Planeta Educação

A Semana - Opiniões

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Promessas e pedidos para um ano melhor
A escola dos nossos sonhos para o ano que vem

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É hora de escrever...


Se propuséssemos aos nossos alunos e também aos professores que produzissem uma redação de final de ano em que pensassem as melhorias desejadas para a educação no Brasil no próximo ano que respostas teríamos? E se ampliássemos a discussão e colocássemos os pais e a comunidade em geral que falasse abertamente a respeito daquilo que esperam da escola, a que conclusões chegaríamos?

Infelizmente não pude fazer esse questionamento de forma aberta, para contabilizar dados que viessem a compor uma pesquisa de caráter acadêmico. Utilizo essas linhas para apenas algumas divagações que misturam opiniões de alunos, professores, pais e até mesmo de especialistas em educação. Crio uma peça de ficção em que dou voz a essas pessoas, materializando através dessas palavras as suas esperanças, expectativas, sonhos, ilusões e utopias...

Os Pais

Enquanto pais de alunos sonhamos com uma escola que prepare, efetivamente, nossos filhos para o futuro. Quando abrimos um pouco mais os nossos olhos percebemos que não é só para o amanhã que queremos uma educação mais pródiga e eficiente para nossas proles. A escola tem que formar as crianças e adolescentes também para o dia de hoje...

Vivemos iludidos pela espera de dias melhores apenas num amanhã que nunca chega. Somos filhos do sonho do Brasil desenvolvido e justo que se tornará potência e referência mundial desde que nascemos. Cansamos de esperar e passamos, enquanto cidadãos, na eminência da realização desse sonho a cada nova manhã, em cada novo nascer do sol. Para isso pensamos que as mudanças devem ser propostas e realizadas desde a infância, a partir de um trabalho em que nossas famílias e a escola possam construir conceitos sólidos de dignidade, cidadania e ética...

Nossos filhos precisam de matemática, português, história, ciências, inglês ou geografia tanto quanto de civilidade, vontade de viver, respeito pelo próximo, saúde física e mental, amor a arte e ao conhecimento, capacidade criativa e disposição para transformar o mundo num lugar muito melhor para se viver...

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Há pedras no caminho? O que fazer?

A comunidade

Há tanta violência e desolação entre nós que já desacreditamos a escola e os seus meios e caminhos, pelo menos dentro daquilo que tem sido feito até o presente momento. Temos fé e esperança de que mudanças aconteçam a curto prazo e permitam que essa nossa descrença seja superada.

Casos de corrupção endêmica, desvio sistemático de verbas públicas, depredação de patrimônio público, evasão escolar, inexistência de vagas nas escolas, métodos pedagógicos ultrapassados, falta de motivação dos professores, carência de recursos materiais nas escolas ou ainda a má qualidade das aulas referendam esse nosso descrédito e tornam as possibilidades de um eventual milagre de final de ano pouco propícias.

O que esperamos?

Honestidade por parte das autoridades públicas; renovação das propostas de trabalho em educação; melhores condições de trabalho para os professores; escolas equipadas e preparadas para dar aos nossos filhos uma educação de qualidade; segurança nas escolas; professores com disposição e encantamento pela profissão...

Como chegaremos lá?

Pela cobrança de nossos direitos; pela averiguação do trabalho dos políticos; por uma participação mais direta da comunidade na escola; pela averiguação dos investimentos feitos em nossas cidades; pela união em torno de um objetivo comum de melhoria geral das condições de vida do povo brasileiro...

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Vergonha? Erros? É possível superar tudo isso...

Os Professores

Estamos chegando à idade da razão. Percebemos que não adianta reclamar melhores salários e condições gerais de trabalho se não melhorarmos significativamente a qualidade de nosso trabalho em sala de aula. Não se trata de utilizar esse espaço para uma “Mea Culpa” coletiva, admitindo falhas e erros cometidos em nosso trabalho.

Sabemos que somos responsáveis por uma das mais importantes atividades humanas, a de formar as atuais e futuras gerações de um povo, de uma nação. Estamos conscientes da necessidade de aperfeiçoar o nosso trabalho. Reconhecemos que temos que atualizar nossos conhecimentos e contextualizar nossas práticas.

Percebemos o quanto é importante tratar com dignidade e respeito os nossos estudantes. Aprendemos que não adianta ensinar conceitos e não vivenciar essas idéias. Agir com coerência, transformando nossos discursos em práticas e ações cotidianas podemos ajudar, e muito, a melhorar a educação em nosso país.

Entretanto erguemos nossas vozes em favor de um esforço nacional em prol da educação. Não somos os únicos responsáveis pelos problemas e desmazelos assim como não somos exclusivos donos das vitórias obtidas nas salas de aula. Precisamos de vontade política, disposição da comunidade, empenho dos alunos, investimentos privados e públicos a nos acompanhar nessas necessárias transformações na educação.

Queremos uma escola melhor. Sabemos que uma educação de qualidade superior ajuda o país a superar as desigualdades, as injustiças, a corrupção, o desemprego, a fome e tantos outros graves e sérios problemas nacionais. Por isso, mais uma vez nos posicionamos por mudanças e nos propomos a ajudar a implementá-las com todas as nossas forças...

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Felicidade é o que esperamos para o próximo ano...

Os estudantes

A escola tem sido uma grande chateação nos últimos anos. Na verdade a maior parte de nós freqüenta as aulas por obrigação e imposição das famílias e da sociedade. Nossas aulas são monótonas, as explicações são demasiadamente longas, não há conexão entre o que vemos nos livros e aquilo que vivemos nas ruas...

Há professores que se acomodaram e, ano após ano, continuam a repetir as mesmas idéias, a usar surradas anotações. Somos muitas vezes indisciplinados por estarmos acorrentados a carteiras e submetidos a aulas expositivas e teóricas que aos poucos vão nos cansando e nos levando a autênticas explosões que causam problemas aos professores. Sabemos que temos que melhorar...

Pedimos, porém, que os professores renovem suas práticas e métodos de trabalho; gostaríamos de ser tratados com respeito e consideração; críticas podem ser bem aceitas, mas não podem faltar os elogios pelos bons trabalhos; novos equipamentos e materiais devem ser trazidos para as escolas; que tal incorporar cultura e arte a educação de forma mais efetiva, constante e atraente; acreditamos que aquilo que aprendemos deve nos ajudar em nossas vidas cotidianas...

Sabemos que de nossa educação depende o nosso futuro; apesar de nossa imaturidade, queremos contribuir para uma escola de qualidade e pensamos que somente assim chegaremos a uma vida muito melhor para nós e para todos...

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