Planeta Educação

A Semana - Opiniões

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Parceria fundamental: Escolas e Professores
É preciso melhorar os planejamentos e as relações de trabalho

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Devemos pensar em cada um dos movimentos que pretendemos efetivar
para que tenhamos mais êxitos que fracassos no trabalho em educação.

Pode até parecer um contra-senso o título escolhido para o primeiro Editorial do ano. Alguns internautas devem até estar pensando que a exposição exagerada aos raios solares durante as merecidas férias de final de ano queimou alguns de meus neurônios. Não, o título foi escolhido de forma consciente e tem uma estreita relação com o período que vivemos todos os anos a partir da segunda quinzena de janeiro, época em que fazemos nossos planejamentos e elaboramos nossas estratégias para o trabalho nas escolas.

Há, evidentemente, uma enorme preocupação por parte das escolas quanto aos novos projetos, materiais, perspectivas pedagógicas, recursos adicionais a serem utilizados em aulas, novos professores, instalações das escolas e alguns outros pormenores realmente importantes para o pleno e adequado desenvolvimento das aulas.

Percebe-se, no entanto, que muito pouco tem sido feito no sentido de auxiliar os professores na elaboração de seus planejamentos. Outro ponto falho nesse início de trabalho educacional pode ser percebido na forma pouco festiva e incentivadora que as escolas têm adotado ao recepcionar seu corpo docente no retorno das férias escolares.

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Diálogo é fundamental para estreitar as parcerias nas escolas. Somente
através da constante troca de idéias, práticas e sugestões pode-se
implementar o trabalho educacional. Para que isso se efetive os professores
têm que se sentir num ambiente que seja efetivamente democrático.

Quanto ao apoio a ser dado nos planejamentos surgem, a priori, alguns questionamentos e objeções. Há professores que irão afirmar com total certeza que não necessitam de nenhuma ajuda pois dominam perfeitamente a técnica e conhecem os trâmites para a produção de seus planos de ensino. Surgirão dúvidas quanto a quem deve ajudar os professores nessa tarefa. Outro questionamento básico se refere a como se prestará esse auxílio ou ainda de que forma qualquer orientação externa pode auxiliar os especialistas em determinados conteúdos e saberes.

Os professores que afirmam total independência quanto a um suporte em seus planejamentos são, provavelmente, aqueles que mais necessitam de apoio. Por que afirmo isso? Invariavelmente esses professores utilizam-se de práticas que reproduzem em seus planos de ensino já há algum tempo. Nesse sentido carecem de atualização e, através de contatos com outros professores, com coordenadores, orientadores ou mesmo com a direção, podem ter novas idéias para suas aulas e projetos ao longo do ano escolar.

Vivemos um outro tempo, onde há recursos ainda inexplorados ou pouco utilizados no ambiente educacional. A clientela que atendemos renovou-se a partir do contato com uma gama de novidades na área tecnológica que ampliou as possibilidades de informação e comunicação. Não podemos desprezar essas circunstâncias, são fatos consolidados que explicam porque os estudantes têm demonstrado tanta animosidade em relação à escola. Espera-se que o professor tome consciência dessa nova realidade e que participe ativamente da mesma para que a escola possa também vivenciar as mudanças e criar melhores perspectivas para todos que por ela passam.

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Cabe ao professor estudar e aperfeiçoar seus conhecimentos para que suas
aulas sejam cada vez melhores. Ao agir dessa forma os educadores não apenas
aumentam seus conhecimentos como também incentivam pelo exemplo seus
estudantes a se aplicar mais em seus próprios estudos.

Mas, voltando aos questionamentos anteriormente mencionados, quem deveria ou poderia ajudar os professores nos planejamentos? Inicialmente seria fundamental que o próprio educador se mostrasse consciente da necessidade de rever seus planos e projetos de trabalho. Nesse sentido caberia a ele pesquisar alternativas, buscar melhorias e pensar em projetos pedagógicos mais condizentes com o mundo em que vivemos.

