A Semana - Opiniões
Estenda a mão, faça o bem
O mundo precisa de mais solidariedade
No último sábado, 12 de Agosto, o programa Ação, exibido pela TV Globo e apresentado por Serginho Grossman, destacou a ação de duas notáveis ONGs (Organizações Não-Governamentais):- A Odonto-Criança (http://www.odontocrianca.org.br), de São Paulo, e a Médicos Solidários (http://www.medicossolidarios.org.br), do Rio de Janeiro.
Através do depoimento de seus presidentes e da apresentação de imagens demonstrando a atuação de seus integrantes, ficamos sabendo de ações realizadas em função da solidariedade de dentistas e médicos que atendem crianças em regiões carentes das duas maiores e mais importantes cidades de nosso país.
A Odonto-Criança tem 400 profissionais da odontologia que se disponibilizam para ajudar as crianças brasileiras a ter um sorriso mais bonito e saudável. Esses dentistas não apenas prestam assistência em bairros e escolas das áreas periféricas das duas metrópoles, mas também se preocupam em orientar, de forma lúdica, as crianças e seus familiares no trabalho preventivo que evita as cáries e dores de dente.
O grupo dos Médicos Solidários por sua vez também faz um valioso e importante trabalho em prol da comunidade ao se prontificar a atender as pessoas que têm dificuldades em ter acesso aos serviços públicos da área de saúde. Os médicos que atuam nessa ONG realizam mais de mil consultas por ano e ainda auxiliam as pessoas mais carentes ao lhes dar a oportunidade de fazer exames gratuitos em clínicas com as quais tem parceria.
Nota-se através dessas iniciativas que é possível ajudar a melhorar o nosso país ao se estruturarem grupos que atuem de forma a prevenir e não apenas remediar situações. Para isso o essencial é disponibilizar apenas algumas horas de seu trabalho por mês para ir de encontro a algumas das mais prementes necessidades de boa parte do povo brasileiro.
Programas de saúde pública devem conter planejamento e verbas que se destinem
também ao atendimento odontológico das comunidades em que se inserem.
A ação solidária desses grupos tenta suprir a ausência do estado e a omissão das autoridades em relação as comunidades mais carentes de São Paulo e do Rio de Janeiro, que teriam enormes dificuldades para se deslocar em direção aos locais públicos onde esses serviços são oferecidos de forma regular.
Essa situação também deve servir de alerta para que cobremos dos governantes de todas as alçadas o investimento vital que garantiria as pessoas excluídas do sistema de saúde público os serviços aos quais têm direito. O estado não pode estar ausente e os tributos recolhidos fartamente pela ávida máquina pública brasileira tem que redundar, obrigatoriamente, na construção e recuperação de hospitais, postos de saúde e em programas estatais preventivos na área médica e odontológica.
Essas idéias e projetos tem que constar, por exemplo, do plano de governo dos candidatos que irão concorrer na atual eleição (e nas futuras também) e, mais do que isso, devem mobilizar os cidadãos a auferir se as proposições e promessas foram ou não realizadas e a cobrar dos governantes (e na justiça) as devidas providências em caso de não terem sido concretizadas...
Apesar dos evidentes compromissos que devem ser assumidos e cumpridos pelos governos em todas as instâncias (municipal, estadual e federal), não podemos prescindir da ação da sociedade civil em prol de um mundo melhor. A cobrança política é premente quanto aos direitos previstos na constituição, entretanto devemos também fazer a nossa parte e cumprir com os deveres previstos para todos nós, cidadãos brasileiros.
Chega de reclamar e acomodar-se em poltronas sendo que sempre há a possibilidade de estendermos a mão e, de alguma forma, atingirmos nossos semelhantes menos favorecidos. O exemplo dado por médicos e dentistas associados as ONGs mencionadas nesse artigo é apenas um, entre vários que, felizmente, têm surgido em todo o país.
A prevenção é o melhor caminho para a saúde pública
e para que isso aconteça é indispensável a associação
com a escola e o acesso a informação.
