Cinema na Educação
FormiguinhaZ
O coletivo e o individual
Trabalhar em equipe é uma necessidade. Ninguém parece ter dúvidas quanto a isso, mas a execução de qualquer realização, contando com o apoio de todos os envolvidos num projeto, depende de uma série de fatores, nem sempre levados em consideração pelos participantes. Sabe-se porém que quando todos concordam com as decisões aprovadas pela maioria, se unem em torno de um mesmo objetivo e realizam o trabalho em equipe, apesar das eventuais divergências internas, a tendência é que os resultados sejam os melhores possíveis...
As animações produzidas pelo cinema nos últimos anos têm sido tão ricas em idéias que até mesmo um tema interessante e importante para os homens e suas instituições acaba sendo abordado em filmes como “FormiguinhaZ”, dos diretores Eric Darnell e Tim Johnson. É isso mesmo, a história de uma pequena formiga operária de nome Z, cheia de traumas e problemas pessoais, coloca em discussão uma série de temas, entre os quais a necessidade de se trabalhar em grupo.
Como havia mencionado anteriormente, o que podemos perceber no decorrer desse desenho animado da Dreamworks é que, por exemplo, as decisões tomadas de forma unilateral pelos comandantes, sem a necessária reflexão e o diálogo com os colaboradores (soldados e operários no que se refere ao desenho) pode ser catastrófica para qualquer projeto em andamento.
Da mesma forma, quando cada uma das pessoas envolvidas no trabalho resolve agir da maneira que considera mais adequada ou acertada, renunciando ao que havia sido acertado em reuniões e planejamentos, a evidente desunião causa transtornos que podem ser gravíssimos e até mesmo mortais para o empreendimento em questão.
Também é primordial para o grupo que todas as pessoas se sintam ouvidas e que percebam sua importância no grupo. Há muitas idéias que são sepultadas sem que nem ao menos tenham vindo ao mundo pelo simples fato de que as pessoas não sentem segurança suficiente em seu ambiente de trabalho para apresentá-las. Fazer parte do grupo significa participar integralmente, falando suas idéias e também ouvindo a dos outros, opinando com o grupo ou mostrando sua contrariedade.
Ao final, no entanto, a partir das decisões coletivas, todos devem agir em uníssono a favor das realizações preconizadas. Mesmo aqueles que tiveram outras idéias e que durante o planejamento e organização do projeto não tinham como opção os caminhos escolhidos pela maioria devem ser adeptos fiéis e leais aos caminhos propostos. Isso não significa, é claro, que devemos abrir mão de nossa individualidade e de nossos sonhos, o ideal é que consigamos demonstrá-los ao longo do trabalho ao incorporar inovações e mudanças necessárias sempre que acharmos possível e discutirmos com o grupo.
Não temos que ser operários ou soldados para sempre. Podemos repensar nossas práticas e modificar o que acontece ao nosso redor, pelo menos não devemos pensar que bater continência sempre ou apertar parafusos continuamente são as únicas opções que estão ao nosso alcance. Até mesmo isso pode ser aprendido em “FormiguinhaZ”...
O Filme
Z é o filho do meio de uma família de milhares de formigas e, por esse motivo, se sente insignificante e pouco disposto para a vida que leva. Como todas as formiguinhas quando ainda são recém-nascidas, ele foi escolhido para a realização de um trabalho específico, como operário, cavando buracos que servem para a comunidade se locomover debaixo da terra ou ainda para guardar seu alimento.
Inconformado com isso, Z vive uma vida de infelicidade e tem o acompanhamento de um terapeuta. Sua existência começa a mudar quando ele encontra, por acaso, com a princesa Bala num de seus momentos de folga e dança com ela. A perspectiva de reencontrar a jovem aspirante ao trono faz com que ele troque de lugar com um amigo para participar de uma apresentação dos soldados as autoridades do formigueiro.
O que ele não desconfia é que o general Mandíbula pretende assumir o trono e acabar com os espécimes inferiores do formigueiro. Para isso, declarou guerra contra os cupins, ocasião em que pretende exterminar os eventuais opositores ao seu plano de controlar ditatorialmente a colônia de formigas.