Onde encontrar as respostas passaria a ser então um dilema a ser confrontado pelos professores. Reafirmo o que tenho dito já há algum tempo, ou seja, cabe aos educadores pesquisar em revistas especializadas em educação (Educação, Nova Escola, Ensino Superior, Pátio,...), publicações destinadas às disciplinas (National Geographic, revistas de história, materiais sobre literatura,...), sites educacionais e científicos (como o nosso Planeta Educação ou todos aqueles que indicamos em nossa coluna Dicas de Navegação) ou ainda através de referências culturais (como filmes, peças teatrais, obras de arte, música, dança,...).

Além de uma busca pessoal por novas informações e dados que possam auxiliar seu planejamento, o professor tem que contar com o apoio dos outros membros do corpo docente. A socialização de informações e a criação de um ambiente de interação constante entre todos os professores estimulam e contribuem para que ocorra o enriquecimento do trabalho coletivo.

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Somente o trabalho coletivo irá levar um time a vitória. Isso não se aplica
somente aos esportes mas a todas as áreas de atuação humana, entre as quais,
a educação. Todos os jogadores são importantes e contribuem para que o sucesso
seja o resultado de seus esforços. Nunca deixem alguém de lado ou para trás...

Isso não quer dizer que os professores não devam contar com os valiosos préstimos de orientadores, coordenadores e diretores. Pelo contrário, a eles cabe esclarecer a linha pedagógica dos trabalhos, orientar quanto a novas possibilidades didáticas, auxiliar em caso de dúvidas e dar suporte para novas idéias e projetos.

Temos que atuar com responsabilidade e profissionalismo na educação e isso implica, também, em admitir que não somos conhecedores de tudo aquilo que se refere à educação. Temos nossas limitações e o apoio dos demais colegas de trabalho é importantíssimo para que possamos aprender e melhorar o nosso desempenho enquanto professores. Essa humildade pode fazer muita diferença durante o ano escolar a nosso favor...

Quanto ao segundo tópico destacado no início do artigo, em que me refiro à forma pouco incentivadora e festiva de recepção dos professores pelas escolas, vale destacar que não imagino que esse retorno deva ser saudado com uma festa de arromba...

O que se espera é que as escolas dignifiquem essa volta para casa com boa vontade, respeito, disposição e simpatia. Li um livro nas férias chamado “O monge e o executivo” em que uma das principais idéias trabalhadas tinha estreita relação com essa necessidade. Não se trata, na verdade, de um conceito novo, pelo contrário, é tão velho quanto à própria cristandade.

Ensinava o monge da história relatada no livro que não entendemos com clareza o que significa o conceito de amar o próximo como a si mesmo ensinado por Jesus Cristo. As pessoas traduzem essa idéia literalmente e acham complicado torná-la parte de suas vidas por não conseguirem entender a sutileza contida nessa afirmação.

Basicamente o que Jesus queria transmitir era a necessidade de tratarmos os outros com decência, respeito e dignidade da forma como gostaríamos de ser tratados. Invariavelmente confundimos a afirmação por pensarmos na palavra amor como tradução do sentimento e não da ação respaldada por atitudes de compreensão, simpatia e cooperação entre os homens.

Conheço histórias e já vivenciei situações em que mantenedores, diretores, coordenadores, orientadores ou mesmo professores tratam colegas de trabalho com indiferença ou pouco caso não se permitindo nem ao menos cumprimentos, saudações ou atitudes cordiais. Em ambientes poluídos como esses é pouco provável que a produção e o trabalho sejam desenvolvidos de forma alegre e saudável. As pessoas carecem de atenção e querem ser tratadas com respeito, é o mínimo que se exige.

É claro que um bom café da manhã para recepcionar os professores ou um almoço coletivo em que as pessoas consigam conversar e estreitar suas relações também ajuda, mas muito mais importante é demonstrar real preocupação, atenção e carinho para com aqueles com os quais trabalhamos. Nesse sentido várias escolas têm que melhorar (e muito) a parceria que precisam criar com seus professores e funcionários, caso contrário jamais se efetivará uma parceria autêntica e verdadeira...

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