Planeta Educação

Cinema na Educação

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

O Mágico de Oz
Em busca da Fantasia

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De um livro de sucesso entre crianças e adolescentes surgiu o filme que é um dos maiores clássicos de todos os tempos. Talvez o autor do livro (L. Frank Baum) não tivesse idéia da fama que viria a ser angariada mundo afora por seu livro. Com certeza não imaginava que iria se tornar um filme. Mas, a partir de sua chegada, "O Mágico de Oz" conseguiu irradiar entre seu público um pouco de magia, encanto e bons fluídos.

Enquanto viajávamos pelas páginas do livro, imaginávamos como seriam os personagens, de Dorothy aos macacos voadores, do Leão Covarde as Bruxas, do Homem de Lata ao Mágico de Óz e do Espantalho ao cãozinho de estimação de Dorothy. Os ambientes também tinham que, necessariamente, serem criados em nossas cabeças, nos forçando a um grande e saboroso exercício mental. O desenvolvimento da trama, as seqüências de ação ou de emoção, todas elas dependiam, para ganhar vivacidade, da criatividade de cada leitor. Reside nessa atuação dos leitores o grande mérito da literatura.

O escritor cria toda uma história e, os leitores, correspondendo ao trabalho do autor, recriam em suas mentes o que estão lendo. Tive a oportunidade, quando criança/adolescente, entre meus 10-12 anos, de ler vários clássicos da literatura mundial. Entre eles estava "O Mágico de Oz". Nunca me esqueci da história e, voltei a me encontrar com ela quando surgiram os vídeos domésticos. O filme, produzido no final década de 1930, não era reprisado nos cinemas e, para poder vê-lo, somente com o advento do home vídeo na década de 1980.

Acho que como todo bom leitor, poderia emendar críticas em relação à produção da Metro. No entanto, do mesmo modo que a maioria das pessoas, acredito que a versão cinematográfica da história me agradou plenamente. Talvez algumas coisas pudessem ser alteradas, no entanto, nada que chegasse a atrapalhar o bom desenvolvimento do filme.

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A escolha da atriz principal, Judy Garland, me pareceu totalmente acertada, apesar dela já não ser mais uma menina, como se pedia para o papel de Dorothy. A cenografia, os figurinos, a música, a iluminação, os diálogos, tudo foi realizado dentro do que havia de mais moderno e avançado na indústria cinematográfica norte-americana daquele período. Hoje, os espectadores mais jovens podem criticar o resultado final, porém, não devem se esquecer da época em que foi concebido esse filme. Não estavam à disposição dos técnicos e produtores os mesmos recursos usados em superproduções contemporâneas (especialmente, os computadores e a arte gráfica).

Acho que, se hoje em dia se fosse feita uma nova versão do filme, ele perderia completamente seu charme e seu encanto. Tive uma outra chance de verificar a grandiosidade do filme e da história de L. Frank Baum ao trazer a fita de "O Mágico de Oz" para casa para que meus filhos pudessem assistir. Foi uma experiência gratificante. Ao longo de toda a apresentação, eles me perguntavam sobre os personagens, suas características, sobre a estrada dourada, a respeito de magia, dos sapatos mágicos obtidos por Dorothy e, principalmente, sobre os poderes do tão falado Mágico de Oz.

Se um filme, com aproximadamente 60 anos, ainda é capaz de despertar as crianças, fazer com que elas fiquem atentas e interessadas e que se sintam no mundo da fantasia e dos sonhos em que vivem anões, bruxas, fadas, animais que falam e mágicos poderosos, ele é realmente um grande filme.

Mas, como "O Mágico de Oz" se relaciona com a escola?

Vivemos num mundo onde a crueza do cotidiano nos rouba a possibilidade da fantasia e da imaginação. As crianças visualizam e vivem essas situações de violência na televisão todos os dias. Sentem que seus pais estão preocupados e, acabam ficando com medo de tudo o que os cerca.

Muitas vezes, vejo críticas aos filmes produzidos por Spielberg, por exemplo, por retratarem o universo infanto-juvenil de forma pueril, sem maldade, buscando uma pureza perdida em algum canto do universo. Produções como "E.T", "Os Goonies" ou "Hook - A Volta do Capitão Gancho", entre outras, sempre despertaram ciúmes de pessoas que não conseguem reviver esse espírito de criança. Como era saudável o tempo em que sentávamos com nossas crianças e podíamos lhes contar histórias, ler livros. O cinema, em grande parte tem suprido essa demanda de nossos filhos, felizmente, com inteligência e grandes histórias. "O Mágico de Óz" é uma dessas portas de entrada obrigatórias para pais e crianças nesse mundo da fantasia, onde a maldade, o ódio e a descrença na humanidade são deixadas para trás.

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Não se trata de esquecer ou de fechar os olhos para o que se passa no mundo em que vivemos. O que esperamos possa acontecer com as pessoas, principalmente, com as crianças, ao permitir que assistam filmes e desenhos como os citados (ou ainda "Shrek", "O Rei Leão", "A Era do Gelo", "Mulan",...) é que elas não se deixem levar por um sentimento de derrota, de amargura e de entrega. Que elas carreguem consigo a esperança, o poder de reação, a paz e o amor. Será que alguns filmes podem fazer tanto por nós? Se quisermos, está ao nosso alcance, basta nos esforçarmos para chegar lá.

Obs:. Professores, trabalhem o livro e depois, apresentem o filme. Aconselho que esse material seja utilizado nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Outra boa dica é utilizar o fantástico mundo dos personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo, de nosso genial Monteiro Lobato.

Ficha Técnica

O Mágico de Óz

País/Ano de produção:- EUA, 1939
Duração/Gênero:- 101 min., Musical
Disponível em vídeo e DVD
Direção de Victor Fleming
Elenco:- Judy Garland, Ray Bolger, Jack Haley, Bert Lahr, Frank Morgan,
Billie Burke, Margareth Hamilton, Charley Grapewin, Clara Blandick.

Links

-http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=1677
- http://thewizardofoz.warnerbros.com (site oficial)

Avaliação deste Artigo: 3 estrelas