Aprender com as Diferenças
Poesia: Senhor
Blind Joker
"Brincar, Sorrir e Sonhar, são coisas sérias!"
Luís Campos
Salvador - Bahia - Brasil
Prezados Leitores da “Revista Cego à Vista”
Recebi por e-mail uma mensagem do Luís Campos, explicando a história da criação da poesia “Senhor”.
Fiquei emocionada quando li a mensagem e a poesia. Compartilho com vocês e espero emocioná-los também.
Elisete Baruel
Mensagem Enviada de Luís Campos para Elisete Baruel
Olá, Elisete.
Esta poesia fiz em Goiânia, num quarto de hotel, após o médico haver dito que, para eu voltar a enxergar, só com a ajuda de Deus.
Era a quarta e última cirurgia a que havia me submetido.
Eu chorava bastante e escrevia. Estava sozinho. A amiga que me levava para almoçar, me acompanhava ao hospital e ficava toda à tarde comigo, já havia ido pra casa. Foi uma noite terrível!
Não sei como ela conseguiu ler o que eu escrevera, pois as lágrimas caíam sobre o papel enquanto eu escrevia.
Mas tudo passou, como tudo que é ruim na vida... E eu fui à luta!
No dia seguinte já estava dançando em plena Loja Americana com esta amiga, sem ligar para os clientes que nos olhavam divertidos!
Assim sou e serei sempre!
Beijão.
Luís
SENHOR!
Senhor!
Já não ando mais sozinho
vejo pedras em meu caminho
dependo da mão de alguém...
Não desejo pra ninguém
isto que aconteceu comigo
porém Cristo é meu amigo
vai me devolver a visão...
É NESTA ESCURIDÃO QUE VEJO
quem me ama realmente
seja irmão, amigo ou parente
que agora me dá a mão...
Mas a pior cegueira da terra
é daquele que no peito encerra
o ódio ao seu irmão!
Perdoa a eles, Senhor!
Eles não sabem o que fazem
e por mais que aos outros maltratem
o Senhor já os perdoou...
Continuo sorridente e feliz
pois a vida assim quis
provar a minha coragem...
Senhor!
Dê ao mundo muita paz
pois a humanidade jamais
saberá viver o amor!
Senhor!
Eu mereço tamanha provação
sou bom filho, bom pai, bom irmão
por que sofro este castigo
se de todos sou bom amigo
um honesto cidadão?
Senhor!
Teria eu provocado sua ira?
O Senhor dá e agora tira
faz-me falta minha vista...
Passo minha vida em revista
nada descobri para merecer esta dor tão cruel...
Senhor!
Mostra-me onde errei
pois jamais eu saberei
o motivo desta dor...
Senhor!
Perdão por meus desatinos
não mereço este destino
perdão... seja pelo que for!
Senhor!
A natureza é tão bela
como poderei viver sem ela?
Sem ver o azul do céu
sem ver o verde do mar
e da noite o doce véu?
Senhor!
Perdão pelo que não fiz
se hoje estou infeliz
amanhã rirei desta dor...
Senhor!
Se eu mereço isto
pelas chagas de Jesus Cristo
não me deixe perder seu amor...
Senhor...
Perdão, Senhor!
Luís Campos
13 de janeiro de 1990