Para se opor a força do general Mandíbula, Z irá se posicionar como um personagem cheio de idéias e de sonhos que o levarão a conhecer novas realidades e levantar as formigas da colônia contra a opressão dos líderes militares.
Nesse embate entre força e inteligência tendemos a pensar que a brutalidade pode triunfar, “FormiguinhaZ” coloca o trem de volta nos trilhos e demonstra, com graça e leveza, que as maiores realizações dependem, essencialmente, da nossa capacidade de articulação, diálogo, reflexão, decência e criatividade...
Aos Professores
1- Não somos iguais e o respeito às individualidades deve ser uma das principais metas a se atingir no mundo em que vivemos. Isso não se refere somente a tolerância racial, sexual ou religiosa. Também devemos pensar nesse princípio no que se refere às inteligências. Temos desprezado continuamente as variadas habilidades e competências de nossos alunos. Pensamos que apenas os conhecimentos lingüísticos ou matemáticos são representativos. Temos que reconhecer que outras formas de inteligência como a espacial, a musical, a cinestésica, a interpessoal, a intrapessoal, a pictórica ou a natural também devem ser valorizadas.
2- Uma das principais lições de “FormiguinhaZ” nos diz que devemos aprender a pensar por conta própria. Ter iniciativa é, como bem sabemos, uma das maiores exigências da sociedade e, também, do mercado de trabalho. E o que fazemos em relação a isso nas escolas? Quase nada. A não ser em casos isolados, os professores atuam no sentido da perda da individualidade e da iniciativa. Tudo tem que ser tão uniforme no contexto escolar que as crianças só se fazem perceber como indivíduos quando se revoltam contra as exigências que castram suas particularidades. O que fazer? Que tal começar a se preocupar em identificar cada aluno que está em sua sala de aula e perceber suas características ao invés de enxergá-lo apenas como um número ou uma estatística educacional? Isso é somente o começo de uma importante mudança de atitude por parte dos professores...
3- Valorizar a auto-estima dos estudantes, promover suas ações, deixar de criticar demais e de estereotipar os alunos, promover o diálogo e realizar práticas em aula que sejam mais estimulantes e envolventes são os caminhos a se seguir num segundo momento. O aluno que se percebe acolhido e que entende que suas realizações são necessárias e reconhecidas tende a produzir muito mais e a se interessar pela escola. A tendência de êxito torna-se muito mais premente...
4- Trabalhar em grupo, uma das importantes mensagens do filme “FormiguinhaZ”, também faz parte das transformações que permitem aos estudantes se relacionar melhor na escola e também com o mundo em que vivem. É necessário que os professores não se esqueçam que esses trabalhos ou projetos têm que ser muito bem planejados, devem estar de acordo com os planos de aula e conteúdos estudados e que também tem que estimular a inteligência e a vontade de realizar dos alunos. Use recursos variados, peça entrevistas, promova visitas a locais públicos, indique a utilização de filmes, dê sugestões de leituras,... Essas ações facilitam o trabalho e dão aos alunos o suporte indispensável que só os mestres, com sua experiência, poderiam conceder. São estímulos importantes!
Ficha Técnica
FormiguinhaZ
(AntZ)
País/Ano de produção: EUA, 1998
Duração/Gênero: 82 min., Animação
Direção de Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro de Todd Alcott, Chris Weitz e Paul Weitz
Elenco (Vozes): Woody Allen, Sharon Stone, Gene Hackman,
Jennifer Lopez, Danny Glover, Sylvester Stallone, Christopher Walken,
Anne Bancroft, Dan Akroyd e Paul Mazursky.
Links
http://www.adorocinema.com.br/filmes/formiguinhaz/formiguinhaz.asp
http://parceiros.cineclick.com.br/cinemateca/ficha_filme.php?id_cine=2084
http://www.cinemaemcena.com.br/Critica_Detalhe.aspx?id_critica=180&id_tipo_critica=1