Temos instituições que estão se preocupando com a educação, o meio -ambiente, as crianças desamparadas, as pessoas com necessidades especiais, os idosos, os viciados, os aidéticos, a cultura, o esporte, as mulheres, a violência, o desenvolvimento econômico, a saúde e tantos outros importantes aspectos da vida em coletividade.
Há grupos que ganham enorme notoriedade e que contam com associados no mundo todo, como é o caso do Greenpeace (http://www.greenpeace.org.br) e da World Wildlife Foundation (http://www.wwf.org.br). Outras organizações possuem entre seus associados empresas importantes ou pessoas que tem grande projeção social e que, em vista disso, conseguem maior visibilidade através da mídia, como é o caso do Instituto Ayrton Senna (http://senna.globo.com/institutoayrtonsenna), do SOS Mata Atlântica (http://www.sosmatatlantica.org.br), dos Amigos da Escola (http://amigosdaescola.globo.com/noticias_detalhes_2.html) ou da Fundação Gol de Letra (http://www.goldeletra.org.br).
A maioria das ONGs precisa, no entanto, de mais e mais pessoas que se interessem em auxiliá-las de forma voluntária, oferecendo ajuda financeira ou, principalmente, disponibilizando seu tempo e formação em prol de pessoas que nada tem e que carecem de praticamente tudo o que podemos imaginar. A pobreza extrema que não permite a alimentação é a mesma que ceifa qualquer possibilidade de acesso a informação, a higiene, a habitação, ao transporte, a cultura ou ao lazer...
Mesmo os grande grupos ainda buscam adesões e simpatizantes que os auxiliem a desfraldar suas bandeiras em novos espaços. Levar uma causa adiante tem custos que não são apenas financeiros. As maiores dificuldades relacionam-se, em muitos casos, a falta de pessoas que se encarreguem de tarefas gerais, das mais simples as mais complexas...
O apoio de profissionais especializados também é sempre bem-vindo, especialmente quando a ONG atua numa área específica de atendimento a necessidades humanas como saúde, cultura ou educação. O apoio de pedagogos, psicólogos, médicos, dentistas e demais especialistas relacionados ao trabalho nessas áreas de atuação é, portanto, essencial...
Os professores também podem e devem ser voluntários
na luta contra o analfabetismo ou em favor da
inclusão digital de todos os cidadãos brasileiros.
Diga-se de passagem que essa mentalidade solidária deveria também ser trabalhada nas escolas. Conheço alguns projetos desenvolvidos por escolas como o Instituto de Educação Renascença, em Caçapava, no estado de São Paulo, coordenados pela orientadora educacional (Sheila) e pela psicóloga da escola (Paula), que mobilizam os alunos do ensino médio a conhecer os projetos sociais do município e a dedicar algumas horas ao convívio com essas pessoas.
Nesse trabalho, que conta com o apoio da direção e a participação dos professores daquela instituição, os estudantes organizam eventos na própria escola para recepcionar crianças, adolescentes e jovens com necessidades especiais ou idosos que vivem nos asilos locais. Outra prática regular são as visitas as instituições com a programação de eventos em parceria com os responsáveis por cada uma das instituições visitadas.
Pode parecer pouco, mas é significativo para as pessoas que precisam desse contato humano. Ao mesmo tempo a aprendizagem se efetiva entre os adolescentes no sentido de tornar os mesmos mais solidários e envolvidos com causas sociais. A sensibilização realizada a partir desses contatos promovidos pela escola leva alguns alunos a visitar e ajudar de forma espontânea nesses e outros projetos de ONGs do município ou do estado.
O sentimento geral é o de que não devemos educar apenas para a razão. Precisamos focar mais a questão dos sentimentos e dos sentidos. O aperfeiçoamento da escola passa necessariamente pela revisão da prática convencional que prevê apenas o desenvolvimento de nossas faculdades mentais a partir do contato com o conhecimento dos livros, da ciência ou das artes. Associe-se a uma ONG. Dedique tempo a quem precisa de seu apoio. Estenda a mão. O seu coração e o de tantas outras pessoas irá agradecer o seu gesto e a sua ação...
Obs. Se você quer conhecer mais sobre as ONGs que atuam no Brasil entre no site da Organização Brasileira de Organizações Não-Governamentais (http://www.abong.org.br).