Cinema na Educação
Meninos não choram
Diferenças fatais
Quando a intolerância prevalece, o ódio vence e a tragédia se anuncia no horizonte. Prevalece a dor, o sentimento coletivo de derrota e o cheiro de morte se espalha pelo ar. Difícil ficar indiferente diante da incapacidade das pessoas em admitir que os outros são diferentes, que assumem posturas políticas, ideológicas, religiosas ou mesmo éticas que não condizem com nossos pensamentos. O pior é perceber que algumas dessas pessoas, extrapolam os limites estabelecidos pelo bom senso, pelas regras que regem o cotidiano e, mesmo, pelas leis criadas pelos homens (e as de Deus, idem) e partem para agressões físicas, para a violência destemperada e chegam, em alguns (muitos) casos a provocar a morte.
Quando as diferenças se estabelecem no campo da sexualidade os tabus parecem ainda maiores. Há uma grande dificuldade de compreensão quanto a escolhas homossexuais até mesmo por parte das pessoas de paz e de maior esclarecimento, no entanto, desses grupos não surgem menções agressivas ou ataques diretos a comunidade GLS (Gays, lésbicas e simpatizantes).
A história verídica que é apresentada no filme "Meninos não choram", justamente premiado com o Oscar de melhor atriz para a protagonista Hilary Swank, nos encaminha para uma atmosfera onde se verifica muito mais que a incompreensão e a violência, onde prevalece o preconceito explícito e a ignorância sem limites de agressores covardes e sem caráter.
Conviver com as diferenças que existem no mundo o tornam muito mais interessante e nos permitem crescer. Mesmo quando não entendemos (ou quando nos posicionamos de forma contrária) a diversidade que nos cerca, cabe a nós o respeito pela mesma; assim como o posicionamento em favor da preservação dos direitos e da voz de quem é a favor, de quem a defende.
A História
O ambiente é o mais desolador possível. Cidades do interior dos Estados Unidos, carregadas de preconceitos, casas mal conservadas, pessoas que vivem às custas de empregos mal-remunerados, uma juventude sem alternativas e que vive suas desilusões mergulhando nos descaminhos dos vícios (como o álcool ou as drogas) e a sexualidade como mais uma válvula de escape para esse tormento de existência.
Nesse ambiente cresce Teena Brandon (Hilary Swank, em atuação irrepreensível), uma garota homossexual que assume com firmeza suas opções e escolhas e que, dissimula a tal ponto suas origens femininas (com roupas e acessórios que a masculinizam), de forma a iludir a maior parte das pessoas com as quais convive, fazendo-se passar por homem.
Enquanto consegue dissimular sua condição homossexual, Teena garante-se entre os de sua comunidade, sem sofrer qualquer ataque a sua integridade física e moral. Chega mesmo a conquistar um amor (de uma jovem heterossexual), que se rende a sua capacidade de sedução e se entrega por completo sem desconfiar das dificuldades que poderiam advir dessa escolha.
O aprofundamento do romance motiva desconfianças e dessas, surge a constatação da grande farsa de Teena. Descoberta a fraude, despertam o preconceito e a violência, o caos e a desordem, a possibilidade de fuga e a inevitabilidade do fim, da morte.
Aos professores
1- Um dos temas transversais propostos nos PCNs versa sobre a diversidade cultural. Temas como a sexualidade, abordada no filme "Meninos não choram" fazem parte das discussões e estudos a se realizar na área. Utilizar o filme como um recurso para dinamizar as aulas do Ensino Médio pode ser uma boa pedida.
2- A maior incidência de casos de alunos com comportamentos homossexuais nas escolas tem imposto aos educadores a hérculea tarefa de compreender o fenômeno; apesar de tratar de uma outra realidade, filmes como "Meninos não choram" podem esclarecer questões como intolerância, diversidade e dissimulação.
3- A liberdade quanto aos posicionamentos ideológicos, políticos, religiosos e mesmo sexuais se encontra entre os direitos básicos da humanidade desde que os iluministas franceses criaram suas principais obras, ainda no século XVIII. Vale conferir a história e verificar como as diferenças tem sido tratadas ao longo do tempo!
4- Discussões sobre sexualidade em aulas de biologia e filosofia podem e devem atrelar a seus tópicos a questão da heterossexualidade e da homossexualidade para que a compreensão da diversidade seja maior entre as futuras gerações.
Ficha Técnica
Meninos não
choram
(Boys dont cry)
País/Ano
de produção:- EUA, 1999
Duração/Gênero:- 118
min., Drama
Disponível em vídeo e DVD
Direção de Kimberly Peirce
Roteiro de Andy Bienen e Kimberly Peirce
Elenco:- Hilary Swank, Chloe Sevigny,
Peter Sarsgaard, Brendan Sexton III,
Alison Folland, Alicia Goranson.
Links
http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=1188
http://www.adorocinema.com.br/filmes/meninos-nao-choram/meninos-nao-choram.asp