e seis anos de existência, a Fundação que leva seu nome já produziu mais de mil títulos (100 mil volumes) e atendeu mais de 10.000 pessoas nos diferentes serviços de atendimentos.
O reconhecimento mundial da atuação da professora Dorina em prol do desenvolvimento e da inclusão social de pessoas com deficiência visual é concretizado por meio de inúmeros prêmios, condecorações, títulos, comendas e outros concedidos por organizações de todo o mundo, pelo governo brasileiro e por organizações brasileiras.
Dorina de Gouvêa Nowill é casada com Edward Hubert Alexander Nowill, mãe de 5 filhos e 12 netos, é autora do livro "... e eu venci assim mesmo", uma autobiografia que relata seus 50 anos de trabalho, publicado em 1996.
Entre
os prêmios recebidos mais recentes pelo Instituto
Dorina Nowill
destacam-se:
1992 – "Medalha de Reconhecimento
Maçônico" – Loja Grande Oriente do
Brasil;
1993 – "Ordem do Rio Branco" Grau Cavaleiro e Comendador
– Presidência da República do Brasil;
1997 – "Medalha da Ordem do Mérito Naval" Grau
Cavaleiro – Presidência da República do
Brasil, por indicação do Conselho da Ordem Naval;
1997 – "Medalha Anchieta e Diploma de Gratidão da
Cidade de São Paulo" – Câmara Municipal
de São Paulo;
1997 – "Prêmio Direitos Humanos"
Menção Honrosa – Presidente da
República do Brasil;
1997 – "Diploma de Personalidade de Destaque no Brasil na
área da Educação" –
10° Congresso Internacional do Conselho Internacional de
Educadores de Deficientes Visuais;
2000 – Medalha e diploma "Brailista José
Álvares de Azevedo", Conselho do Bem Estar dos Cegos, Rio de
janeiro;
2001 – "Homenagem Dia Internacional da Mulher",
Câmara Municipal de São Paulo.
Indicação da Vereadora Myryam Athie;
2001 – Recebeu do Ministro da Educação,
Senhor Paulo Renato Souza, o "Prêmio
Educação", em nome da
Fundação Porto Seguro.
Dorina de Gouvêa Nowill é casada com Edward Hubert
Alexander Nowill, mãe de 5 filhos e 12 netos, é
autora do livro "... e eu venci assim mesmo", uma autobiografia que
relata seus 50 anos de trabalho, publicado em 1996.