A Semana - Opiniões
Grito de Alerta
A Terra está definhando, temos que fazer alguma coisa...
Nos últimos dias, meses e também anos temos vivenciado uma autêntica montanha-russa de alterações climáticas. Invernos mais quentes do que deveriam ser, chuvas em demasia, estiagens prolongadas, verões antecipados, quedas bruscas de temperatura, furacões e tornados em grande quantidade e até mesmo maremotos tem provocado a ruína de agricultores, a destruição de cidades e a morte de milhares de pessoas.
O planeta Terra está gritando alto. Os especialistas sabem disso e acompanham com atenção as grandes e pequenas alterações que acontecem ao redor do planeta em busca de novas informações que possam ajudá-los a compreender melhor os problemas e levá-los a soluções.
A tecnologia tem sido utilizada com o intuito de detectar as dificuldades ou mesmo sanar alguns desses infortúnios. Novos equipamentos são criados nos laboratórios de todo o mundo. A coleta de dados aprofunda-se e quanto mais ficamos sabendo mais tomamos consciência de que a resposta para os problemas não depende de soluções mirabolantes ou de máquinas maravilhosas.
O melhor e mais eficaz caminho passa necessariamente pela racionalização do uso dos recursos naturais. Tudo depende basicamente da ação dos seres humanos, de sua capacidade de gerir o mundo que está ao seu redor, de evitar as perdas e desperdícios.
Árvores que demoraram anos ou mesmo décadas para crescer jazem no meio da
floresta, prestes a serem embarcadas e processadas. Quanto tempo
demoraremos
para ter essa riqueza novamente?
Reciclar virou palavra-chave nesse difícil quebra-cabeça da preservação ambiental. Poupar também é pedra de toque para a sobrevivência da Terra e da própria humanidade. Recuperar áreas devastadas ou impedir o avanço das queimadas e das motos-serra sobre as florestas é de vital importância. Em termos gerais isso tudo significa que temos que ir com menos sede ao pote, pois a fonte está secando e podemos todos morrer de inanição.
Quando vemos o Amazonas, o rio de maior volume de água do mundo passar por gravíssima estiagem, com os peixes morrendo na secura dos leitos dos rios que compõem a bacia hidrográfica do norte do Brasil e os pescadores pegando o seu ganha pão com as próprias mãos temos que ficar muito mais preocupados e reorientar as nossas ações.
Dizem os chineses que a morte de uma simples borboleta afeta de algum modo os rumos da vida em nosso planeta. O que dizer então da predatória forma de exploração dos recursos empreendida pelos homens ao longo dos últimos 300 anos com o advento do sistema industrial de produção e seus afins surgidos posteriormente?
Quantas árvores são necessárias para a produção de papel? O que é jogado fora nesse processo? De que modo podemos reaproveitar o papel ou a madeira proveniente de objetos e produtos que irão ser jogados no lixo? Quais são os procedimentos mais eficazes para acelerar e reiterar o plantio de árvores?
Quanto custa a recuperação de rios poluídos? Em que países esse trabalho já foi realizado com sucesso? A despoluição não acontece pelos custos ou pela falta de vontade política? O que estaremos legando as novas gerações se queimarmos nossas florestas ou continuarmos a poluir os rios?
Rios que carregam em sua superfície a espuma branca que tira todo o
oxigênio
da água e sufoca os peixes. Até quando teremos água potável?
Será que os peixes sobreviverão aos estragos cometidos pela humanidade?
Que espécies naturais já desapareceram e serão conhecidas apenas a partir de fotos e livros? Quais são os animais ameaçados de extinção no presente momento e o que está sendo feito em favor desses bichos? O que estamos deixando de saber quando promovemos o sumiço de espécies vegetais ou animais? Os lucros imediatos obtidos através dessas ações causarão que prejuízos para o futuro da humanidade?
Perguntas, perguntas e mais perguntas se acumulam e parecem ter respostas que não satisfazem completamente por não deter a destruição. Todos os remédios tomados até o presente são suaves e doces demais para realmente significar a solução dos problemas do planeta.
O avô de minha esposa costumava dizer a ela que somente remédios amargos conseguem resolver realmente as doenças, sejam elas simples ou complexas. Reitero esse pensamento sábio e reafirmo a necessidade de políticas públicas mais severas e rigorosas no combate ao desperdício, à poluição, ao desmatamento, ao apresamento de animais silvestres, as queimadas ou a emissão de poluentes na atmosfera.
Temos que cobrar, fiscalizar e punir as pessoas, empresas e governos que estejam destruindo o meio-ambiente. Devemos ensinar as novas gerações o valor e a importância da natureza e o compromisso que temos que ter quanto a sua preservação. É fundamental que deixemos de fazer apenas discursos e aprovar leis que pouco representam na prática para a defesa da natureza.
Seria aconselhável, por exemplo, que nas escolas existisse desde as primeiras séries do Ensino Fundamental, quem sabe até mesmo antes disso, ainda na Educação Infantil, um espaço exclusivo para se ensinar respeito, dedicação, apreço e até mesmo amor pela natureza. O que é, para que serve, quais são as variedades e espécies, o que podemos fazer para preservar e tantas outras questões teriam que ser parte do currículo escolar desde a mais tenra idade.
O que fazer com o lixo? Será que poderemos aperfeiçoar as técnicas
de
reciclagem?
Como implementar a reutilização do material orgânico?
De que forma incentivar
os municípios a adotar projetos de
reaproveitamento
de resíduos como vidros, papel ou plástico?
Somente dessa forma seríamos capazes de inculcar em nossas crianças e jovens as lições necessárias de preservação do meio ambiente. Lições que ainda não aprendemos bem e em relação às quais temos que fazer constantemente as lições de casa.
Apagar as luzes em ambientes em que não há ninguém, não deixar eletrodomésticos ligados sem necessidade, consertar os vazamentos das torneiras de nossas casas, separar o lixo reaproveitável para as usinas de reciclagem, usar com mais freqüência à luz solar ao invés da luz elétrica, jogar o lixo na lata de lixo, desligar as torneiras enquanto se ensaboa o corpo ou escova os dentes e tantas outras medidas de racionalização relativas aos hábitos do cotidiano são os deveres de todo e qualquer cidadão que tiver um mínimo de consciência.
As crianças aprendem a partir de nossos exemplos. Se quisermos que elas efetivamente participem dessa luta pela preservação do planeta temos que mostrar que estamos engajados e agindo de forma efetiva nesse sentido.
Não adianta mais pronunciar belos discursos. O tempo lá fora não para e a destruição segue seu ritmo cada vez mais voraz a consumir as entranhas da terra, a pureza dos rios, a fertilidade dos solos, a vida das espécies vegetais e a existência de inúmeros animais.
Se não pararmos as máquinas que devastam, o desperdício que inutiliza, as ações que consomem desmesuradamente e a violência que agride o ambiente... Corremos o sério risco de sermos os próximos na lista de animais em extinção...